O preenchimento injetável está entre os tratamentos estéticos mais populares atualmente, figurando em segundo lugar entre os procedimentos não cirúrgicos mais realizados no Brasil, atrás apenas da toxina botulínica, de acordo com a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). E um dos principais usos dessa técnica é a rinomodelação. “A rinomodelação é uma técnica minimamente invasiva que usa preenchedores de substâncias como o ácido hialurônico para modificar a estética do nariz sem a necessidade de bisturi, sendo muito popular entre aqueles que não desejam se submeter à cirurgia de rinoplastia”, explica o cirurgião plástico, membro da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Paolo Rubez.

Mas um fenômeno cada vez mais comum é a retirada desse preenchimento para reverter os resultados, como aconteceu com celebridades como a ex-BBB Bruna Griphao, a apresentadora Mara Maravilha e o cantor Naldo Benny. E é curioso notar que, em alguns casos, os pacientes optam pela rinoplastia após a reversão da rinomodelação ou mesmo em substituição ao procedimento injetável. O que tem provocado essa mudança de cenário?

Segundo Paolo Rubez, um dos maiores motivos por trás da reversão da rinomodelação é a insatisfação com os resultados. “Ao contrário do que muitos pensam, a rinomodelação não é uma substituta à rinoplastia. Isso porque possui limitações importantes quanto a sua indicação, já que não tem capacidade de fazer correções na funcionalidade do nariz e tem sua ação restrita ao tratamento de leves assimetrias e imperfeições no nariz. Mas é muito comum que na tentativa de alcançar um resultado que só seria atingido através da cirurgia plástica, ocorra um exagero na realização dos preenchimentos injetáveis, causando deformidades no rosto”, diz o médico.

Outro fator envolvido em muitos casos de retirada de preenchimento no nariz é a segurança. “As pessoas acreditam que, por ser um procedimento menos invasivo, a rinomodelação é mais segura que uma cirurgia de rinoplastia. No entanto, notícias recentes de complicações e estud mostram que a rinomodelação é um procedimento que pode ser mais perigoso e causar necrose no nariz, que acontece quando o ácido hialurônico é injetado no interior dos vasos sanguíneos que irrigam o nariz ou quando há uma grande injeção de produto que comprime os vasos”, alerta.



O cirurgião plástico explica que, nesses casos, o procedimento pode ser revertido por meio da aplicação de uma enzima chamada de hialuronidase, que age dissolvendo o ácido hialurônico. “Mas é importante ressaltar que a hialuronidase só é eficaz na correção de procedimentos realizados com ácido hialurônico. Infelizmente, hoje, ainda são utilizadas substâncias preenchedoras com efeito permanente como o polimetilmetacrilato (PMMA), que, além de possuir alta taxa de complicação a longo prazo como nódulos e necrose, só pode ser retirado por meio de cirurgias”, destaca o médico.

Mas Paolo Rubez afirma que, mesmo quando o resultado da rinomodelação é satisfatório e tudo corre bem, não é incomum que o paciente retorne ao consultório após algum tempo querendo realizar uma rinoplastia. “A rinomodelação tem efeito temporário, exigindo manutenções constantes. Isso porque as substâncias injetáveis são reabsorvidas pelo organismo com o passar do tempo, o que também tem feito com que muitos pacientes desistam desse tipo de procedimento não invasivo e apostem em cirurgias plásticas que realmente têm um resultado definitivo”, afirma o cirurgião plástico, que diz que existe ainda um grupo de pacientes que realizam a rinomodelação justamente para ter uma ideia de como ficará o resultado da rinoplastia antes de se comprometerem com o procedimento.

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O médico explica que a realização da rinoplastia após a rinomodelação é perfeitamente possível e segura e não é uma prática incomum, mas é preciso adotar alguns cuidados adicionais, como aguardar a reabsorção da substância preenchedora. “O ácido hialurônico é reabsorvido pelo organismo após cerca de um ano. Então, o ideal é aguardar esse período antes da realização da rinoplastia para que o médico possa avaliar seu nariz como realmente é e, então, elaborar uma estratégia capaz de conferir resultados satisfatórios e, ao mesmo tempo, naturais”, diz o especialista. “Dependendo do caso, quando o paciente está com pressa para realizar a cirurgia, podemos utilizar a hialuronidase, que deve ser aplicada pelo menos duas semanas antes da cirurgia, mas pode não degradar o ácido por completo em apenas uma aplicação”, aconselha.

É importante também ser sincero com o médico sobre os procedimentos que já realizados no nariz - revelar tudo o que foi feito no local e nas regiões adjacentes, incluindo as datas dos tratamentos e as substâncias que foram aplicadas. “A presença de PMMA, por exemplo, pode tornar a cirurgia plástica no nariz mais complicada, pois precisará ser removido durante o procedimento, o que é difícil. Por isso, é indispensável que o cirurgião plástico saiba de antemão o que encontrará no local na hora do procedimento”, diz Paolo Rubez, que ainda ressalta a importância de se buscar um cirurgião plástico com vasta experiência em rinoplastia para realização do procedimento. “Devido à aplicação do preenchedor, o médico poderá encontrar um pouco de fibrose ou restos da substância no local durante a cirurgia, então é fundamental que o profissional tenha amplo conhecimento da técnica e da estrutura do nariz para garantir resultados satisfatórios, naturais e sem complicações”, indica.

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