"É preciso coragem para aceitar quem somos: luz e sombra", diz psicólogo psicólogo Irineu Deliberalli, com décadas de experiência na conexão da psicologia com terapia espirituais. Autor do livro "A Matrix Emocional", ele aconselha a perdoar as próprias imperfeições para uma vida mais leve.



Se a imperfeição é uma das características que definem o ser humano por essência, aceitar essas falhas significa viver em paz consigo. Este é o principal conselho de Irineu Deliberalli para uma vida mais leve. Como terapeuta, xamã e dirigente de rituais de cura, ele explica que as falhas e aflições que compõem cada ser humano podem estar relacionadas a vivências antigas da alma.

Inclusive fobias, dores físicas “fantasmas” e emoções aparentemente incontroláveis também podem ser associadas a memórias do espírito em épocas anteriores. No livro "A Matrix Emocional", ele trata do assunto com o público e orienta: quando esses resquícios do passado aparecem, é preciso acolhê-los para seguir em frente.

“O ser humano não é ensinado a se olhar, a tentar entender o que está acontecendo consigo mesmo. Nós jogamos tudo debaixo do tapete”, diz. Por isso, ele reforça a importância de buscar entender as causas de cada aflição e condição psicológica para que haja a oportunidade de se conhecer melhor, se aceitar e se perdoar.

A seguir uma entrevista com o psicólogo. Confira:

1. Você combina conhecimentos de psicologia esotérica, psicodrama, xamanismo, constelação familiar e reiki para abordar a influência de memórias e consciências anteriores no cotidiano. Em resumo, como o presente e o passado se relacionam com a cura emocional?

Irineu Deliberalli: Somos seres multidimensionais e eternos. A própria técnica de Regressão de Memórias (RTVP) nos demonstra e comprova isso. Destra maneira, a estrutura da vida humana está relacionada a existência de sete corpos. Em nosso 3º corpo, que é o emocional, ficam os registros das memórias ou consciências de vidas passadas que não foram curadas. Voltamos em cada nova encarnação para curar este passado e, no decorrer de nossas vivências, estas histórias encostam em nós para serem ressignificadas.

2. O livro menciona casos de experiências passadas que afetam o presente, como o exemplo dos seus pés frios — você comenta que fica com os pés gelados até em dias de calor extremo porque descobriu que, 17 vidas atrás, ficou marcado por ter andado descalço na neve da Rússia. Você enxerga esses eventos como uma realidade que deixa um impacto duradouro na psique humana, ou há espaço para uma interpretação mais metafórica sobre os fatos?

I. D.: O nosso corpo emocional, que também é chamado de corpo astral, traz todas as histórias do nosso passado que não foram curadas, desde a primeira encarnação no planeta até agora. Eu não tenho só a história dos pés frios. Tenho outras histórias, como medo de altura, onde fui jogado numa ribanceira de mais de 700 metros em outra vida passada e resultou em uma consciência de depressão que apareceu e ficou quase um ano me perturbando com sintomas depressivos.

Comecei conversar com esta consciência, como se fosse um paciente em terapia, e essa consciência acabou sendo dissolvida. O livro traz uma realidade de uma forma didática que até hoje ninguém trouxe. Explico com clareza como essas histórias do nosso passado interferem no nosso presente, jamais sendo algo metafórico.

3. Além de suas próprias experiências e observações clínicas, de que maneira você se apoia em figuras influentes como Freud e Jung para embasar seus argumentos sobre a influência das memórias e consciências passadas?

I. D.: Os doutores, Freud, Jung e Moreno, foram os grandes mestres da psicologia que tenho estudado até hoje. Eles me deram embasamento para poder chegar à conclusão que cheguei. Cada um deles me ajudou a compreender a formação da psique humana, o desenvolvimento da nossa personalidade, o quanto a criança interior de cada um interfere na vida do adulto. É um lado meu Geminiano que gosta de entender como tudo funciona. Há uma grande insatisfação interior diante daquilo que eu não compreendo, então busco compreender. Porém sou obrigado a relatar para não faltar com a verdade, que tenho um nível de paranormalidade, que me permite perceber outros planos da realidade humana além desse material. E, por acessar esses planos e receber deles tantas informações, eu pude escrever esse livro.

4. Pensando no impacto dessas memórias, como você sugere que os leitores possam perdoar o passado e integrar essas experiências à sua vida atual para alcançar a felicidade pessoal? E qual a importância do autoconhecimento nessa jornada?

I. D.: Desde o oráculo de delfos na Grécia antiga onde a afirmação “homem, conheça-te a ti mesmo”, e Jesus trazer o cristianismo e afirmar “conheça a verdade e ela te libertará”, o doutor Freud – pioneiro na história da psicologia – começou a demonstrar a necessidade humana de entrar em contato com a nossa dor ou sombra. Quando isso faço, sem o julgamento da sociedade ou principalmente das religiões, eu tenho a possibilidade de ter uma compreensão maior sobre quem eu sou. Porém, é necessário ter coragem para se olhar, para se descobrir e para aceitar quem somos. Somos luz e sombra. Assim é feita a vida no planeta Terra.

5. Os capítulos trazem insights que podem interessar não somente a profissionais da área da saúde mental, mas também a públicos diversos que não têm conhecimentos profundos sobre as terapias de vidas passadas. Quais reflexões e ensinamentos você destaca, no geral?

I. D.: Entendo que tudo é muito simples e ao mesmo tempo muito complicado. O ser humano não é ensinado a se olhar, a tentar entender o que está acontecendo consigo mesmo. Nós jogamos tudo debaixo do tapete. E não temos o entendimento que aquilo que eu jogo de baixo tapete é sujeira e será a sombra que certamente virá à tona. Se pudesse dar uma dica seria a seguinte: olhe para si mesmo, se perceba, se conheça, se aceite e se perdoe. E se ame.

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