Enchentes, como as ocorridas no Rio Grande do Sul (foto), aumenta o potencial de transmissão da leptospirose -  (crédito: AFP)

Enchentes, como as ocorridas no Rio Grande do Sul (foto), aumenta o potencial de transmissão da leptospirose

crédito: AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na última terça (21), o governo do RS confirmou o segundo óbito por leptospirose em decorrência das enchentes que atingiram 365 municípios do Rio Grande do Sul.

 

O homem, de 33 anos, era morador de Venâncio Aires, município no centro do estado. A morte foi confirmada pela prefeitura no dia 17 de maio.

 

Segundo familiares confirmaram à Prefeitura local, o homem teve contato com as águas das enchentes, mas chegou a tomar cuidados necessários, como o uso de botas.

 

 

A primeira morte foi a de um homem de 67 anos, residente do município de Travesseiro, no vale do Taquari.

 

 

A Secretaria de Estado de Saúde também monitora um total de 304 casos suspeitos e 19 confirmados da doença no estado.

 

A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e a Sociedade Gaúcha de Infectologia publicaram notas alertando para o aumento de casos de leptospirose.

 

Veja abaixo o que é a doença, como ela é transmitida, quais os principais sintomas e tratamento.

 

VEJA PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE LEPTOSPIROSE

 

O que é a leptospirose

 

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira interrogans. Ela pode estar presente no rato, no cachorro, no porco, na vaca e na cabra. A bactéria se aloja nos rins desses animais, que a eliminam pela urina.

 

O contágio acontece por meio do contato com a urina dos animais infectados, o que pode ocorrer na água das enchentes. Machucados pelo corpo favorecem a contaminação, mas a bactéria penetra na pele mesmo quando não há lesões.

 

"Uma pele levantada no pé ou unha mal cortada já são suficientes para a bactéria penetrar. Estamos falando de bactérias que são microscópicas, então não precisa de um ferimento grande", afirma Lina Paola Miranda Ruiz Rodrigues, infectologista da BP (A Beneficência Portuguesa) de São Paulo.

 

 Quais os sintomas da leptospirose?

 

A doença pode ser assintomática. Quando há sintomas, o paciente tem dor no corpo e na cabeça, febre alta, de 38,5ºC, 39ºC, diarreia, náuseas, vômitos, dor na panturrilha e conjuntivite (ou olhos avermelhados). Por ser confundida com outras doenças infecciosas, muitas vezes o atendimento é postergado.

 

Nas formas graves, a manifestação da leptospirose é a síndrome de Weil. "O paciente tem icterícia, hemorragia pulmonar e insuficiência renal, ele para de urinar. Ele fica sonolento, confuso e precisa ser cuidado numa UTI (unidade de terapia intensiva)", explica a médica.

 

Como é feito o tratamento da leptospirose?

 

A leptospirose pode ser tratada com antibióticos de amplo espectro, como doxicilina ou amoxicilina. Para a fase tardia, a penicilina e outros antibióticos derivados dela.

 

Ainda segundo a SBI, a recomendação geral é que antimicrobianos não sejam usados para prevenção como conduta de rotina. A associação se baseia em estudo que mostra que "não há diferença de mortalidade, infecção ou soroconversão com os esquemas de profilaxia utilizados, o que faz com que a prescrição do antimicrobiano não seja adequado como ampla medida de saúde pública".

 

No entanto, algumas revisões e publicações, incluindo um guia de tratamento publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2003, apontam que a profilaxia com antimicrobianos pode ser feita em situações de alto risco, sob a justificativa de que, apesar de os estudos terem baixo número de participantes, falhas de randomização, serem heterogêneos e essa intervenção aplicada em momentos diferentes da história clínica, há uma tendência de benefício no uso dessas medicações.

 

 

 

*VEJA AS INSTRUÇÕES DE USO:

 

DOXICICLINA

 

1 - Adultos: 200 mg por via oral, em dose única, para pessoas após a exposição de alto risco;

 

2 - Adultos: 200 mg por via oral, 1 vez por semana enquanto ocorrer a exposição (resgate/socorristas);

 

3 - Crianças: 4 mg/kg por via oral, em dose única, para crianças após exposição de alto risco; a dose máxima recomendada é de 200 mg.

 

 

 

AZITROMICINA

 

1 - Adultos: 500 mg, por via oral, em dose única para pessoas após a exposição de alto risco;

 

2 - Adultos: 500 mg por via oral, uma vez por semana enquanto ocorrer a exposição (resgate/socorristas);

 

3 - Crianças: 10 mg/kg por via oral, em dose única, para crianças após a exposição de alto risco; a dose máxima é de 500 mg

 

 Existe prevenção para a leptospirose?

 

Para a prevenção, a indicação principal da SBI é a doxiciclina, administrada em dose única para adultos e com base no peso corporal para crianças. A alternativa ao medicamento é a azitromicina, nas mesmas condições.

 

A entidade ressaltou ainda que a profilaxia com doxiciclina não deve ser feita em gestantes e lactantes, e que há risco de infecção quando as pessoas retornam às suas residências. Devem ser usados EPI's (botas, luvas, calças para proteção) em locais onde normalmente há contato com água suja ou lama.