O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) participou do ato pró-Bolsonaro na praia de Copacabana, no último domingo (21/4), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do pastor Silas Malafaia. Na ocasião, o parlamentar mineiro fez elogios aos companheiros políticos, fez críticas à oposição e declarou que "o país precisa de homens com testosterona. Tenho certeza que é isso que esses dois homens representam", disse durante discurso em que citava Bolsonaro e Malafaia (confira vídeo abaixo). Mas afinal, o que o hormônio representa para a saúde masculina e por que ela precisa de manutenção à medida que os homens envelhecem?
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino, tendo um papel indiscutível na saúde sexual e vitalidade. Sendo que, quando há sua diminuição, o homem sente falta de energia, a libido, perda de memória e perda de massa muscular. "Conforme ocorre o envelhecimento, é natural que aconteçam alterações nos níveis hormonais, como a redução da testosterona. A reposição hormonal, quando indicada e supervisionada por profissionais de saúde qualificados, pode contribuir significativamente para melhorar a energia, o humor e a saúde geral dos homens", afirma João Brunhara, urologista e co-fundador da Omens - plataforma de intermediação de saúde dedicada aos homens.
A partir dos 40 anos, o organismo do homem chega a perder cerca de 1% ao ano. Assim, a terapia de reposição hormonal (TRH) se torna uma opção para aqueles que desejam restabelecer seu nível, bem como seu estilo de vida. " Para iniciar a reposição, o nível baixo de testosterona tem que ser comprovado no exame de sangue", frisa João.
As modalidades de TRH variam desde injeções intramusculares, adesivos transdérmicos, géis, até implantes subcutâneos”, elucida. “Cada método tem suas vantagens e limitações, e a escolha deve ser personalizada com base nas preferências do paciente, perfil de efeitos colaterais, e objetivos de tratamento”, reforça o biomédico Vitor Mello.
O assunto, assim como outros que permeiam o universo masculino, é tido como tabu. Mas João Brunhara destaca os benefícios da reposição masculina, tendo como ponto principal a reversão dos sintomas: aumento da libido, regulação do sono, memória sadia, ganho de massa muscular, entre outros. Porém, também existem os riscos, como aumento do colesterol e piora de doenças cardíacas em pacientes com problemas prévios. Além disso, homens que têm um câncer na próstata podem sofrer um agravamento da doença se usarem testosterona. A fertilidade também pode ser seriamente afetada, e por isso a reposição de testosterona não é indicada para homens que ainda desejam ter filhos.
Confira cinco dicas para manter os níveis de testosterona por mais tempo ao longo da vida:
1. Alimentação balanceada: uma dieta rica em nutrientes essenciais, como proteínas magras, frutas, vegetais e grãos integrais, pode contribuir para a energia e a saúde a longo prazo. Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, como peixes gordurosos, são conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e benefícios cardiovasculares, diretamente relacionados à função erétil
2. Atividade física regular: Exercícios físicos são fundamentais para a saúde sexual masculina, com estudos mostrando uma correlação positiva entre exercício e função erétil. “Exercícios, especialmente aqueles que melhoram a circulação sanguínea e a saúde cardiovascular, como corrida e natação, podem aumentar diretamente a capacidade de manutenção de ereções”, explica Vitor Mello. “O exercício regular tem sido associado a melhorias na produção de testosterona e na redução do risco de disfunção erétil” adequados às condições individuais pode aumentar a resistência e melhorar a disposição física e mental
3. Gestão do estresse: aprender técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, ioga ou simplesmente tirar momentos de descanso, pode ajudar os pais mais velhos a lidar com as demandas diárias
4. Sono de qualidade: O sono desempenha um papel crucial na regulação hormonal, incluindo os hormônios sexuais. Estudos indicam que homens que dormem menos de 5 horas por noite apresentam níveis significativamente reduzidos de testosterona em comparação com aqueles que têm uma noite completa de descanso
5. Consultas médicas regulares: manter um relacionamento próximo com um profissional de saúde é crucial para monitorar a saúde geral, discutir opções de tratamento e fazer ajustes na terapia hormonal, se necessário
Hipótese
Em razão das consequências geradas pela alteração do hormônio, várias pesquisas fazem da testosterona um objeto de estudo. É o caso do levantamento coordenado pela Universidade da Austrália Ocidental, a partir da análise de 11 estudos, realizados antes de 2020, abrangendo mais de 25 mil homens, em que revelou baixos níveis de hormônio em homens casados. O estudo não teve como objetivo estabelecer uma relação de causa e consequência -, mas a constatação de que a quantidade do hormônio é maior em homens solteiros, abre uma porta para novas investigações, já que a diminuição da testosterona é multifatorial.
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Outros estudos já tinham demonstrado que o estresse pode diminuir a quantidade de testosterona produzida pelos homens, mas essa é uma hipótese. "Uma possível explicação poderia ser que os homens casados com famílias podem estar mais estressados, portanto, têm níveis mais baixos de testosterona, mas o nosso estudo não foi concebido para analisar mais profundamente este resultado", disse o médico Bu Yeap, da Universidade da Austrália Ocidental, que coordenou a pesquisa. Outras pesquisas direcionam o declínio no nível de testosterona para os homens que esperam a chegada de um filho, assim como naqueles que investem mais nos filhos e estão satisfeitos em serem pais. Quadros de diabetes e demência também podem ter relação com a baixa do hormônio.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.