Apontada como uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo, o glaucoma é uma doença intraocular silenciosa que provoca lesões no nervo óptico e como consequência, o comprometimento visual. A enfermidade pode afetar até 2,5 milhões de brasileiros com mais de 40 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira do Glaucoma (SBG). Ainda segundo a entidade, 70% dessas pessoas não sabem que têm a doença.

Dados do Ministério da Saúde estimam que mais de 35 milhões de pessoas no país têm algum distúrbio que causa dificuldade para enxergar. Entre esses casos, ao menos 900 mil são diagnosticados com o glaucoma. No cenário global, o problema afeta mais de 64 milhões de pessoas, com idade entre 40 e 80 anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também projeta que, até o ano de 2040, esse número deve aumentar para mais de 110 milhões.

De acordo com os dados publicados pela BrightFocus Foundation, mais de 3 milhões de americanos vivem com glaucoma e o glaucoma de ângulo aberto é a forma mais comum. Um estudo da Mordor Intelligence mostra que o glaucoma custa à economia dos Estados Unidos cerca de 2,86 bilhões de dólares todos os anos em custos diretos e perdas de produtividade. Além disso, existem várias organizações nos EUA que estimulam a conscientização sobre o problema. 



 

O glaucoma é uma doença hereditária progressiva, que pode evoluir para perda total da visão em 80% dos casos, se não for tratado. Por isso, quando diagnosticado tardiamente, pode ser muito perigoso para a saúde ocular do paciente. Os números servem de alerta para os cuidados contra a doença, que atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos. O risco de desenvolver o glaucoma ainda aumenta conforme a idade, chegando a triplicar após os 70 anos.

 

Causas

O glaucomaé causado principalmente pela elevação da pressão intraocular. Essa pressão envolve parte anterior dos olhos, que produz um líquido chamado humor aquoso, preenchendo a parte da frente. Depois disso, o líquido deixa o órgão passando por canais situados na córnea e na íris.

 

O oftalmologista da Usisaúde, Silas Franco, explica que quando esses canais são obstruídos ou danificados, a pressão intraocular pode subir. “Esse aumento pode fazer com que o nervo óptico sofra danos, que ainda podem ser progressivos, afetando o campo de visão gradualmente. Muitas vezes, a pessoa começa a ter dificuldades para se deslocar, pois a visão danificada atrapalha a enxergar obstáculos no caminho”, relata.

 

O médico também pontua que as causas exatas desse processo ainda não são um consenso, mas que há uma série de fatores conhecidos que podem influenciar, como uso de colírios dilatadores, medicamentos como calmantes, antiparkinsonianos, corticoides, drenagem no olho restrita ou bloqueada por inflamação ocular ou trauma ocular, problemas de circulação ou redução sanguínea no nervo óptico, diabetes e pressão arterial elevada.

 

Ainda segundo o especialista, a enfermidade é mais comum em alguns grupos de risco, exigindo cuidados ainda maiores contra a doença, tais como pessoas negras, portadores de diabetes, hipertensão e miopia, além daqueles que possuem histórico familiar do glaucoma.

 

Cuidados e tratamento

Por ser uma doença silenciosa, a melhor forma de prevenção é a consulta anual ao oftalmologista. Assim, é possível fazer uma avaliação completa da visão, permitindo um diagnóstico precoce e maior chance de um tratamento efetivo. “Os exames de diagnóstico vão analisar a estrutura dos olhos, o campo de visão e o nível da pressão ocular. A partir delas, o paciente poderá ser tratado conforme o tipo e a gravidade do glaucoma”, explica Silas.

 

Os quadros em fase inicial são tratados com uso de colírios ou laser, reduzindo a pressão intraocular e mantendo-a sob controle. Em casos mais avançados, pode ser necessária uma cirurgia para reduzir a pressão de forma mais significativa.

 

O especialista ressalta que ainda que a doença não tenha cura, as diversas formas de tratamento ajudam a controlar a perda de visão e a manter a qualidade de vida do paciente. “O tratamento é personalizado, planejado conforme uma série de fatores, como o tipo e a gravidade do glaucoma, idade, histórico familiar, estrutura da córnea, entre outros.”

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