O Brasil enfrenta uma epidemia de arboviroses e já apresentou mais de 2,3 milhões de casos prováveis, segundo o Ministério da Saúde. O Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika, do dia 26/03, aponta que Minas Gerais registrou 767.733 casos prováveis de dengue, com 294.174 confirmações. Também foram confirmadas 136 mortes pela doença, enquanto outras 493 estão em investigação. A COVID-19 também está em ascensão em Minas, afetando mais de 45 mil pessoas de 01/01/2024 até 28/03/2024, tendo registrado 165 óbitos no mesmo período, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Em março, 4.797 pessoas já foram diagnosticadas com a doença.



Apesar das diferentes formas de transmissão e sintomas, tanto as arboviroses quanto a COVID-19 são consideradas doenças virais sistêmicas, desencadeando uma forte resposta inflamatória em todo o organismo após a replicação viral. Sintomas como prostração, dor de cabeça, dores pelo corpo e febre podem ser resultados da resposta imune do corpo, não apenas do vírus. Ambas as patologias compartilham a semelhança de sintomas persistentes após a fase aguda, que podem durar semanas ou meses.

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Sintomas prolongados

Segundo o médico infectologista cooperado da Unimed-BH, Frederico Amâncio, os sintomas prolongados incluem fadiga crônica, insônia, cefaleia, diminuição da concentração, queda de cabelo e depressão. “Na dengue, esses sintomas prolongados são mais raros e duram menos tempo quando ocorrem. Uma das teorias é que algumas doenças virais podem desencadear uma resposta inflamatória exacerbada durante a fase aguda, afetando vários órgãos. Essa inflamação persistente pode produzir sintomas mesmo após a eliminação do vírus, resultando em uma recuperação mais demorada devido à exaustão do sistema imunológico”, explica o médico.

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Contudo, ainda de acordo com o infectologista, em parte dos pacientes os sinais e sintomas vão melhorando ao longo do tempo. “Pacientes vacinados contra a COVID-19 apresentam menor risco de COVID longa e alguns medicamentos usados na fase aguda (primeiras duas semanas) também têm resultados promissores. Já nos casos de dengue, ainda sabemos pouco dos sintomas persistentes. Durante a fase de convalescença destas doenças, o retorno às atividades físicas deve ser gradual. Sintomas persistentes precisam eventualmente de avaliação médica para excluir complicações ou diagnósticos diferenciais”, orienta.

Sintomas semelhantes, mas há diferenças entre dengue e COVID 

O infectologista destaca que, embora os sintomas prolongados sejam semelhantes, as diferenças entre a COVID-19 e a dengue são geralmente evidentes nos sintomas agudos. “Enquanto a COVID-19 apresenta um quadro respiratório com tosse, dor de garganta, coriza e falta de ar, a dengue raramente apresenta quadro respiratório, mas pode causar fortes dores musculares e dor nos olhos. Os casos graves de COVID-19, geralmente, envolvem piora respiratória progressiva e necessidade de oxigênio, enquanto os casos graves de dengue apresentam sinais de alarme, como vômitos, dor abdominal e hipotensão, mais conhecida por queda da pressão arterial”, explica.

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