Casa de Apoio Aura: o  diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é fundamental para garantir um tratamento menos agressivo, reduzir complicações da doença e aumentar as taxas de cura, que podem chegar a 80%. -  (crédito: Sarah Guimarães de Castilho/Diuvlgação)

Casa de Apoio Aura: o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é fundamental para garantir um tratamento menos agressivo, reduzir complicações da doença e aumentar as taxas de cura, que podem chegar a 80%.

crédito: Sarah Guimarães de Castilho/Diuvlgação

Segundo estimativas do Observatório Global do Câncer (Globocan), feitas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), cerca de 300 mil crianças e jovens de 0 a 19 anos no mundo todo são diagnosticados com câncer a cada ano. No Brasil, a previsão é de 7.930 novos registros por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Embora a doença evolua mais rapidamente nessa faixa etária, em comparação com os adultos, a resposta ao tratamento é mais eficaz, por isso a importância da detecção precoce, como explica Eliana Quintão, médica da Casa de Apoio Aura, especializada em hematologia e hemoterapia. 

“O diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é fundamental para garantir um tratamento menos agressivo, reduzir complicações da doença e aumentar as taxas de cura, que podem chegar a 80%. Os profissionais de saúde devem ter um olhar cuidadoso e suspeitar sempre que identificarem manifestações como febre, cefaleia e indisposição. Muitas vezes esses sintomas são associados à anemia por deficiência de vitaminas e viroses. A leucemia, por exemplo, é marcada por febre, palidez e surgimento de linfonodos. É essencial relacionar a idade com os diagnósticos mais comuns para direcionar a investigação”, destaca.

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Cânceres mais prevalentes entre crianças e adolescentes

Os cânceres mais prevalentes entre crianças e adolescentes são, além das leucemias, os cerebrais, linfomas, neuroblastoma, tumor de Wilms, de partes moles, ósseos, retinoblastoma, segundo a Sociedade Americana de Câncer (ACS).

 “As leucemias acometem a medula óssea e o sangue, as mais incidentes em crianças são a leucemia linfoide aguda (LLA) e a leucemia mieloide aguda (LMA), e a quimioterapia costuma ser o tratamento mais recomendado. Já as neoplasias do sistema nervoso central, que chamamos de tumores sólidos, têm vários tipos e a abordagem terapêutica pode envolver remoção cirúrgica, radioterapia, quimioterapia e drogas-alvo. Entre os linfomas são descritos mais de 60 tipos, sendo os mais comuns o linfoma de Hodgkin e o linfoma não-Hodgkin, por isso a definição do tratamento dependerá do correto diagnóstico do subtipo, podendo consistir em quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea. O neuroblastoma se desenvolve em partes do sistema nervoso, como nervos do abdômen e do tórax, e nas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, e o planejamento terapêutico poderá contemplar quimioterapia, radioterapia e cirurgia”, informa a médica da Casa de Apoio Aura.

Os cânceres mais raros 

Dentre aqueles considerados mais raros, Eliana Quintão explica: “O tumor de Wilms (nefroblastoma) se origina em um ou ambos os rins, sendo tratado com ressecção cirúrgica seguida de quimioterapia. Os sarcomas de partes moles podem se desenvolver nos músculos, ossos, vasos sanguíneos, tendões, cartilagem e células de gordura, e ser tratados com cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. Os tumores ósseos mais comuns em crianças são o osteossarcoma e sarcoma de Ewing, e a terapêutica principal consiste em cirurgia e quimioterapia. Por fim, o retinoblastoma se inicia nas células da retina, pode afetar um ou ambos os olhos, e são diferentes as estratégias de tratamento, como cirurgia, laserterapia e crioterapia, quimioterapia, radioterapia e transplante autólogo de medula óssea”, afirma. 

A predisposição

A médica acrescenta que a predisposição ao câncer infantojuvenil não está associada a causas ambientais. “Algumas mutações genéticas e síndromes de imunodeficiência, como trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21, síndrome de Fanconi e deficiência seletiva de imunoglobulina A, correspondem a uma taxa muito baixa do total de casos de tumores em crianças e jovens. A mensagem principal é que pais e responsáveis fiquem atentos a sinais e sintomas, como febre e perda de peso sem causa aparente, dor óssea, dor de cabeça, visão turva, vômito e linfonodos aumentados”, orienta. 

Sintomas que exigem uma investigação médica 

  • Palidez, hematomas e sangramentos;
  • Caroços e inchaços, especialmente se indolores e sem febre nem outros sinais de infecção;
  • Dor em membros e/ou dor óssea sem traumas nem sinais de infecção;
  • Febre persistente sem outras causas e/ou perda de peso inexplicáveis;
  • Inchaço abdominal, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias);
  • Alterações oculares, como pupila com reflexo branco, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas, inchaço ao redor dos olhos;
  • Dores de cabeça, especialmente se incomuns, persistentes ou intensas e associada a outros sinais neurológicos e vômitos em jato;
  • Fadiga, letargia, mudanças no comportamento, como isolamento;
  • Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação.

 

Sobre a Casa de Apoio Aura

Fundada em 1998, a Casa de Apoio Aura acolhe pacientes de zero a 17 anos em tratamento de câncer, doenças hematológicas e em processo de transplante, e seus acompanhantes, vindos de diversas partes do Brasil. Sua equipe multidisciplinar de enfermagem 24 horas, fisioterapia, nutrição, psicologia, psicopedagogia, serviço social e fonoaudiologia é constantemente incentivada à formação clínica. Juntam-se a esses profissionais cerca de 70 voluntários presentes nas atividades diárias da Aura.

A fachada da sua sede própria (rua José Lavarine, 100, bairro Paraíso, Belo Horizonte/MG), inaugurada em 2017, conta com pinturas de um grupo de artistas renomados da galeria QUARTOAMADO. A associação oferece condições adequadas de acolhimento com 32 quartos individuais para criança/adolescente e seu acompanhante, e acomodações diferenciadas para pós-transplantados, cinco refeições diárias nutricionalmente balanceadas para atender às necessidades específicas, bem como cesta básica e outros benefícios de acordo com a necessidade individual, e ainda espaço de estar e convívio e atividades de desenvolvimento educacional, cognitivo e social.

“A Aura se dedica para manter o clima positivo e alegre e garantir aos seus acolhidos o direito de ser criança, de brincar, de estudar, de passear. Oferecemos suporte educacional para os momentos de afastamento da escola, transporte para hospitais, centros de saúde e atividades programadas de lazer, auxílio na obtenção de benefícios sociais e documentos, mediação de psicólogo para que todos se sintam seguros e confortáveis para compartilhar a sua jornada”, descreve Marilda Eugênia de Souza e Santos, gerente social da instituição.

A Casa desenvolve também ações para aquisição de próteses, órteses, cadeiras de rodas e outros itens necessários à saúde e reabilitação, e oficinas artesanais para ensinar e estimular atividades geradoras de renda e economia criativa.

A instituição é certificada pelo Selo PGT (Padrões em Gestão e Transparência), conhecido também como Selo Doar A+, e se mantém exclusivamente por meio de doações de pessoas físicas e parceiros, emendas impositivas e projetos para captação de recursos. Conta ainda com um bazar na própria sede, que ajuda diretamente na manutenção dos projetos e ações e funciona de segunda a sexta, das 13h às 16h.