A vacina é um dos aliados da população para frear o aumento de internações e casos de doenças respiratórias. Por isso, novos imunizante surgem para prevenir quadros graves de resfriados, gripes, bronquiolites e pneumonias - além de ampliar a faixa etária dos imunizados e aumentar a gama de doenças erradicadas por meio da vacinação. Historicamente, o outono é uma estação com alta de atendimento médico-hospitalar por conta dos sintomas como corrimento nasal, febre, tosse, cansaço e falta de ar, entre outros. É com isso, que órgãos tem incentivado campanhas para proteger o público idoso contra o vírus sincicial respiratório (VSR), conhecido por causar doenças respiratórias graves. A medida pode evitar o agravamento da VSR em maiores de 60 anos, bem como a necessidade do uso de oxigênio e, algumas vezes, suporte ventilatório em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
A doença do trato respiratório inferior, causada pelos subtipos VSR-A e VSR-B, foi o segundo agente que mais causou internações por síndrome respiratória aguda grave em idosos no Brasil, em 2023, sendo superado apenas pelo Sars-Cov-2, causador da COVID-19. De acordo com o epidemiologista do Hermes Pardini/Grupo Fleury, José Geraldo Ribeiro, alguns estudos mostram inclusive que há uma maior letalidade pelo VSR do que pelo vírus influenza neste grupo.
“Em decorrência disso, há vários anos são estudadas vacinas para o vírus com o objetivo de proteger os maiores de 60 anos de idade. Uma delas, foi licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e agora está disponível, por enquanto, apenas na rede privada. Como a vacina demonstrou eficácia por duas temporadas do vírus, a recomendação atual é que seja aplicada em dose única, em qualquer mês do ano, apenas para pessoas a partir de 60 anos”, explicou o epidemiologista.
Segundo o boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz, nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (23%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (57,8%) e Sars-CoV-2/COVID-19 (10,7%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (32%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (10,8%), e Sars-CoV-2/COVID-19 (53,9%).
Também de acordo com o Infogripe, o aumento médio das internações foi de 15% nas três primeiras semanas, em relação ao mesmo período do mês passado - principalmente por causa da internação de crianças de até dois anos, que cresceu 46%. Dos 27 estados brasileiros, 20 registraram alta. Em Belo Horizonte, por exemplo, pela alta demanda, na última semana de abril, a Prefeitura disponibilizou, em hospitais da rede Sistema único de Saúde (SUS)/BH, 73 leitos hospitalares específicos para o atendimento de crianças com doenças respiratórias.
Vale lembrar que a Sociedade Brasileira de Infectologia está com uma campanha para que as pessoas entendam - ou relembrem –a importância de tomar as vacinas. Atualmente, para proteger contra doenças respiratórias, existem as vacinas da gripe e pneumocócica.
O epidemiologista José Geraldo Ribeiro responde algumas perguntas sobre o vírus sincicial respiratório e sua vacina.
O que é vírus sincicial respiratório (VSR)?
O VSR é um vírus Rna que existe como dois subgrupos antigênicos, A e B, que podem circular juntos durante a mesma estação. Causa quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas é mais conhecido por causar doenças respiratória em bebês e crianças. No entanto, é um dos maiores responsáveis por internações por doenças respiratórias em maiores de 60 anos de idade. Entre os sintomas da doença estão o corrimento nasal e febre - os quais começam três a cinco dias após a infecção. O quadro pode evoluir para formas graves de acometimento respiratório.
Ele circula durante todo o ano?
Sim, mas a maioria dos casos geralmente ocorrem no inverno e no início da primavera. Nas Regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, a maioria dos casos acontecem entre os meses de março e julho; na Região Sul entre abril e agosto. Já na Região Norte, o maior número de casos acontece entre fevereiro e junho.
Qual o tratamento?
Infelizmente não há nenhum medicamento que combata diretamente o vírus. Mesmo os casos graves são tratados com recursos para manutenção da vida (hidratação, oxigenação, respiradores e outros).
Qual o cenário do quadro grave da doença no Brasil?
A Vigilância Epidemiológica do Brasil detectou a ocorrência de cerca de 640 casos graves da doença em internados - em 2023. Esse número é certamente maior, já que nem todos os hospitais fazem parte dessa rede de notificações. Dependendo das condições de saúde prévia do paciente, o percentual de óbitos chega a superar àquele dos casos de gripe (influenza).
Como é feita a imunização com a nova vacina?
Ela é feita em uma única dose por via intramuscular profunda. Ainda não foi demonstrada a necessidade de reforços. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacina aos maiores de 60 anos, em qualquer mês do ano.
Ela pode ser aplicada no mesmo dia com outras vacinas?
Foi estudada a aplicação no mesmo dia que a vacina influenza (gripe), não tendo ocorrido diminuição importante da produção de anticorpos nem aumento relevante de eventos adversos. A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm) recomenda, portanto, a aplicação no mesmo dia dessas vacinas. Em relação a outras vacinas, o médico deve avaliar a necessidade da aplicação simultânea.