Jovem com máscara -  (crédito: Sincerely Media/UNsplash)

Jovem com máscara

crédito: Sincerely Media/UNsplash

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O outono e o inverno são marcados pelo aumento de infecções respiratórias. Em crianças, principalmente menores de dois anos, os pais devem ter atenção redobrada com o VSR (vírus sincicial respiratório). Este vírus é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias nos pequenos, segundo especialistas.

 

A bronquiolite é uma infecção nos bronquíolos, que levam o ar aos pulmões. A doença começa com um resfriado comum, mas tem possibilidade de agravamento. Os sinais são tosse persistente, febre alta, chiado no peito, dificuldade respiratória, e lábios e unhas arroxeados.

"Há outros vírus que causam a mesma doença. A bronquiolite pode ser causada pelo parainfluenza, até pelo vírus influenza, que podem dar um quadro semelhante. A grande maioria é pelo vírus sincicial. Em uma criança com quadro de bronquiolite e falta de ar, a chance de ser vírus sincicial respiratório é de 70% a 80%", destaca Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

Até 13 de março, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou 354 casos de Srag (síndrome respiratória aguda grave) por VSR em crianças menores de 6 meses até 6 anos e 11 meses no estado de São Paulo. No dia 21, esse número já era de 516 -45,7% maior.

 

Nos hospitais estaduais infantis Cândido Fontoura (zona leste) e Darcy Vargas (zona sul), até 21 de março deste ano, foram contabilizadas 30 internações de menores de um ano, e nove de crianças na faixa de um a quatro anos.

 

No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, gerenciado pela Prefeitura de São Paulo em parceria com o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, até 20 de março, 56 crianças foram hospitalizadas com o vírus sincicial respiratório. Destas, 41 eram menores de um ano.

 

Dados do Ministério da Saúde também evidenciam alta. De acordo com o informe de vigilância das síndromes gripais, dos 6.976 casos de Srag com identificação etiológica até 16 de março, 17% foram causados pelo VSR.

 

No acumulado até a semana anterior (11 de março), 13% das 5.490 infecções por Srag foram confirmados para o vírus sincicial.

 

É importante ressaltar que as infecções respiratórias não são de notificação compulsória, a não ser que sejam classificadas como Srag. Além disso, no Brasil, as informações sobre os dados epidemiológicos, com resultados laboratoriais de VSR, ocorrem de maneira amostral.

 

"O vírus sincicial respiratório é muito frequente, principalmente em crianças pequenas. Para se ter uma ideia, cerca de 40 a 60% das crianças são infectadas por ele no primeiro ano de vida e praticamente 100% serão acometidas até completarem os dois anos de idade", alerta Renato Kfouri.

 

"Mas existem formas de prevenção simples, como lavagem frequente das mãos com água e sabão, e evitar contato próximo com pessoas doentes. Além disso, é importante ter uma atenção redobrada com grupos de risco específicos, como bebês prematuros ou com doenças crônicas cardiorrespiratórias", afirma Kfouri.

 

Limpar objetos que podem estar contaminados, como brinquedos, também previnem a transmissão do vírus.

 

"Como a maioria dos vírus respiratórios, o VSR é transmitido através do contato direto, se eu estiver próximo de alguém --estou falando de 1,5 metro de distância-- ou indireto, e isso preocupa principalmente os hospitais", explica a infectologista do instituto Emilio Ribas e coordenadora do Comitê de Imunizações da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Rosana Richtmann.

 

Se a minha mão estiver contaminada --e ele [o VSR] sobrevive nas nossas mãos por horas, sobrevive em luva, em botão de elevador, em estetoscópio--, então eu tenho uma forma indireta também de acabar tendo essa transmissão, que entra pela mucosa da boca, do nariz e dos olhos", diz Richtman.

 

O Ministério da Saúde tem um programa estratégico para prevenção da infecção pelo VSR em crianças que correm o risco de desenvolver quadros graves --as que nasceram com menos de 28 semanas de idade gestacional, ou com até dois anos que tenham cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica da prematuridade descompensadas.

 

Nestes casos, a prevenção é feita com o anticorpo monoclonal palivizumabe, administrado mensalmente durante cinco meses no período da sazonalidade --que pode variar de fevereiro a agosto de acordo com a região). Os pediatras ou neonatologistas que acompanham os bebês devem indicá-los para receber o medicamento.

 

Em março, a Astrazeneca lançou a campanha "Bye Bye Bronquiolite", que tem o objetivo de intensificar a conscientização dos pais principalmente no período de maior circulação do VSR. A ação deverá durar ao longo de 2024.