A sister Beatriz foi repreendida pelo apresentador Tadeu Schimidt por usar um top feito de cascas de laranja -  (crédito: TV Globo/Reprodução)

A sister Beatriz foi repreendida pelo apresentador Tadeu Schimidt por usar um top feito de cascas de laranja

crédito: TV Globo/Reprodução

Durante a exibição do programa Big Brother Brasil da última segunda-feira (1/4), a sister Beatriz foi repreendida pelo apresentador Tadeu Schimidt por usar um top feito de cascas de laranja. O motivo? As cascas da laranja podem favorecer o surgimento de uma alteração na pele conhecida como fitofotodermatose. “Esse é um tipo de dermatose que ocorre quando a pele é exposta ao sol após o contato com frutas cítricas, cascas de limão e laranja e extratos de algumas plantas, por exemplo”, explica a dermatologista membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD), Claudia Marçal. A fitofotodermatose causa manchas e até queimaduras na pele.

De acordo com a médica, a dermatose surge nas áreas de contato com essas substâncias após receberem irradiação do sol. “Geralmente, ocorrem nas 24 horas seguintes, promovendo um processo inflamatório, e caracterizam-se por eritema como uma queimadura, eventualmente, com formação de vesículas e bolhas, dependendo da intensidade da reação. Pode surgir infecção secundária na evolução, mas a característica principal das fitofotodermatoses é a pigmentação, que pode durar várias semanas. As manchas de pele são acastanhadas e a aplicação do limão, por exemplo, sobre a pele pode produzir queimaduras de até terceiro grau. Há casos em que, mesmo lavando as mãos, as manchas aparecem”, alerta Claudia. Posteriormente, segundo a especialista, ocorre um acastanhamento da área, uma hipercromia pós-inflamatória, no qual a pele produz um aumento da produção do pigmento de melanina, que migra para as células mais superficiais, na primeira camada da pele, tentando proteger a região afetada.

Risco de infecção

“Quando ocorre o processo de fitofotodermatose, na hora talvez possamos não perceber, e às vezes ocorre já uma sensibilidade, com uma vermelhidão e eritema local, e posteriormente podemos perceber a formação das vesículas, com microbolhas e bolhas grandes. Dependendo de como isso for tratado, há a possibilidade de ter uma infecção secundária por bactérias da própria flora da pele. Por isso é importante buscar ajuda imediata”, afirma a médica. Se o dermatologista não estiver disponível em um primeiro momento, a especialista sugere buscar ajuda em um centro de referência, pronto socorro ou hospital e depois buscar um tratamento eficaz para a sequela da fitofotodermatose.

Como tratar 

“Em um primeiro momento, quando ocorre o processo, a gente pede para lavar muito bem com água e sabão de pH neutro, e usar água termal na sequência também ajuda bastante. Os cremes à base de pró-Vitamina B5 ou ácido pantotênico fazem uma oclusão, que ajuda a restabelecer a barreira da pele. Em relação às roupas, para não piorar o processo, elas devem principalmente ser de material 100% natural como o algodão e que protejam a região da exposição ao sol. E, claro que quando o dermatologista faz a análise, se necessário ele vai entrar com anti-inflamatório por via oral com analgésicos e até com antibióticos”, afirma.

Do ponto de vista local, para tratar as bolhas, é recomendado o uso de pomadas à base de antibióticos locais e muita hidratação. “Se for um quadro que não houve uma queimadura de segundo grau, de terceiro grau, se é um quadro que apenas apresenta um eritema difuso, um vermelho difuso com microvesículas e sensação de sensibilidade e ardência, eu indico lavar abundantemente a área, fazer uso da água termal em torno de três a quatro vezes ao dia, hidratantes fisiológicos à base de fosfolipídeos, de ceramidas, de vitamina E, de manteiga de Karitê, de ácido pantotênico, para recuperar e regenerar, ajudar no processo cicatricial e o uso de protetor solar com filtro físico, nunca químico, para proteger a área lesionada. E, além disso, a roupa que acaba sendo mais uma forma eficaz de proteção”, afirma.

Leia: Candidíase em homens: como surge a infecção que causa coceira e manchas

Quanto ao desaparecimento das manchas, a médica conta que isso ocorre de forma espontânea e gradativa, desde que a pele seja protegida da exposição ao sol, com filtros solares potentes e que contenham bloqueio físico, como óxido de zinco e dióxido de titânio. “Alguns ativos despigmentantes podem ser utilizados para acelerar o processo. As reações mais intensas podem exigir o uso de medicamentos para seu controle, que devem ser indicados por um dermatologista”, afirma.

Como evitar

Para evitar a fitofotodermatose, a médica ressalta que é muito importante nos dias de verão tomar cuidado com o manuseio de frutas cítricas (como limão, tangerina, laranja, mexerica, morango e figo), cenoura, arruda, aipo, salsinha, coentro, erva-doce, já que todos esses alimentos liberam substâncias que podem manchar e queimar a pele, após exposição solar.

Passeio no campo, fazenda e sítios também deve ser motivo de atenção, no contato com plantas e vegetais através da seiva, casca e espinhos. “Todas as vezes que manusear qualquer uma dessas substâncias, em especial as frutas cítricas, é necessário lavar não só com água, mas com água e sabão, tendo a certeza que todos os resíduos foram retirados. Deve-se tomar cuidado porque algumas vezes há alguns respingos em braços, abdômen, rosto e isso pode gerar queimaduras. E posteriormente a aplicação ou reaplicação dos filtros solares físicos para proteger essa pele”, ensina.