Você certamente, quando pequeno, já teve um sapato maior que o seu pé com a premissa de “durar mais tempo”. Será que essa atitude comum de várias mães pode prejudicar o desenvolvimento das crianças? De acordo com a ortopedista do Grupo Prontobaby, Carla de Oliveira Alves Puell, apesar de não interferir na evolução, causa problemas. “Usar um calçado maior do que o pé aumenta o risco de quedas. Da mesma forma que um sapato pequeno, apertado, restringe o movimento, gera dor e incômodo. Se for utilizado por muito tempo, bloqueia o crescimento desse pé”, comenta a especialista.

Sobre o tempo ideal para realizar essa troca, Carla é categórica ao afirmar que isso não é igual a uma receita de bolo. “Vai depender do uso do calçado, se é diário ou esporádico. Uma coisa é o tênis que a criança usa para ir à escola todos os dias, outra é o sapato que usa só para passear, eventos específicos. Avalia-se a idade - quanto menor a criança, maior a velocidade de crescimento. Também devemos perceber o desgaste do sapato, porque tem relação com o material. Não existe um tempo padrão, temos que avaliar o sapato, individualmente. Opte pelos mais maleáveis e macios”, explica.





Para saber se esse calçado está incomodando os pequenos, deve-se acreditar no que eles dizem, já que muitos pais acabam considerando que é uma frescura ou que estão comentando apenas para ganhar um novo par, quando não é verdade. “É importante dar atenção para o que a criança fala, nunca achar que é besteira. A gente vê muitas mães que compram sapatos caros, de marca, e insistir porque não quer perder o valor pago. Não temos como sentir a dor do outro, então se a criança diz que está incomodando ou machucando, pronto. Em crianças que ainda não falam, o certo é observar se tem alguma área vermelhinha, alguma pressão para avaliar se o calçado incomoda”, pontua.

Leia: Exposição solar sem proteção também é fator de risco para câncer de boca

Para mães de meninas, que adoram sandálias, mas ficam na dúvida se elas podem atrapalhar na pisada das crianças, a ortopedista tranquiliza ao dizer que não existe diferença entre esses modelos e os sapatos fechados. “O ideal é ficar descalço, principalmente quando se está aprendendo a andar. Se for para usar sandálias, que sejam fechadas e fiquem firmes no pé. Chinelos nunca são boas opções, pois o pé fica solto no solado. Muitas mães têm a queixa de que o filho não consegue usar chinelo, mas o problema costuma ser do calçado. Ele é uma adaptação, tanto que os de crianças têm aquele elástico atrás, porque não acomodam, principalmente aquelas que estão aprendendo a andar”, comenta.

Com a chegada dos dias mais frios, a médica dá uma dica. “A melhor coisa é ficar descalço. Às vezes está frio e as mães têm o hábito de deixar as crianças de chinelinho, sapatinho, porque o chão tá frio. A melhor coisa é colocar meia antiderrapante, porque não vai prejudicar o desenvolvimento, não vai bloquear o movimento e, ao mesmo tempo, protege do frio. Ficar descalço fortalece a musculatura intrínseca do pé e permite que a criança sinta o contato físico com o chão."

compartilhe