No Brasil, o câncer de cérebro representa cerca de 4% dos casos, ocupando o 10° lugar dos tumores que mais matam no país -  (crédito: Freepik)

No Brasil, o câncer de cérebro representa cerca de 4% dos casos, ocupando o 10° lugar dos tumores que mais matam no país

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A campanha Maio Cinza tem por objetivo destacar a importância da conscientização sobre o câncer de cérebro e do sistema nervoso central (SNC). Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de do sistema nervoso central representa de 1,4% a 1,8% dos todos tumores malignos no mundo, e cerca de 80% dos tumores SNC são no cérebro. No Brasil, o câncer de cérebro representa cerca de 4% dos casos, ocupando o 10° lugar dos tumores que mais matam no país. Esse tipo câncer é relacionado àqueles tumores que têm origem no SNC, seja na região do encéfalo, que compreende o cérebro e cerebelo, ou na região da medula espinhal, onde estão os nervos que saem do cérebro e descem pela coluna para se comunicar com os outros órgãos.

A oncologista clínica, do Cetus Oncologia e Hospital Semper, Daniella Pimenta, explica sobre a gravidade da doença. “Esses tipos de tumor têm uma gravidade variável. Quando se tem tumores mais indolentes (aqueles de mais baixo grau, que se desenvolvem mais devagar, podendo acometer pessoas mais jovens), normalmente são de melhor prognóstico, ou seja, tem melhores taxas de sobrevida e resposta aos tratamentos empregados. Porém, infelizmente, há também tumores mais agressivos, como os gliomas de alto grau, por exemplo, o glioblastoma multiforme, que hoje em dia é chamado de glioblastoma grau 4 pela OMS. Ele tem um pior prognóstico e, geralmente, acomete pessoas mais idosas.”



Os sintomas mais comuns do câncer de cérebro são: crises convulsivas ou dor de cabeça (cefaleia), que normalmente são persistentes e com a piora progressiva, dificuldade de fala ou de movimento, algum tipo de dormência, parestesia nas mãos ou nos pés, principalmente se for unilateral. Pessoas que não têm costume de ter dores de cabeça ou enxaquecas, caso apresentem qualquer um desses sintomas, devem se atentar e procurar atendimento médico, especialmente se tiverem mais do que 50 anos.

Sobre os fatores de risco da doença, Daniella diz que são variáveis. "Os principais seriam a idade avançada, sobretudo acima dos 60 anos, histórico familiar e exposição prévia à radiação. Sabemos, também, que algumas doenças genéticas podem aumentar a probabilidade de tumores cerebrais, porém, isso é mais raro”. O diagnóstico da doença é feito através de um conjunto de fatores: a junção da clínica com métodos de imagem, como tomografia e a ressonância magnética, a biópsia com a imunoistoquímica, além de alguns painéis moleculares, que auxiliam a diferenciar um subtipo tumoral do outro.

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Daniella Pimenta fala sobre as condições de sobrevida dos pacientes. “Percebemos que, quando se tem gliomas de mais baixo grau, grau 1 ou 2, a sobrevida é de muitos anos. Agora, quando o paciente tem tumores grau 3 ou 4, a sobrevida é mais curta. No caso do glioblastoma, a sobrevida mediana pode chegar a quase dois anos com os tratamentos mais modernos. No entanto, infelizmente, há pessoas que evoluem de forma desfavorável e tem uma mortalidade mais precoce”.

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A oncologista reforça a importância de uma equipe multiprofissional para o bem estar dos pacientes. “Pacientes que desenvolvem tumores do SNC e câncer de cérebro devem ter um acompanhamento multiprofissional para uma melhor qualidade de vida. Especialistas como neuro oncologistas (profissionais oncologistas, neurocirurgiões e oncologistas capacitados que são subespecialistas na área), neurologistas, nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros, são muito importantes. O paliativista também é valioso, principalmente para pacientes que tenham risco maior de mortalidade relacionado ao câncer, ou quando tem uma doença mais avançada. A equipe multiprofissional auxilia nos ajustes de medicamentos, reconciliação medicamentosa, sobretudo em pacientes que tem crises convulsivas, contribuem para melhorias nos déficits neurológicos e ajudam no cuidado integral ao paciente. O cérebro é o nosso órgão mais nobre, então, devemos utilizar todas as armas que possuímos para cuidar de nossos pacientes de forma multiprofissional e especializada, e assim termos os melhores desfechos e resultados."