Cólicas, dores nas mamas, oscilações de humor, dor de cabeça, indisposição. Esses são alguns dos sintomas inconvenientes da menstruação, que podem atrapalhar as atividades do dia a dia das pessoas com útero. De acordo com um estudo nacional da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) com internautas, encomendado no último ano pela divisão farmacêutica da Bayer, mais de 80% das brasileiras consideram que seu fluxo menstrual impacta negativamente sua rotina, sendo que 31% delas afirmaram que impacta muito.

Apesar de ser um processo natural, que faz parte do ciclo reprodutivo das pessoas com útero, quando a menstruação apresenta sintomas que prejudicam a saúde e a vida social, pode ser um sinal de alerta. Dentre eles, está a perda excessiva de sangue, geralmente sofrida silenciosamente. O estudo do Ipec revelou que mulheres mais jovens (com idade entre 16 e 24 anos) possuem fluxo menstrual mais intenso e tendem a sentir mais impacto da menstruação no dia a dia.



Toda perda sanguínea menstrual que compromete a saúde física, mental, social, sexual e até mesmo material, acompanhada muitas vezes de desconforto, fraqueza, mal-estar ou taquicardia, é chamada de sangramento uterino anormal (SUA), condição que pode afetar um em cada três mulheres em algum momento de suas vidas. Este fenômeno não apenas causa desconforto físico e emocional significativos, mas também pode trazer impactos adversos na qualidade de vida, saúde reprodutiva e bem-estar geral das mulheres.

Para Ilza Monteiro, ginecologista e Presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), muitas vezes, os sintomas são tratados como "normais" ou como parte do ciclo menstrual padrão, sem uma investigação adequada das possíveis causas subjacentes.

"O sangramento uterino anormal não deve ser ignorado ou considerado como uma parte inevitável da vida feminina. É crucial reconhecer que, embora comum, esse sintoma pode ser um sinal de condições subjacentes sérias, como miomas uterinos, pólipos, distúrbios de coagulação do sangue, ou até mesmo câncer uterino. Portanto, a avaliação médica precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar das mulheres.bem-estar das mulheres"

A falta de conscientização sobre a gravidade dessa condição pode levar a atrasos no diagnóstico e tratamento, colocando as mulheres em risco de complicações adicionais, explica a ginecologista.

De acordo com Febrasgo, 40% de mulheres no mundo possuem essa condição, no entanto, 59% das mulheres diagnosticadas com SUA consideravam suas menstruações normais e 41% delas acham que não existe tratamento disponível.


Não precisa sofrer, tem tratamento

Além do volume excessivo de sangue, outras questões podem ser um sinal de alerta. Cólicas intensas, fadiga, fraqueza, anemia ou ter preocupação com extravazamentos da menstruação, evitar sair de casa durante o período menstrual ou realizar a prática de esportes, foram sintomas citados por mulheres com SUA. Todos esses são exemplos dos impactos negativos causados por essa condição. 

Leia também: 'Nunca foi uma colicazinha': mulheres relatam descoberta da endometriose

Quando diagnosticado, o sangramento uterino anormal conta com diferentes tipos de tratamentos, que podem ser medicamentosos ou cirúrgicos. “Falando especificamente dos tratamentos medicamentosos, algumas opções são o DIU hormonal, os anticoncepcionais orais, os anti-inflamatórios e medicações que ajudam na coagulação do sangue. A chave para o sucesso do tratamento do sangramento uterino anormal é a individualização do plano de tratamento para atender às necessidades específicas de cada paciente, por isso a importância da busca por um diagnóstico adequado, junto a um profissional da saúde”, explica Elza. 

Como parte essencial do tratamento, a conscientização do problema e o autoconhecimento são grandes aliados. Conhecer ao máximo o seu corpo e o padrão do ciclo menstrual - que, em média, é de 28 dias, podendo variar de 21 a 35 dias, com uma duração de fluxo comum entre três e sete dias -, pode ajudar a identificar quando algo está errado com a sua saúde. Além disso, é fundamental fazer o acompanhamento regular com um ginecologista, que pode ajudar também na identificação de um problema, bem como na recomendação do tratamento mais adequado.

compartilhe