Os médicos costumam alertar que a exposição crônica da pele humana à luz ultravioleta causa envelhecimento prematuro ou fotoenvelhecimento. “Isso ocorre porque, à medida que a pele sofre com a ação da radiação, os feixes de colágeno tipo 1, encontrados na derme abaixo da camada superior do tecido cutâneo e que fornecem força e suporte à pele, tornam-se fragmentados. Isso leva a rugas, fragilidade e perda de estrutura e elasticidade”, explica a médica especialista em cosmetologia pelo Instituto BWS, Cláudia Merlo.
Mas, agora, um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado recentemente no Experimental Dermatology, mostrou que um procedimento usado geralmente para conferir volume e tratar rugas também pode ajudar nesse processo de fragmentação do colágeno tipo 1: o ácido hialurônico reticulado. “O preenchimento com ácido hialurônico traz melhora clínica das rugas e da estruturação do rosto, ao adicionar volume à pele. Mas a pesquisa mostrou que o procedimento com ácido hialurônico reticulado também estimula a produção de novo colágeno tipo 1 na derme”, acrescenta a médica.
No geral, as pessoas associam o ácido hialurônico ao tratamento de preenchimento de rugas, com adição de volume, e o tratamento de bioestimuladores de colágeno ao estímulo dessa substância para combate à flacidez. “Mas o ácido hialurônico também tem um papel importante no estímulo de colágeno e na reestruturação do rosto. Alguns pacientes têm receio de aplicar ácido hialurônico, por conta do estigma criado nos procedimentos de harmonização, de ficar com o rosto muito volumoso. Mas sempre explico que, havendo a necessidade, o preenchedor de ácido hialurônico é uma ótima maneira de rejuvenescer, devolver estruturação à face e manejar o envelhecimento da pele”, explica Cláudia Merlo.
De acordo com o estudo, o preenchimento faz isso rapidamente, estimulando a produção de colágeno várias semanas após a injeção, e é duradouro, promovendo o acúmulo de mais colágeno ao longo de um ano. “Essas descobertas indicam como o preenchimento melhora a aparência da pele a curto prazo: com uma combinação de volumização e estímulo ao colágeno. Além disso, como o colágeno dérmico recém-formado dura muitos anos, as descobertas também fornecem informações sobre como o preenchimento pode promover melhora clínica a longo prazo, meses ou até um ano após a injeção”, explica a médica. “Uma única injeção de preenchimento dérmico de ácido hialurônico reticulado pode levar a uma melhora rápida e duradoura da pele, estimulando a deposição de colágeno e, além disso, injeções repetidas podem adicionar mais colágeno, eventualmente reduzindo a necessidade de novo tratamento, segundo o estudo”, afirma.
O estudo
Para aprofundar o mecanismo bioquímico de ação do ácido hialurônico, o produto e o veículo (solução salina) foram injetados na pele fotoenvelhecida de seres humanos com 60 anos ou mais. Para avaliar se a ativação dos fibroblastos levou à deposição/acúmulo de colágeno dérmico, foram realizadas análises bioquímicas/microscópicas.
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De uma semana a um intervalo entre seis e nove meses após a injeção, os fibroblastos demonstraram ativação. “A microscopia multifotônica uma semana após a injeção mostrou estiramento dos fibroblastos. Isso indicou maior suporte mecânico dérmico. Uma análise de microscopia de segunda geração harmônica quatro semanas após a injeção mostrou feixes espessos de colágeno densamente compactados ao redor do local injetado. Após 12 meses, notou-se que grossos feixes de colágeno se acumularam e uma quantidade significativa de ácido hialurônico também estava presente. Portanto, concluiu-se que o ácido hialurônico melhorou o suporte mecânico de forma rápida e duradoura, ocupando espaço na matriz extracelular dérmica”, explica a médica.
O estudo também mostrou que o ácido hialurônico reticulado provocou ativação e alongamento de fibroblastos, resultando em feixes de colágeno tipo 1 densamente compactados e espessos quatro semanas após a injeção e continuando até pelo menos a semana 52. “Imediatamente após a injeção, a melhora clínica da pele pode ser devida ao preenchimento, que ocupa espaço na matriz extracelular dérmica e fornece suporte mecânico. Mas o estudo mostrou que o colágeno também foi estimulado de forma duradoura. Com o estudo, as alterações funcionais e celulares do colágeno mostraram-se reversíveis através da estimulação de fibroblastos na pele fotoenvelhecida, aumentando o suporte mecânico dérmico. Além disso, comprovou-se que o preenchimento de ácido hialurônico é um procedimento muito maior que a volumização que ele confere, sendo indicado também para devolver estruturação ao rosto e estimular colágeno de forma duradoura”, elucida Cláudia Merlo.