Incômodos são inúmeros e vão de dificuldade em adormecer até menos interesse em atividades sexuais -  (crédito: Freepik)

Incômodos são inúmeros e vão de dificuldade em adormecer até menos interesse em atividades sexuais

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Para mulheres que estão a caminho da menopausa, a frase “Não me sinto mais a mesma” (Not Feeling Like Myself - NFLM) é quase um mantra – ou melhor, um pedido de socorro. Um estudo recente, publicado no final de março no periódico Menopause, da The Menopause Society, mostrou que 63,3% das mulheres na perimenopausa relataram a sensação de NFLM em 50% das vezes nos últimos três meses. “Chamamos de perimenopausa o primeiro estágio do climatério, um período que antecede a menopausa e é marcado geralmente por uma série de sintomas inespecíficos. Essa sensação da mulher de se sentir diferente vem com um conjunto de sintomas que antecedem a menopausa, porque o mais característico, aqueles calorões que muitas mulheres esperam ter, podem aparecer em uma fase mais tardia do processo de transição para a menopausa e às vezes só depois da menopausa. E, mesmo assim, 20% das mulheres podem não ter”, explica o ginecologista, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS), Igor Padovesi. Os incômodos são realmente inúmeros e vão de dificuldade em adormecer até menos interesse em atividades sexuais.

Segundo Igor, a bateria de sensações mapeadas pelo estudo incluem: sintomas do sono (dificuldade em adormecer, acordar no meio da noite e voltar a dormir, acordar no meio da noite e ficar acordado por uma hora ou mais, acordar e ter sentimentos de pânico e acordar cedo); vasomotores (ondas de calor, suor noturno e palpitações); alterações de humor (irritação, ansiedade e nervosismo, menor capacidade de lidar com as situações, preocupação, sentimentos tristes, mudanças repentinas de humor, ataques de pânico, raiva repentina, choro e dificuldade em se acalmar); confusão mental (esquecimento, dificuldade de concentração e em tomar decisões, tontura, vertigem e tontura com sensação de desmaio), dores de cabeça (dores de cabeça tensionais e enxaqueca) e seios doloridos (mastalgia); secura (pele seca, coceira, acne e olhos secos); alterações vaginais (secura ou coceira vaginal e dor vulvar sem relação sexual) e urinárias (perda da urina com ou sem tosse e espirro, alterações na frequência urinária e maior urgência urinária); sintomas digestivos (inchaço, azia, náusea, constipação, diarreia e dor abdominal); dor (articular e muscular, nas costas, na perna, de pescoço, no ombro e rigidez articular e muscular) e fadiga; e sexo doloroso com baixa libido (dor com relação sexual na penetração, diminuição da lubrificação vaginal com excitação, menos interesse em atividades sexuais, dificuldade em experimentar o orgasmo e em se sentir excitada). “Os médicos devem estar atentos aos sinais clínicos relatados pela paciente, que são muito mais importantes do que os níveis hormonais dosados, já que esses podem variar muito na perimenopausa”, diz o especialista. No estudo, 1.263 mulheres entre 35 e 55 anos forneceram dados completos para a análise multivariada.



De acordo com Igor Padovesi, não é incomum que as mulheres cheguem ao consultório relatando diversos sintomas e que, muitas vezes, não são identificados por médicos como um prenúncio da menopausa. “Nesse contexto, é comum que as mulheres saltem de um especialista a outro, tratando sintomas e não a principal causa, que é hormonal. Muitas escolas de medicina e programas de residência não explicam aos aspirantes a médicos os sinais clínicos da menopausa e perimenopausa. E é fundamental que eles saibam para iniciar o tratamento de reposição hormonal”, acrescenta.

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Há diversas maneiras de aliviar os sintomas, explica o ginecologista. “A mais utilizada são os hormônios, nos chamados esquemas de terapias hormonais. São usados normalmente estrogênios, em diversas vias de aplicação, variando da forma oral, gel na pele ou na região da vulva e vagina e adesivos transdérmicos, além de implantes hormonais. Toda essa terapia visa manter os níveis de hormônios femininos em valores próximos aos encontrados durante a vida reprodutiva da mulher. São tratamentos bastante seguros, desde que monitorados por um médico regularmente”, comenta Igor Padovesi. “Temos também tratamentos adjuvantes, com dietas, fisioterapia, higiene mental, atividade física, meditação e outros. Esse é um período da vida em que a mulher passa por transformações e precisa de um entendimento global sobre sua nova fase, que pode ser muito melhor do que as anteriores se bem cuidada”, aponta o médico.