O câncer de mama permanece como o tipo mais comum entre as mulheres globalmente. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que, no Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama no último ano, com uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres. Historicamente, a idade média das pacientes com esse tipo de câncer era acima dos 60 anos, mas observa-se um aumento significativo da incidência em mulheres mais jovens. Segundo estudo do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), a proporção de pacientes com menos de 40 anos aumentou de 7,9% em 2009 para 21,8% em 2020.

Neste contexto, a preservação da fertilidade se torna um desafio terapêutico ainda maior, especialmente em mulheres jovens que planejam ter filhos. Segundo a especialista em reprodução assistida Cláudia Navarro, as estratégias para manter a capacidade reprodutiva dessas pacientes são fundamentais para garantir qualidade de vida após o tratamento.



Segundo ela, a resposta está na medicina, que trabalha pelas pessoas, por suas esperanças, sonhos e desejos. Além de as chances de cura serem cada vez mais altas no caso do câncer de mama, na medicina, a mulher encontra também respostas para o sonho de se tornar mãe após um tratamento bem-sucedido contra o tumor maligno: o congelamento de óvulos e fertilização.

“O congelamento de óvulos (criopreservação) é uma alternativa que deve ser ofertada à mulher antes do tratamento contra o câncer. Isso porque as terapias que envolvem o combate ao tumor maligno, principalmente a quimioterapia, podem impactar na fertilidade, de forma que uma concepção natural pode ser dificultada posteriormente”, alerta a médica.

Para fazer o congelamento, os óvulos são coletados após uma indução da ovulação. Isso é feito com medicamentos seguros, que não irão piorar a doença. E, na maioria das vezes, o atraso no início da quimioterapia, tempo necessário para o congelamento, não irá trazer prejuízos ao tratamento.

Vale ressaltar que a mulher que opta pelo congelamento não precisa ser casada ou ter um parceiro. “A decisão de uma gravidez fica a cargo dela, após o tratamento contra o câncer, podendo contar com um doador anônimo, por exemplo”, diz Cláudia.

O gameta feminino ficará, assim, armazenado para quando a mulher estiver em plenas condições de saúde para engravidar, quando então, seus óvulos, previamente congelados, irão passar pelo processo de fertilização in vitro (FIV) – ou seja, em laboratório, gerando embriões que serão transferidos para o útero dela.

Até o momento, nenhum tratamento é capaz de apresentar uma garantia total para uma gravidez futura, mas os resultados têm sido cada vez mais satisfatórios. Essas são algumas das respostas da medicina para o sonho da maternidade após a turbulência do câncer de mama. “Quando a medicina apresenta esse tipo de alternativa, de cuidado, de zelo com a mulher que ainda deseja gerar um filho, vem também uma visão, uma esperança pelo fim do tratamento bem-sucedido, com uma nova vida de saúde, ao lado da família e de quem estará no ventre, para chegar”, diz Cláudia Navarro.

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