O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos foi criado como forma de alerta à população quanto aos riscos da automedicação e a necessidade de conscientização social sobre a maneira correta e segura de consumir esses produtos. A data, oficializada em cinco de maio, dá luz a um problema grave e que precisa ser discutido - visto que o uso indiscriminado dessas substâncias pode provocar um alto índice de intoxicação, sendo que cerca de 90% das pessoas acima dos 16 anos se automedicam no Brasil, segundo pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade em parceria com o Datafolha. 

Dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) mostram que cerca de 20 mil pessoas morrem anualmente no Brasil como consequência da automedicação. Os números preocupam entidades do setor da saúde. “É um problema realmente grave, que envolve pacientes, médicos, dentistas e farmacêuticos, entre outros profissionais de saúde. Todos precisam estar atentos e atualizados quanto às recomendações oficiais”, comenta o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Raul Canal.



Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “entende-se que há uso racional quando os pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”.

Semaglutina

Considerando esse cenário, a Novo Nordisk emitiu comunicado com uma série de informações par alertar a população sobre formatos irregulares  da semaglutida - princípio ativo de parte dos medicamentos fabricados para diabetes tipo 2 e obesidade. A compreensão da problemática sobre a ingestão de medicamentos de forma inadequada é importante para a preservação de vidas. A substância é um receptor químico do peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1) e seu uso foi aprovado pelos órgãos reguladores somente em alguns formatos. 


Estes medicamentos foram estudados e devidamente testados para o tratamento seguro de populações e patologias específicas, portanto, sua segurança está garantida apenas quando as moléculas registradas junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são utilizadas conforme as indicações de uso apresentadas em bula. Para gerar conscientização sobre o tema e alertar a população, a companhia listou os principais termos disseminados, principalmente na internet, considerados propagandas enganosas e que representam risco à saúde dos pacientes:

Chá, componente natural e implante 

A molécula semaglutida (princípio ativo do medicamento) não foi desenvolvida, em nenhum lugar do mundo, para uso em formato injetável em frascos, em cápsulas orais, pellets absorvíveis, fitas, chip ou chás. Visto que a Novo Nordisk é detentora da patente da molécula semaglutida, de forma exclusiva, até pelo menos o ano de 2026, qualquer formato diferente do comercializado pela companhia é considerado irregular. A empresa desconhece a origem das matérias-primas e a forma de fabricação desses produtos e, por isso, é necessário estar atento às promoções atrativas, porém fraudulentas.

"A Novo Nordisk ressalta que a importação, manipulação, fabricação e comercialização dos medicamentos e princípios ativos registrados pela companhia no Brasil que não sejam nas apresentações originais são consideradas irregulares. É importante ressaltar que, de acordo com a Anvisa, medicamentos irregulares não oferecem garantias de eficácia, segurança e qualidade exigidas para produtos sob vigilância sanitária, podendo representar risco de dano e ameaça à saúde", diz em nota. 

Canais não autorizados

Existe ainda o risco de comprar medicamentos através de canais não autorizados e receber um produto falsificado. Para evitar esse tipo de golpe, desconfie sempre de:

  • Sites e canais não licenciados pela Anvisa para comercialização de medicamentos e que usam os nomes das marcas e/ou adotam aplicativos de vendas e redes sociais para ofertar os produtos
  • Embalagem do medicamento visivelmente alterada, em idioma estrangeiro, com aparência farmacêutica diferente da registrada e com informações incorretas sobre o produto
  • Preços muito abaixo dos aprovados pelo governo (todos os produtos Novo Nordisk seguem a tabela da CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país)
  • Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informações, os pacientes podem entrar em contato com o SAC da Novo Nordisk por meio do 0800 014 44 88, ou do e-mail 

Uso correto

A Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) também separou algumas dicas para o uso e compra de medicamentos, veja: 

1. Orientação profissional e vencimento em dia

Entre as práticas que devem ser adotadas no dia a dia, estão: evitar tomar medicamentos sem orientação de um profissional de saúde (como médicos, dentistas e farmacêuticos) e o uso indiscriminado dessas substâncias, ou seja, sem necessidade. Não é indicado, ainda, fazer uso de remédios vencidos, comprados em feiras e camelôs, por exemplo.

2. Intoxicação: busque ajuda imediatamente

Em caso de intoxicação por medicamento, é essencial buscar ajuda. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pode ser acionado por meio do telefone 192. A Anvisa também criou o Disque-Intoxicação (0800-722-6001). A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica.

3. Antibióticos x resistência microbiana

O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos também é uma oportunidade para divulgar e reforçar informações sobre a resistência microbiana aos antibióticos, que torna as infecções mais difíceis de serem tratadas. Como consequência, aumenta o risco de propagação e gravidade das doenças, o que implica no aumento de mortes.

“Os serviços de saúde são um dos principais focos da Anvisa na promoção de medidas preventivas. Fazem parte das ações elaborar e divulgar documentos que informem e orientem os serviços e profissionais de saúde sobre a prevenção e o controle dessas infecções, assim como o gerenciamento do uso de antibióticos”, afirma o presidente da Anadem.

4. Cuidado com a falsificação

A falsificação de medicamentos é outro fator preocupante e requer a atenção do consumidor ao comprar remédio. “Conferir sempre se o produto tem registro na Anvisa é o primeiro passo, assim como desconfiar das liquidações, uma vez que preços muito baixos podem indicar que o medicamento tem origem duvidosa, sem nenhuma garantia de qualidade”, explica Canal.

5. Tenha a Nota Fiscal do produto

Também é recomendado guardar a Nota Fiscal do medicamento que está sendo usado para que tenha esse comprovante caso precise consultar ou registrar alguma queixa com relação ao produto. Já para a situação de o remédio deixar de fazer efeito, a orientação é procurar o médico imediatamente.

6. Consulta de preços

As farmácias e drogarias, assim como laboratórios, distribuidores e importadores, não podem cobrar pelos medicamentos acima do preço permitido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Em abril, foi lançado um novo painel para a consulta de preços. Nele, os consumidores podem consultar o valor do produto desejado buscando o nome do medicamento, princípio ativo ou número de registro.

 

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