O Congresso da American Academy of Dermatology trouxe, em 2024, um assunto que serve de alerta nos cuidados com a pele: as células-zumbis. “Com o passar dos anos, sofremos um processo chamado senescência, quando as células perdem a capacidade de se dividir, ficam danificadas e se acumulam. Na pele, esse fenômeno celular também provoca danos, pois levam a formação de um fenótipo secretor associado a senescência, chamado SASP, que produz ativamente substâncias químicas que promovem inflamação e danificam as células vizinhas. Por esse motivo, elas têm sido objeto de muitos estudos recentes, que a classificaram como células senescentes, ou células-zumbis. A pele é altamente sensível ao acúmulo desse tipo de células, por conta da inflamação originada por fatores extrínsecos, como fatores ambientais, estilo de vida, privação do sono e alimentação e fatores intrínseco relacionados ao próprio desgaste natural do organismo juntamente com a sua genética que danifica o tecido cutâneo, favorece o desenvolvimento de determinadas patologias e acelera o envelhecimento”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos. Na pele, essas células estão ligadas também ao processo inflamatório crônico de baixo grau, conhecido como Inflammaging, e que pode favorecer o aparecimento de rugas e manchas.
Recentemente, estratégias para gerenciar o processo de envelhecimento inibindo a formação ou até mesmo a eliminação das células senescentes têm atraído cada vez mais atenção. “Dentre os planos sugeridos para esse gerenciamento está a inibição da via mTOR (mammalian target of rapamycin), uma enzima que regula a sinalização inflamatória gerada pelo SASP e a utilização de agentes senolíticos (elimina as células senescentes); e uso de senomórficos (limitam os efeitos ruins das células senescentes)”, completa Patrícia.
Nível molecular
Patrícia explica que, como essas mudanças ocorrem em nível molecular, ou seja, nas células, é necessário estar atento aos sinais que nossa pele expressa, e certas atitudes simples já nos demonstram como a saúde da pele está comprometida e em estado de senescência acelerado, conforme citado em diferentes aulas do meeting americano: olhar-se no espelho, já que a pele reflete nossa saúde física e mental, um verdadeiro envelope de sentimentos e reações químicas que transmitem saudabilidade e patologias, é a primeira linha de defesa do organismo e pode dizer muito sobre nosso estado de saúde; controle das emoções, com equilíbrio do estresse, uma dieta saudável, com restrição calórica e uso de suplementos para um bom funcionamento do sistema imunológico.
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Ações simples e estratégias moleculares com nutracêuticos eficientes foram destaques dentro do congresso. “Uma rota molecular que foi destaque é a via do mTOR, sobretudo a mTORC1, uma proteína que controla determinadas respostas do nosso metabolismo frente às condições de estresse cotidiano. Inibir essa via com rapamicina, um fármaco imunossupressor, foi o ponto de destaque”, diz a farmacêutica.
Mas é possível atuar sem recorrer ao fármaco? “A restrição calórica, segundo os cientistas é uma estratégia eficiente, mas que pode não ser simples para muitas pessoas e nesse sentido temos uma forma de inibir a rota do mTOR por meio da da enzima AMPK (Proteína Quinase Ativada por Monofosfato de Adenosina) com o uso de slim green coffee, uma biomassa do café verde rica em bioativos e fibras que são capazes de aumentar AMPK e inibir a via do mTOR. Glycoxil®, uma carcinina metabólito da carnosina, poderá ser utilizado na associação, já que no envelhecimento precisamos também pensar em eliminar as ‘zombie cells’”, destaca Patrícia.
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No tratamento tópico, a farmacêutica indica scutaline, um ativo biobotânico extraído da raiz da Scutellaria baicalensis, padronizado em dois polifenóis Wogonin e Baicaleina que limitam a inflamação crônica e retardam o surgimento das células senescentes (zombie cells). “O ativo protege a pele contra a degradação da matriz extracelular, principalmente colágeno, e consequente aparecimento de rugas e manchas”.