Pesquisas recentes destacam a importância de um estilo de vida saudável na prevenção do declínio cognitivo em idosos, mesmo na presença de sinais cerebrais de demência. Um estudo publicado na JAMA Neurology em fevereiro deste ano revelou uma forte associação entre hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada, atividade física regular e baixo consumo de álcool, e uma melhor função cognitiva em pacientes idosos. Os dados, coletados de pacientes do Rush Memory and Aging Project ao longo de 25 anos, mostraram que essas práticas também contribuem para uma maior reserva cognitiva, permitindo que a cognição se mantenha robusta, apesar das mudanças cerebrais ligadas à demência.
De acordo com a médica geriatra da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, a pesquisa comprova o que a classe médica já vem pontuando há algum tempo: a necessidade de considerar fatores de estilo de vida como uma parte essencial da prevenção e tratamento do Alzheimer, juntamente com medicamentos, no último caso. "A demência é uma síndrome clínica caracterizada pela deterioração progressiva de funções cognitivas, como memória, raciocínio e habilidades. Afeta a capacidade de uma pessoa realizar atividades diárias por diversas causas diferentes, levando a um declínio funcional”.
Ela explica que a reserva cognitiva é um conceito que tem a ver com a capacidade do cérebro de compensar ou retardar o impacto das doenças subjacentes, como as neurodegenerativas, adiando suas perdas ou manifestações clínicas. A geriatra conta que é algo que se adquire ao longo da vida através de fatores como educação, envolvimento social e atividades cognitivas estimulantes, como a leitura, a aprendizagem de novas habilidades/línguas e a resolução de quebra-cabeças.
“A relação entre reserva cognitiva e demência é amplamente reconhecida, e várias pesquisas indicam que, quanto maior é essa reserva, mais pode atrasar o aparecimento dos sintomas de demência, mesmo na presença de alterações patológicas no cérebro.”
Simone pondera que o estilo de vida saudável inclui dieta equilibrada, atividade física regular e engajamento social. Tudo isso pode contribuir para a manutenção da saúde cerebral. “Os exercícios aeróbicos e atividades de fortalecimento muscular regulares melhoram a saúde, bem como uma alimentação rica em nutrientes, especialmente a dieta mediterrânea, que inclui frutas, vegetais, peixes, azeite de oliva e grãos integrais.”
A especialista fala na realização de atividades que desafiam a mente, como aprender uma nova língua, tocar um instrumento musical ou participar de jogos mentais. O envolvimento social frequente também contribuí para uma melhor saúde cognitiva. Não menos importante é gerenciar doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado, com tratamento adequado e contínuo.
“A compreensão dessas conexões entre hábitos saudáveis, mudanças cerebrais e cognição, fortalece e incentiva ainda mais a realização de outras pesquisas futuras que explorem essa relação em populações diversas e, principalmente, a mudança no estilo de vida das pessoas”, aponta Simone.