Representando o estoque de óvulos das mulheres, reserva ovariana diminui naturalmente ao longo da vida, mas processo pode ser acelerado por fatores ambientais -  (crédito: Freepik)

Representando o estoque de óvulos das mulheres, reserva ovariana diminui naturalmente ao longo da vida, mas processo pode ser acelerado por fatores ambientais

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A mulher nasce com todo o estoque de óvulos que terá durante a vida. Esse estoque, conhecido como reserva ovariana, diminui gradualmente ao longo dos anos até a menopausa, última menstruação da mulher que indica o fim do estoque de óvulos e, consequentemente, da capacidade reprodutiva feminina. “No geral, a menopausa ocorre por volta dos 50 anos. Mas uma série de fatores, tanto genéticos quanto ambientais, podem acelerar a diminuição da reserva ovariana e levar a chamada menopausa precoce”, explica o especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, Rodrigo Rosa. Por exemplo, estudo publicado em janeiro na revista científica The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism aponta a exposição a metais pesados como um dos possíveis motivos pelos quais uma mulher pode ter uma reserva ovariana mais baixa em comparação com outras pessoas de sua idade.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de 549 mulheres de meia idade que estavam transicionando para a menopausa e apresentavam traços de metais pesados na urina. “Esses metais pesados incluem substâncias como cádmio, arsênio, mercúrio e chumbo e estão presentes, por exemplo, na poluição do ar, além de poderem contaminar a água e os alimentos, dependendo do local e do modo de cultivo e tratamento. No caso do cádmio, a principal forma de contaminação humana é por meio da inalação da fumaça do cigarro, tanto por tabagistas quanto por fumantes passivos”, diz o especialista, que explica que esses metais pesados são disruptores endócrinos importantes. “Isso quer dizer que essas substâncias imitam, bloqueiam ou alteram os níveis normais dos hormônios do organismo, incluindo aqueles envolvidos na função reprodutiva”, esclarece o médico.



Além da urina, os pesquisadores também analisaram amostras de sangue colhidas até dez anos antes do último período menstrual dessas mulheres para verificar os níveis de hormônio anti-mülleriano (AMH). “O AMH é o melhor marcador da reserva ovariana, indicando aproximadamente quantos óvulos uma mulher ainda possui, como se fosse um relógio biológico dos ovários. Quanto mais alto o valor de AMH, maior o estoque de óvulos”, explica Rodrigo. Com bases nessas duas amostras, de sangue e de urina, os pesquisadores descobriram que mulheres com maior quantidade de metais pesados na urina eram mais propensas a ter menores níveis de AMH e, logo, um menor estoque de óvulos.

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Apesar do estudo possuir limitações, sendo necessário, por exemplo, aumentar a amostra para entender o impacto desses metais em mulheres mais jovens, a descoberta é relevante para entender algumas das causas por trás da diminuição precoce da reserva ovariana, bem como para elaboração de estratégias para preservar a fertilidade nessas mulheres. “Pode ser interessante, por exemplo, que mulheres com maior exposição a metais pesados congelem seus óvulos para que consigam engravidar no futuro, mesmo que a reserva ovariana chegue ao fim”, pontua o médico.

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Rodrigo Rosa ressalta que é possível engravidar de maneira natural mesmo com baixa reserva ovariana, porém, as chances são menores. “Como o número de óvulos disponíveis é menor, o ideal para mulheres com baixa reserva ovariana é buscar um especialista em reprodução humana para não desperdiçar óvulos e aumentar as chances de gravidez. Dependendo do caso, o médico poderá recomendar procedimentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, em que o óvulo é coletado para ser fecundado com o espermatozoide em laboratório, formando um embrião que é transferido novamente para o útero”, esclarece.