Essa terça-feira (28/5) é o Dia Internacional da Masturbação, tema que ainda é um grande tabu em qualquer época da vida. Mas a realização dessa prática na menopausa é ainda menos discutida. Muitas mulheres, inclusive, deixam de se masturbar nesse momento da vida, apesar dos inúmeros benefícios que a masturbação pode proporcionar durante essa fase marcada pela queda nos níveis hormonais e sintomas como fogachos, sudorese excessiva, alterações de humor e diminuição da função e desejo sexual.
“Diversos fatores podem prejudicar a libido na menopausa, fazendo com que a mulher deixe de se masturbar. Mas temos, principalmente, uma questão hormonal. A queda nos níveis hormonais prejudica o desejo e a resposta sexual”, diz o ginecologista, membro da North American Menopause Society (NAMS), da International Menopause Society (IMS) e associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Igor Padovesi. “Além disso, na menopausa, muitas mulheres já estão naquela fase de relacionamentos muito longos, duradouros, que é um fator que claramente prejudica o erotismo, a frequência das relações e a prática da masturbação”, acrescenta.
Mas o médico ressalta que é fundamental que a mulher mantenha essa prática viva mesmo na menopausa, pois é uma parte integral da saúde feminina, com múltiplos benefícios. “A sexualidade saudável é um dos pilares da saúde segundo a Organização Mundial da Saúde. Tanto o sexo quanto a masturbação estimulam o fluxo sanguíneo da região genital, o que pode melhorar a lubrificação e ajudar a combater o ressecamento vaginal, também fortalecem os músculos do assoalho pélvico, reduzindo a incontinência urinária e aumentando a sensibilidade, e ainda liberam substâncias que causam relaxamento e ajudam no combate ao estresse e flutuações de humor”, diz o ginecologista.
Além disso, a masturbação é fundamental para o autoconhecimento e para conquistar uma relação mais saudável com a própria sexualidade e com o seu corpo. “Essa prática ajuda a mulher conhecer o corpo e saber como e onde ela tem mais prazer, o que, inclusive, melhora a satisfação sexual nas relações”, destaca Igor, que acrescenta que dados apontam que 70% a 80% das mulheres não conseguem atingir o orgasmo nas relações sexuais tradicionais, sem um estímulo direto no clitóris. “E na menopausa atingir o orgasmo torna-se ainda mais difícil. A intensidade das sensações prazerosas diminui nessa fase, a resposta orgástica é mais lenta e menos intensa. E isso só piora com o passar do tempo, especialmente quando as mulheres não realizam a terapia hormonal.”
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A terapia hormonal, de acordo com o especialista, é a principal estratégia comprovada para recuperar a libido e a satisfação sexual das mulheres na menopausa. “O tratamento atua diretamente na principal causa do problema: o desequilibro hormonal. É cientificamente comprovado que, quando realizada corretamente, a terapia hormonal, além de ser muito segura, é capaz de melhorar a função sexual, pois trata os sintomas da síndrome geniturinária da menopausa (SGM), como falta de lubrificação, atrofia vaginal e dor na relação sexual, além de melhorar a libido e a satisfação sexual”, destaca o médico.
Outra estratégia que pode ajudar na satisfação sexual é o uso de acessórios, de acordo com Igor Padovesi. “Para conseguir chegar ao orgasmo com mais facilidade, a mulher precisa de algum estímulo no clitóris, então o uso de brinquedos sexuais tornou-se algo de prescrição médica. Isso melhora a satisfação da mulher, não só quando se masturba sozinha, mas também quando utiliza com um parceiro. Geralmente, recomendamos o chamado bullet (vibrador) como o primeiro sex toy da mulher, pois é pequeno, tem um formato discreto e um estímulo vibratório para atuar no clitóris”, aconselha.
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Mais um fator que pode fazer com que as mulheres deixem de se masturbar é a flacidez de estruturas como os pequenos lábios, o que ocorre naturalmente com o envelhecimento. “Não existe um padrão normal estético para a região, já que sua anatomia varia muito de pessoa para pessoa. Mas algumas mulheres se incomodam, sentem desconforto, constrangimento, as vezes até parando de se masturbar ou até de ter relações sexuais. Nesses casos, pode ser recomendada a cirurgia de ninfoplastia, que tem como objetivo remover o excesso de pele dos pequenos lábios, deixando-os para dentro dos grandes lábios”, diz o médico.
Relativamente simples, o procedimento pode ser realizado com laser e/ou com bisturi elétrico de alta frequência. E traz benefícios. “Uma pesquisa brasileira mostrou que 87,6% das mulheres submetidas à cirurgia experimentam grande melhora na autoestima e 82,7% relataram maior interesse, desejo e satisfação nas relações sexuais. Não é normal sentir queda da libido e da função sexual. Nesses casos, o mais importante é buscar um médico para passar por uma avaliação e receber as recomendações adequadas”, recomenda Igor Padovesi.