A queda de cabelo é um problema comum entre as mulheres: cerca de 40% sofrem com a condição em algum momento da vida -  (crédito: Freepik)

Esse tipo de queda assusta os pacientes, pois pode envolver a perda de até um terço do volume do cabelo

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Em meio à recente epidemia de dengue, que tem provocado fortes sintomas relacionados ao estresse fisiológico, como febre, dores musculares e articulares e erupções cutâneas, muitos pacientes que se recuperam da doença, principalmente na forma hemorrágica, podem sentir consequências meses após adoecerem – e uma delas é a queda de cabelo. A febre é um sintoma comum da dengue, também era notada na COVID-19, e já é bem documentado cientificamente que, alguns meses depois de ter febre alta ou se recuperar de uma doença, muitas pessoas percebem uma perda de cabelo.

 

"Esse quadro é chamado de eflúvio telógeno e acontece quando os cabelos saem da fase de crescimento (anágena) e entram precocemente na fase de queda (telógena). Vários fatores podem desencadear o eflúvio telógeno: infecções virais diversas, como COVID-19 e dengue, cirurgias, medicamentos, início ou interrupção de anticoncepcional, estresse emocional, dietas restritivas, entre outros”, explica a dermatologista Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “A queda de cabelo nessas situações de infecção e alta inflamação não é um fenômeno surpreendente, sendo notado geralmente cerca de até três meses depois da pessoa adoecer”, acrescenta.

 

 

Esse tipo de queda assusta os pacientes, segundo a dermatologista, pois pode envolver a perda de até um terço do volume do cabelo. “A boa notícia é que esse processo é geralmente temporário e auto resolutivo. Cerca de 85% a 90% do cabelo de uma pessoa saudável está na fase anágena ou no estágio ativo de crescimento. O resto do cabelo está em uma fase de repouso, também conhecida como fase telógena. A queda do cabelo é normal, pois o cabelo permanece na fase anágena por cerca de dois a quatro anos, depois vai para a fase telógena, onde cai para ser substituído por novos”, afirma a médica. “Na condição chamada eflúvio telógeno, mais fios de cabelo entram na fase de repouso, resultando em maior queda, principalmente da parte superior do couro cabeludo”, explica.

 

De acordo com a especialista, os pacientes relatam que 'punhados' de cabelo saem da cabeça ao tomar banho ou escovar o cabelo. “Essa queda de cabelo pode durar de três a seis meses. A maioria das pessoas, então, vê diminuição da queda e o cabelo voltando ao normal. Porém, de 10 a 20% desses pacientes podem não melhorar espontaneamente, necessitando de tratamento. Nesses casos, vale a pena passar por uma consulta médica para investigar outras causas de perda dos fios e então tratar adequadamente”.

 

A doença também pode agravar quadros de queda capilar pré-existentes. “Por exemplo, se o paciente já sofre com alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície, esse quadro será mais acentuado e, consequentemente, mais difícil de recuperar”, alerta.

 

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A dieta entra como parte do tratamento. “É importante investir em medidas que vão acelerar esse processo de recuperação, como investir em uma nutrição adequada, especialmente com alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais”, aconselha Lilian. É possível também associar tratamentos para evitar que a queda seja ainda mais prolongada e acentuada. “Podemos utilizar, por exemplo, tônicos específicos para controle da queda capilar, assim como podemos realizar a aplicação de laser e medicamentos em consultórios para amenizar o quadro. É importante também lavar regularmente os fios, pois a oleosidade excessiva na região pode exacerbar a queda. Evite ainda realizar procedimentos que possam agravar o problema, como escova progressiva e tinturas”, recomenda.

 

Por fim, vale ressaltar que é natural que alguns fios caiam diariamente. “A preocupação com a queda só é necessária quando o número de fios caindo por dia for maior que 100, se o volume capilar diminuir acentuadamente ou se começarem a surgir falhas. E, caso o paciente apresente queda de cabelo importante com ou sem outros sintomas, o mais importante é consultar um médico para passar por uma avaliação e receber o diagnóstico e tratamento adequado”.