A celulite, também chamada de lipodistrofia ginoide, acomete quase que a totalidade das mulheres e alguns homens. Embora os fatores de vida estejam muito ligados à celulite, o que muita gente não sabe é que ela também tem relação com o funcionamento do intestino. “A relação do funcionamento intestinal com a celulite é algo que vem sendo muito comentado nos últimos congressos de Dermatologia. Pacientes que sofrem de disbiose intestinal, um quadro em que há um desequilíbrio das bactérias presentes no intestino, podem sofrer com a colonização de um conjunto de microrganismos que alteram os níveis de estrogênio que circulam no corpo. Níveis circulantes alterados de estrogênio podem contribuir para obesidade, síndrome metabólica e celulite”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD).

A disbiose intestinal leva a um quadro de má absorção de nutrientes, resistência insulínica e inflamação que irá servir como gatilho para um desequilíbrio no organismo. "Com o mau funcionamento intestinal há a liberação de substâncias ‘tóxicas’ provenientes da parede celular bacteriana no sangue, um processo chamado de endotoxemia metabólica. Todo este processo é gerado por uma dieta ruim, altos níveis de estresse e consumo excessivo de medicamentos, como omeprazol e até mesmo alguns tipos de antiobióticos”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos.



Embora tenha sua característica de onipresença nas mulheres, nem todas sabem que essa é uma doença de característica evolutiva e que nos graus mais avançados pode causar dor, alteração da temperatura local e desconforto. “A celulite é, na verdade, uma inflamação do tecido subcutâneo ou tecido adiposo, onde essas células gordurosas sofrem processo de alteração da boa morfologia, apresentando excesso de gordura no seu interior e deformidade da sua parede com um quadro de fibrose dessas estruturas. Isso resulta em irregularidades que acabam se projetando na superfície da pele e levando à formação de um relevo heterogêneo e uma pele cheia de reentrâncias e saliências, depressões e ondulações", explica Claudia. “Nós devemos diferenciar os graus de celulite, pois quando há uma inflamação do tecido cutâneo local existe comprometimento da microcirculação e do sistema linfático da região. Neste quadro mais avançado que engloba deformidade da área com dor e mudança da morfologia da célula, precisamos intervir com tratamentos e estratégias sinérgicas além das mudanças no estilo de vida”, completa.

O fator preponderante para a alta incidência de celulite nas mulheres é o hormônio estrogênio, que está diretamente envolvido no processo dessa inflamação. “Também há uma predisposição genética, mas diversos fatores do estilo de vida e gatilhos estão envolvidos. O sobrepeso, o desequilíbrio entre a taxa de gordura e a taxa de massa muscular (por isso algumas mulheres magras têm celulite), má alimentação, sedentarismo, alterações vasculares, tudo isso pode influenciar no aspecto da celulite”, explica Claudia. A dermatologista explica que 70% das mulheres que apresentam celulite podem sofrer também com um quadro de dificuldade no retorno venoso dos membros inferiores.

As áreas mais acometidas pela celulite são as regiões do quadril, dos glúteos, das coxas principalmente a face interna da coxa e a região posterior, abdômen inferior e braços. "Quanto às classificações, a celulite pode começar com um grau I, um grau leve e assintomático, e ir evoluindo gradativamente de acordo com o não-tratamento", explica a dermatologista. "Não podemos dizer que a celulite tem cura; ela tem controle e melhora. E isso depende muito dos hábitos de vida desse paciente, do momento que ele está vivendo, a qualidade das horas de sono, sua alimentação, a prática de exercícios físicos e os tratamentos que são realizados, ressalta a dermatologista. "Hoje em dia temos vários tratamentos para celulite com tecnologias bastante avançadas", diz.

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A especialista também explica que a celulite deve ser tratada com associação de tratamentos. “ A radiofrequência, por exemplo, age na melhora da flacidez dessa área - fazendo o estímulo de colágeno necessário para firmar a pele e atuar também, no subcutâneo, para tratar a gordura localizada, reduzindo seu volume. Essa compactação traz resultados importantes para celulite”.

Além de tratar por fora, é necessário melhorar a saúde interna. A farmacêutica Patrícia França destaca o poder dos suplementos nutracêuticos para ajudar a tratar a celulite. “Para combater o mau funcionamento intestinal, a suplementação de probióticos tem sido uma abordagem adotada. Nesse sentido, a betaglucana atua como um prebiótico auxiliando no equilíbrio da flora intestinal, melhorando a digestão e oferecendo ‘alimento’ para bactérias benéficas que atuam como uma barreira para impedir a entrada de microrganismos, fortalecendo-as, evitando que bactérias nocivas entrem”, diz. Além disso, ela lembra que as substâncias com ação anti-inflamatória devem ser utilizadas. 

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