Tum-tum, tum-tum. Durante o silêncio, principalmente ao deitar, algumas pessoas se queixam de ouvir um som no ouvido, parecendo um coração batendo. “Essa característica é diagnosticada como zumbido pulsátil ou tinnitus pulsátil, um sintoma muito diferente do zumbido comum que se apresenta de forma constante. Os pacientes relatam que esse som é ouvido principalmente ao dormir. Alguns ainda dizem que parece haver um coração pulsando dentro do ouvido”, explica a otoneurologista, otorrinolaringologista especialista em tontura e zumbido, Nathália Prudencio. “Quando o ritmo do som é síncrono aos batimentos cardíacos do paciente, sugere-se, inicialmente, uma causa vascular. Quando é assíncrono, suspeitamos de alguma causa muscular”, acrescenta a especialista.

O zumbido pulsátil, embora seja menos comum no consultório médico, perturba muitas pessoas e pode indicar problemas de saúde importantes. “Quando um paciente aparece se queixando de zumbido, imediatamente suspeitamos de alguma alteração no sistema auditivo, tendo em vista de que cerca de 90% dos quadros estão ligados a algum nível de perda de audição, mesmo que leve. Pessoas que se queixam de zumbido pulsátil, porém, normalmente não apresentam problemas auditivos associados ao sintoma. Ele tem relação com alterações vasculares e musculares na região do ouvido ou próximo a ele, mas também pode estar associado a quadros de anemia, estados de maior atividade metabólica (como gravidez e hipertireoidismo), tumores, aneurismas e doenças como a otosclerose, que causa rigidez em ossículos no ouvido médio”, explica a médica. A maioria dos casos, no entanto, se deve a disfunções musculares e circulatórias, como placas de gordura nos vasos e hipertensão. Aém disso, doenças em ouvido médio, como Glomus timpânico, e doenças neurológicas, como a hipertensão intracraniana benigna, podem ser causa de um zumbido pulsátil.



Quando a causa é muscular, pode ocorrer de alguma musculatura contrair de forma repetida dentro do ouvido ou próximo a ele, ou até mesmo uma estimulação anormal da via auditiva pela musculatura. “Nesse caso, fazemos testes para avaliar a modulação dessa pulsação no consultório, como pedir ao paciente para apertar os dentes, abrir e fechar a boca por várias vezes ou girar o pescoço, para tentar verificar alguma alteração no som. A história de dores cervicais frequentes, apertamento dentário durante o dia ou durante a noite e problemas na articulação temporomandibular (responsável por abrir e fechar a boca) também podem ser pistas de um zumbido pulsátil de origem muscular”, elucida a especialista.

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No caso de alterações vasculares, essa condição pode estar associada à aterosclerose, caracterizada pelo acúmulo gradual de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias, ou a uma fístula arteriovenosa dural, caracterizada por conexões anormais entre as artérias e as veias da dura-máter (uma das membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal), alterações na veia jugular interna ou em seios venosos durais. “Em consultório, podemos questionar o paciente se durante exercícios a frequência da pulsação do zumbido aumenta assim como dos batimentos do coração e podemos também realizar alguns testes para verificar a alteração de fluxo dentro da veia jugular que pode levar à diminuição ou aumento do zumbido pulsátil”, diz Nathália Prudêncio.

Outra alteração circulatória é a pressão alta. “A associação acontece porque o aumento da pressão sanguínea aumenta a força exercida contra as paredes internas das artérias, elevando também o som gerado por essa movimentação, que poderá ser detectado pelo sistema auditivo."

A médica explica que é fundamental buscar ajuda médica de um otoneurologista. O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica do paciente em consultório e da realização de exames complementares, como ultrassom com doppler, tomografia computadorizada, e, em alguns casos, exames como a angiorressonância, para determinar causas subjacentes. “Na suspeita de causas musculares, se faz necessária uma avaliação mais apurada da musculatura da face, pescoço e ombros por um fisioterapeuta, além de pesquisar alterações relacionadas a bruxismo e disfunção temporomandibular. Existem tratamentos para todos os tipos de zumbido no ouvido, inclusive o zumbido pulsátil. Quanto antes buscar ajuda médica, mais cedo o paciente obtém um diagnóstico para iniciar seu tratamento e recuperar a sua qualidade de vida”, indica.

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