Atores, personalidades públicas, anônimos ou qualquer mortal, pode sofrer com problemas psíquicos e emocionais. Principalmente após a vivência traumática para muitos, que foi o período pandêmico. Tanto que, em entrevista recente o ator Marcelo Serrado, relatou ter enfrentado a síndrome do pânico e severas crises de ansiedade. "Foram horas terríveis. Mas estou bem agora", diz em postagem realizada em suas redes sociais. 

 

Mão formigando, medo intenso e coração acelerado, foram sentimentos que passaram a fazer parte da rotina do carioca de 55 anos, que ouvia frases do tipo: “ator, bem sucedido, financeiramente equilibrado, como pode ter síndrome do pânico?”. Pois é, mas estas escolhas independem da vontade do indivíduo. Sendo que todos estão sujeitos a sofrer psiquicamente, visto que as fragilidades emocionais não distinguem anônimos de celebridades, assim como qualquer outro tipo de doença também não.

 

E como lidar com a ansiedade excessiva e o pânico? O que vem a ser essa síndrome e de que forma ela se manifesta? A psicanalista Andrea Ladislau explica que a síndrome do pânico é uma condição em que há crises súbitas de ansiedade, medo, desespero associados a sintomas físicos, como:

  • Dor no peito
  • Falta de ar
  • Tontura
  • Formigamentos
  • Tremores
  • Suor excessivo

 

A sensação é de morte ou perda do controle. A crise pode acontecer sem motivo aparente ou após um estresse emocional, e depois, gera ansiedade antecipatória (medo de acontecer novamente).

 

 

“O medo de perder o controle da situação faz o indivíduo evitar lugares muito cheios ou fechados. E quando se forçam, acabam desencadeando novas crises que se tornam mais constantes, e atrapalham a realização de atividades simples do cotidiano, como: ir ao mercado, entrar no elevador, andar de ônibus”, explica Andrea. 

 

A psicanalista informa também que infelizmente, a crise aparece quando menos se espera e a duração varia de pessoa para pessoa, podendo ter picos de cinco até 30 minutos, seguida por uma sensação de esgotamento e cansaço.

 

“A busca por um acompanhamento psicoterápico é fundamental para entender quais os gatilhos para início dos sintomas e como controlar os efeitos perturbadores da síndrome. Existe cura para a doença, embora seja difícil alcançar a cura completa do transtorno, pois a taxa de recaída da síndrome é bastante elevada e a maioria das pessoas volta a sofrer com os ataques”, complementa. 

 

A psicanalista complementa que os medicamentos e a psicoterapia são os mais recomendados, já que atuam sobre os desequilíbrios bioquímicos que geram os efeitos físicos associados à doença, além de trabalharem os medos, as fobias, a ansiedade e provocar mudanças comportamentais para que o indivíduo aprenda técnicas que possam mudar a sua atitude diante dos ataques de pânico.

 

Marcelo Serrado, buscou ajuda profissional e medicamentosa para enfrentar a síndrome do pânico e relata que percebeu a necessidade de falar sobre o assunto, uma vez que muitas pessoas sofrem com este problema e nem sempre sabem como agir. Encontrou caminhos de libertação através da construção de uma rede de apoio, leituras e hobbies, como a música, para sentir-se mais forte para lutar contra a síndrome.

 

 

“Por ser uma figura pública, ele se viu perdido e angustiado, perturbado pelo elevado grau de estresse, por pensamentos irracionais, pelo medo geral ou medo do desconhecido, chamado de agorafobia, que o impediam de se relacionar com as pessoas a sua volta. Ou seja, quem sofre com a síndrome de pânico, tendenciosamente, sempre procura estar isolado e sofre com a intensidade das crises”, alerta Andrea.

 

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Enfim, a vulnerabilidade imposta por essa síndrome pode afetar homens e mulheres em diversas faixas etárias e em qualquer classe social.

 

“O ideal é, ao perceber o menor sinal de desequilíbrio, buscar ajuda de um profissional de saúde mental que irá, através de ferramentas adequadas, identificar o problema e dar a tratativa correta para que se consiga viver de forma plena, saudável e equilibrada”, recomenda a psicanalista.