A modelo Yasmin Brunet compartilhou, nesta quarta-feira (24), no programa Encontro, da Rede Globo, como tem cuidado da saúde depois da eliminação dela do Big Brother Brasil 24. Ela está em tratamento contra o lipedema - condição que afeta o sistema linfático causando inchaços em determinados locais do corpo, e a compulsão alimentar. A ex-sister também destacou durante o programa como a rotina de isolamento contribuiu para o retorno dos sintomas de ambas as doenças. 

 

Compulsão 

 

Yasmin contou que o diagnóstico de compulsão alimentar não é recente e nem adquirida durante o reality show. "A compulsão nunca vem sozinha. Então, é depressão, é ansiedade… Eu trato desde os meus 13 anos de idade. Imaginei que, quando entrasse na casa [BBB], minha compulsão iria aparecer porque é muito estresse e ansiedade. Compulsão é uma coisa que você come, come, come, e nunca está saciada, se sente vazia. O vazio não é sobre a comida, mas a gente pode na comida porque é uma coisa palpável, fácil de lidar", relatou.

 

A psicóloga Juliana Meneghelo explica que exagerar na comida vez ou outra como forma de aliviar o estresse pode acontecer com qualquer um. Episódios desse tipo são conhecidos como fome emocional e só se configuram um transtorno caso aconteçam com constância como o caso da modelo.

 

 


 

“Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR), a compulsão alimentar pode ser compreendida como transtorno quando ocorrem episódios frequentes, pelo menos duas vezes por semana, e quando esse comportamento se prolonga por um período específico, de pelo menos seis meses”, destaca a especialista.

 

Juliana também ressalta que, para ser caracterizado como transtorno da compulsão alimentar periódica, o comportamento deve necessariamente estar acompanhado de outros, como perda de controle, culpa ou vergonha após comer, e não pode estar associado a comportamentos compensatórios para perder peso, como uso de diuréticos, laxantes ou até mesmo vômitos voluntários, o que configuraria um quadro de bulimia.

 

Além de carregar a culpa pela incapacidade de controle, as pessoas acometidas pela compulsão podem ter problemas sérios de saúde. O transtorno pode acarretar doenças e comorbidades como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, cálculo renal, apneia do sono, diminuição da capacidade respiratória, gastrite e refluxo.

 

No programa, Yasmin citou a fome insaciável durante o reality, que até virou meme na época. "Era o único momento em que eu não pensava, só que você nem percebe que está comendo. Então, eu comia uma lata de goiabada, rabada, uma mistura muito louca… E me sentia vazia ainda", relembrou, afirmando que nem gostava do que estava consumindo. "Quando você tem compulsão, você não escolhe. É o que tem".

 

Mas, para quem sofre com o problema, nem tudo está perdido. Juliana destaca que com comprometimento e o apoio profissional adequado é possível reverter o quadro. Normalmente, o tratamento é feito de forma multidisciplinar, com a participação de psiquiatras e nutricionistas, além de psicólogos. Em alguns casos, o uso de medicamentos é necessário.

 

“O primeiro passo é identificar o motivo real da busca pelo alimento”, diz a psicóloga. “A ansiedade é um dos fatores que apresentam relação direta com a compulsão alimentar, pois os estímulos ansiosos para a comida, aos poucos, tornam-se um hábito. Muitas vezes, o ato de comer compulsivamente resulta de quadros associados à fome emocional, que surge de repente e a pessoa se vê dominada por ela.”

 

Lipedema

 

O lipedema é uma doença que afeta cerca de 11% das mulheres. Essa condição crônica é caracterizada pelo acúmulo de gordura, especialmente nos membros inferiores. Ao contrário da gordura comum, caso não haja um acompanhamento, com o tempo, o lipedema pode aumentar em diferentes estágios.

 

Um dos principais sintomas é o surgimento de depósitos de gordura simétricos em ambas as pernas (que eventualmente podem se transformar em grandes dobras sobrepostas), sem afetar os pés. O acúmulo de gordura ocorre gradualmente e, nos estágios iniciais, os sinais visíveis incluem uma aparência de "casca de laranja" na pele e possíveis lipomas subcutâneos.

 

Além disso, a doença geralmente causa dor nos tecidos moles, tanto em repouso quanto durante o movimento, perda de elasticidade da pele e fadiga. Embora haja uma tendência de acumular gordura da cintura para baixo, formando uma espécie de ‘anel’ no tornozelo, muitos pacientes com lipedema também apresentam acúmulo de gordura nos braços.

 

 

"Lá ficou horrível. Eu sentia muita dor, desconforto e pressão. Minha perna ficou gigante. Quando saí, encontrei um médico incrível que está me ajudando muito", relatou Yasmin. "A gente está tratando de uma forma mais natural, mudando alimentação. Tive que cortar glúten, trigo, leite e derivados", explicou a modelo que completou informando que não realizará lipoaspiração.

 

Além do prejuízo físico, o lipedema pode desencadear problemas emocionais e psiquiátricos. Isso porque a paciente normalmente não consegue ter resultados com atividade física e/ou dietas, o que costuma deixar muitas pessoas frustradas ao não ver mudanças mesmo com bons hábitos de saúde. “Mesmo as pacientes magras ou as que perderam muito peso mantêm o quadro de dor e deformação progressiva dos membros até o ponto de perder a capacidade de locomoção”, explica o cirurgião plástico Fabio Kamamoto, diretor do Instituto Lipedema Brasil. 

 

Infelizmente, ainda não há um protocolo padrão para o diagnóstico da doença e nem exames específicos para detecção. Por isso, é muito importante que seja feita uma avaliação por um médico especialista no assunto, que vai analisar o histórico familiar da paciente, como o mal se desenvolveu e fazer um exame físico para averiguar se existem nódulos, hipersensibilidade e perda de elasticidade do tecido adiposo, fatores que indicam que o quadro não está ligado à obesidade.

 

 

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