Profissional deve ajudar a identificar se aquela é realmente uma queixa pertinente do paciente ou se existe um caso de distúrbio de autoimagem -  (crédito: Freepik)

Profissional deve ajudar a identificar se aquela é realmente uma queixa pertinente do paciente ou se existe um caso de distúrbio de autoimagem

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Os comentários maldosos e ofensivos na vida real e na internet sobre o corpo dos outros mostram como as pessoas são capazes de destilar ódio gratuito em comentários abusivos. Uma gordurinha aqui, uma celulite ali, um glúteo não simétrico, um formato de corpo incomum, excesso de peso, magreza - tudo virou motivo para apontar o dedo quando, de fato, ninguém pediu opinião. Tudo isso pode levar a um problema conhecido como pressão estética e body shaming (vergonha do corpo causada por comentários do outro), o que pode levar mais pessoas aos consultórios de cirurgiões plásticos e dermatologistas.

“Essa discussão sobre um padrão único de beleza é muito atual. O corpo é uma forma de expressão pessoal e os procedimentos estéticos devem respeitar isso. Embora muitas pessoas acreditem que as cirurgias sejam usadas para atingir a perfeição estética ou uma aparência mais padronizada, é cada vez mais comum que as técnicas evoluam no caminho da naturalidade, levando em conta a singularidade de cada paciente e abraçando a diversidade de corpos. Isso faz com que os pacientes se sintam aceitos e confiantes em sua aparência original”, destaca a cirurgiã plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Beatriz Lassance. “O médico consegue identificar se aquela é uma queixa genuína, se causa sofrimento ao paciente e o que ele espera do procedimento. As expectativas precisam ser reais e o médico precisa esclarecer todas as dúvidas do paciente”, acrescenta.

Ao identificar uma psicopatologia subjacente (como um distúrbio de imagem corporal) ou uma motivação por pressão estética, a cirurgiã plástica explica que é dever do médico recusar o procedimento solicitado, encaminhando o paciente para tratamento psiquiátrico e psicológico. “Isso ajuda a impor limites à pressão estética. Em alguns casos, o paciente pode até dizer que aquilo não o incomodava até alguém comentar. Mas precisamos examinar para entender se essa queixa é real e, também, temos que ir a fundo para descobrir o que realmente está incomodando esse paciente”, diz.

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Existia até um antigo estigma na cirurgia plástica de que ela promovia uniformidade, mas, segundo Beatriz, isso está sendo substituído por uma narrativa que destaca a autenticidade, a autoaceitação e a celebração da diversidade, com base nas inovações em técnicas. “Na clínica moderna, cada história é única, cada transformação é singular, e cada escolha é respeitada. A positividade corporal é uma mensagem incrível e que realmente combina bem com o que fazemos como cirurgiões plásticos. Quando feita com bom gosto, a cirurgia plástica é uma forma de otimizar o corpo de alguém para esse paciente fique o mais confortável possível em sua própria pele. É essencial que a expectativa do paciente em relação aos resultados também seja realista”, explica.

Portanto, nos casos em que há indicação, os procedimentos devem ser adaptados para atender às necessidades e desejos específicos de cada paciente. “Essa capacidade de personalização contribui para o fortalecimento da autoestima. Esses procedimentos serão realizados de acordo com a harmonia do rosto e é função do cirurgião orientar o paciente sobre os procedimentos mais adequados para cada caso”.

Mas, antes de fazer uma cirurgia, é importante dar um passo para trás e entender as várias motivações e influências que a levaram a considerar a cirurgia plástica. “Ao pensar mais nisso, os pacientes são mais propensos a escolher procedimentos com os quais ficarão felizes, tanto no curto prazo quanto nos próximos anos. E, por fim, é fundamental que qualquer procedimento estético cirúrgico seja realizado por um cirurgião plástico especializado”, recomenda Beatriz Lassance.