O mês de abril é dedicado à conscientização sobre o autismo, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno do espectro autista (TEA) são distúrbios do neurodesenvolvimento que, embora distintos, compartilham algumas semelhanças em seus sintomas. Igor Loureiro, especialista em neuropediatria, transtorno do espectro autista do Instituto Dr. Bernardo Guimarães, destaca que ambos os transtornos podem apresentar dificuldades relacionadas à atenção, comunicação e interação social, além de possíveis causas genéticas em comum.
Segundo o Igor, estudos científicos buscam compreender as conexões entre o TDAH e o autismo, bem como suas implicações clínicas. "Essas investigações sugerem uma associação genética entre os dois transtornos, indicando que genes ligados a um deles podem aumentar o risco para o outro, estima-se que 81% das pessoas que tem autismo também tem TDAH. No entanto, é importante ressaltar que eles também têm diferenças significativas, como o grau de flexibilidade cognitiva e a presença de comportamentos restritos e repetitivos", explica.
Para diagnosticar a combinação de autismo e TDAH, uma avaliação clínica detalhada realizada por especialistas é fundamental. "Isso porque a manifestação desses transtornos pode variar de pessoa para pessoa, exigindo uma abordagem individualizada para compreender suas necessidades específicas de adaptação e desenvolvimento," destaca Igor.
"Em relação aos sintomas, o TDAH pode se apresentar de diferentes formas, desde uma "apresentação combinada" de desatenção e hiperatividade/impulsividade até uma predominância desatenta ou hiperativa/impulsiva. Essas variações também são observadas em autistas com TDAH", destaca o especialista, enfatizando a importância de estratégias adaptativas para auxiliar no dia a dia dessas pessoas.
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"O apoio da família, colegas e gestores é essencial para proporcionar um ambiente inclusivo e favorável ao desenvolvimento das pessoas neurodivergentes", afirma Igor. Estratégias simples, como dividir tarefas em etapas menores, utilizar agendas virtuais e oferecer feedback estruturado, podem fazer uma grande diferença na vida desses indivíduos, facilitando sua participação e contribuição em diferentes contextos.
Em suma, compreender a relação entre o TDAH e o autismo é crucial para oferecer suporte adequado às pessoas que enfrentam esses transtornos. O especialista em neuropediatria ressalta que, embora haja desafios, o compromisso com a inclusão e a adoção de pequenas mudanças em nossa forma de pensar e agir podem gerar impactos significativos e positivos na vida dessas pessoas.