As taxas de melanoma vêm aumentando nas últimas décadas, com quase 325 mil novos casos diagnosticados em todo o mundo -  (crédito: Yui Mok/PA)

As taxas de melanoma vêm aumentando nas últimas décadas, com quase 325 mil novos casos diagnosticados em todo o mundo

crédito: Yui Mok/PA

Uma vacina capaz de prevenir o ressurgimento do melanoma, o tipo mais raro e grave do câncer de pele, começou a ser testada em humanos no Reino Unido. Nesta sexta-feira (26/4), o University College London Hospital emitiu comunicado e divulgou imagens do primeiro paciente britânico a receber o imunizante.


"Sinto-me sortudo por fazer parte deste ensaio clínico. Claro, não me senti tão sortudo quando fui diagnosticado com câncer de pele. Na verdade, foi um choque, mas, agora que fiz o tratamento, faço questão de garantir que não se repita. Esta é minha melhor chance de parar o câncer", diz o músico Steve Young, de 52 anos, de Hertfordshire, que foi diagnosticado com um melanoma em estágio II, o qual foi removido.


Fases


Baseando-se no estudo bem sucedido da fase dois, cujos dados foram publicados na revista científica "The Lancet" em janeiro, em que os testes reduziram quase pela metade o risco de recorrência ou morte por câncer após três anos, o terceiro estágio do ensaio clínico está avaliando a combinação de mRNA-4157 (V940) e pembrolizumabe (um medicamento imunoterápico). Na época, o estudo do estágio dois realizava o tratamento apenas com pembrolizumabe isoladamente entre pacientes com melanomas avançados após a remoção cirúrgica do câncer.

 

A fase atual de testagem é vista como uma opção de tratamento de redução de risco para pacientes com melanoma de alto risco: estágio II a IV, como o caso de Steve. 

 

 

Como funciona? 


O tratamento instrui o corpo a produzir até 34 proteínas, cada uma mirando em "neoantígenos", cujas proteínas são encontradas apenas nas células cancerígenas. "A ideia por trás desta imunoterapia é que, ao induzir o corpo a produzir essas proteínas, pode preparar o sistema imunológico para identificar e atacar rapidamente quaisquer células cancerígenas que as portem, com o objetivo de prevenir a recorrência do melanoma", diz a oncologista Heather Shaw, coordenadora do novo ensaio.


A tecnologia foi desenvolvida pela farmacêutica Moderna em colaboração com a MSD, com insights vindos da pesquisa sobre COVID-19. Agora, esses avanços estão sendo aplicados no desenvolvimento de novos tratamentos para pacientes com câncer.

 

"Esta vacina é um marco empolgante para visualizarmos como a terapia individualizada pode potencialmente transformar o tratamento da forma mais grave de câncer de pele no futuro”, disse o vice-presidente sênior da Moderna, Kyle Holen, em comunicado à imprensa.


Espera-se que o estudo da terceira fase, denominado "INTerpath-001", confirme os resultados anteriores. Ele inclui 1.089 pacientes em todo o mundo e está sendo realizado em vários locais do Reino Unido.

 

Leia também: Cientista de BH brilha na busca da cura do câncer


O melanoma é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células produtoras de pigmento. As taxas de melanoma vêm aumentando nas últimas décadas, com quase 325 mil novos casos diagnosticados em todo o mundo em 2020.


Os principais fatores de risco para o câncer de pele são:

 

  • Pessoas de pele clara, olhos claros, albinos ou sensíveis à ação dos raios solares
  • Pessoas com história pessoal ou familiar deste câncer
  • Pessoas com doenças cutâneas prévias
  • Pessoas que trabalham sob exposição direta ao sol
  • Exposição prolongada e repetida ao sol
  • Exposição ao bronzeamento artificial


Principais sintomas:

 

  • Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram
  • Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor
  • Feridas que não cicatrizam em quatro semanas

 

O câncer de pele ocorre principalmente nas áreas do corpo que são mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas. Se não tratado adequadamente, pode destruir essas estruturas. Ao perceber sintomas ou sinais suspeitos, procure um especialista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento.

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata