Minas Gerais teve um aumento de 34% de casos confirmados de dengue no período entre 20 e 26 de fevereiro. Em uma semana,o número subiu de 80.589 para 108.027. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o estado registrou ainda 311.063 casos prováveis, uma alta de 32,7% comparada à semana anterior, de 234.354. Até o momento, há 35 mortes confirmadas pela doença no estado e 176 estão em investigação.


Nesse cenário de epidemia, a situação se agrava para os pacientes oncológicos, os quais, de acordo a oncologista clínica Daiana Ferraz, têm uma predisposição para desenvolver alterações hematológicas, entre elas plaquetopenia - diminuição do número de plaquetas no sangue - anemia ou neutropenia (contagem anormalmente baixa de um tipo de glóbulos brancos). “A dengue, naturalmente, já provoca a queda do número de plaquetas em pessoas saudáveis. Em pacientes com câncer que se submetem a certos tipos de quimioterapia que causam plaquetopenia, a atenção deve ser redobrada, pois o indivíduo já vem de um processo de comprometimento da imunidade, ficando assim mais suscetível às complicações da infecção pelos Aedes aegypti”, pontua.




Ainda de acordo com a especialista, caso o paciente desenvolva sinais e sintomas da dengue, é importante que ele realize um hemograma e durante o atendimento deve ser classificado conforme alguns critérios. “A partir dos tipos de sintomas e das alterações no hemograma, o médico irá determinar se ele pode fazer o tratamento em sua residência, com hidratação oral, ou se será necessário a internação para hidratação venosa”, completa acrescentando que a recuperação em ambiente hospitalar também pode ser necessária para monitorar a evolução da plaquetopenia.


Daiana pontua ser de extrema importância que o infectologista/clínico geral que estiver fazendo o atendimento ao paciente oncológico com dengue estabeleça um contato imediato com o oncologista responsável pelo tratamento neoplásico. “Ele [o oncologista] irá fornecer informações valiosas, entre elas o tipo de tratamento que o paciente está fazendo, se a terapia a qual se submete aumenta as chances de plaquetopenia ou se já tem alguma alteração/comorbidade prévia. Assim em conjunto com o oncologista assistente, é que será possível fazer um plano terapêutico mais adequado”.


Nesse atual cenário de crescimento de outras infecções virais, entre elas a COVID-19, Ferraz alerta, ainda, para o diagnóstico correto e assertivo de qualquer intercorrência no paciente oncológico. “É preciso ter certeza do quadro. Em casos de dengue, por exemplo, deve-se realizar o teste Rápido IgG e IgM e antígeno NS1. Este último refere-se a uma proteína do vírus presente em altas concentrações no sangue de pessoas com a doença, desde o início da infecção, podendo ser detectadas a partir dos cinco primeiros dias de sintomas”, explica.

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Quanto à vacina, recém-chegada às unidades de saúde, a oncologista destaca que ela é contraindicada para pessoas com qualquer tipo de imunossupressão, caso dos pacientes oncológicos com doença ativa, em tratamento de quimioterapia ou radioterapia. Isso porque o imunizante contém o vírus vivo atenuado. “O melhor a se fazer, neste momento, é evitar a contaminação com medidas de prevenção: não deixar água parada em vasos de planta, pneus ou garrafas no quintal e na piscina, por exemplo; e usar repelente. Alguns tipos são comprovadamente eficazes contra o mosquito, geralmente compostos por ao menos 20% de icaridina”.

 

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