No verão, muitas pessoas aproveitam para adquirir um bronzeado, que nada mais é que uma resposta fisiológica natural ao estímulo solar para proteger a pele da radiação ultravioleta e do calor, segundo a dermatologista Claudia Marçal, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD). Mas a especialista alerta para a exposição solar sem fotoproteção - a qual não recomendada, pois favorece o envelhecimento precoce e surgimento de manchas e câncer de pele.

“Portanto, um bronzeado inteligente e seguro deve ser realizado de forma progressiva nos horários recomendados, antes das 10h e depois das 16h, e sempre com o uso de filtro solar, que deve ter FPS 30, no mínimo. Além disso, é interessante utilizar nutracêuticos como polipodium leucotomus, picnogenol, astaxantina, luteína, licopeno, selênio, vitamina E e C, silício orgânico exsynutriment e nicotinamida, por exemplo, para proteger, reparar, hidratar e evitar a formação de espécies reativas que causam o envelhecimento, com formação de rugas, flacidez, manchas e vasos”, aconselha Claudia. Mas, com o fim do verão, aqueles que gostam de um bronzeado se perguntam: como fazer para prolongar o bronzeado para além da estação mais quente do ano? Nessa busca, as pessoas adotam as mais diferentes estratégias, algumas, inclusive, que podem colocar a saúde em risco. Então, o que pode ou não pode ser utilizado para se bronzear de maneira segura? 

Óleo bronzeador

O uso de óleo bronzeador é desaconselhável, tanto no rosto quanto no corpo. “O óleo bronzeador é um produto cosmético que aumenta a produção de melanina na pele, tanto multiplicando os efeitos dos raios nocivos à pele para aumentar a resposta dos melanócitos, quanto gerando uma ‘irritação’ extra dos melanócitos para que produzam mais melanina ao estímulo solar. Por isso, seu uso está associado a inúmeros riscos, incluindo queimaduras solares, envelhecimento acelerado e aumento das chances de câncer de pele”, explica Danilo S. Talarico, médico pós-graduado em Dermatologia Clínico-Cirúrgica e professor nos cursos de Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética. E o médico reforça que não há maneira segura de usar o bronzeador, nem combinando com o uso de protetor solar. “Usar o bronzeador junto com protetor solar não aumenta a segurança. E essa combinação pode ser até perigosa, pois pode levar as pessoas a ficarem expostas ao sol por mais tempo ainda com a falsa ilusão de estarem protegidas dos malefícios da radiação solar”, alerta.



Cabines de bronzeamento

As câmaras de bronzeamento, além de terem seu uso proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, também não são, de forma alguma, recomendadas, pois são altamente nocivas à saúde devido aos altos índices de radiação ultravioleta que emitem, podendo inclusive favorecer o aparecimento do câncer de pele.

Pílulas

Tendência no TikTok, as chamadas pílulas de bronzeamento contam com substância chamadas de carotenoides, que aumentam a quantidade de caroteno, um dos pigmentos responsáveis por proporcionar coloração na nossa pele. “O caroteno deixa a pele amarelo-alaranjada e pode aumentar conforme ingerimos carotenoides. Mas ele não é o responsável pela coloração escura que surge quando ficamos bronzeados. Esse papel é da melanina. Sabendo disso, não faz sentido suplementar carotenoides. O resultado dessa suplementação é um risco de deixar a pele laranja”, explica a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Exemplos de carotenoides encontrados em suplementos são o licopeno e a astaxantina.

“Quando consumidos em excesso ou em conjunto, esses ingredientes podem deixar a pele com uma tonalidade leve ou dramática. Eles acumulam-se na gordura abaixo da pele, nas camadas de gordura e onde a gordura é mais abundante, apenas para lhe dar uma cor que pode variar do bronze ao alaranjado e ao arroxeado, dependendo do ingrediente real e de como ele interage com o tom de pele da pessoa”, diz a médica. O licopeno, em particular, apresenta riscos à saúde se tomado incorretamente. “Ele pode causar diarreia e náusea, algumas dores de estômago, cólicas e pode interferir em alguns outros medicamentos, como os anticoagulantes, por isso, se alguém estiver tomando anticoagulantes, poderá ter um risco maior de sangrar muito”, explica a especialista, que afirma que, quando se trata desses suplementos de licopeno e astaxantina, não há muitos dados sobre seus riscos e benefícios, mesmo quando tomados na dose “recomendada”. “Não sabemos realmente até que ponto eles são seguros e são necessárias mais pesquisas para realmente determinar isso.”

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Autobronzeador

Para quem deseja manter o bronzeado ao longo do ano inteiro sem colocar a saúde em risco, os autobronzeadores são a melhor escolha. “Os autobronzeadores são uma excelente alternativa para quem quer pegar uma cor sem se expor aos efeitos nocivos da exposição solar. Esses produtos possuem uma substância atóxica e não cancerígena na sua composição, chamada di-hidroxiacetona, que interage com aminoácidos presentes nos corneócitos (células da camada mais superficial da pele). Através dessa interação há a produção de um pigmento amarronzado-amarelado, a melanoidina, que é a responsável pela cor na pele que simula o bronzeado”, explica Paola Pomerantzeff, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A especialista recomenda usar uma pequena quantidade do produto e espalhar bem para não manchar, começando com uma quantidade pequena e aplicando de maneira uniforme para conquistar um bronzeado gradual e homogêneo. “Idealmente, a pessoa deve esperar a loção secar e agir por pelo menos oito horas para só então tomar banho, aplicar protetor solar e se expor ao sol. O melhor então é aplicar o produto no período da noite, antes de dormir. Mas espere pelos menos quatro horas para praticar atividades físicas ou tomar banho para que nem o suor nem a água atrapalhem a ação do produto”, aconselha a dermatologista, que explica que o autobronzeador pode ser aplicado diariamente até atingir o bronzeado desejado. “A pigmentação dura, em média, de sete a 12 dias e depois disso, começa a ‘desbotar’. Caso deseje manter o bronzeado, o ideal é reaplicar o produto antes do final da sua ação. Mas é importante ressaltar que, apesar de seguro, o produto tem contraindicações, como pessoas que têm alergia aos componentes das fórmulas ou que possuem manchas escuras na face, como melanoses e melasma, pois elas podem ficar mais escuras ainda devido à ação da melanoidina”.

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