Para quem já assistiu ou leu a sinopse do programa "Quilos Mortais", com 12 temporadas atualmente, já deve ter se perguntado como uma pessoa chega a esse nível de obesidade ou por que se deixou levar até este ponto? E o que surpreende alguns telespectadores é que muitos obesos só percebem que havia algo errado com o peso quando começam a sofrer consequências sociais e de saúde.

O presidente do Capítulo Paranaense da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, José Alfredo Sadowski, explica que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial. Sua progressão para a obesidade mórbida envolve uma combinação de influências genéticas, distúrbios psicológicos, distúrbios endócrinos, maus hábitos alimentares e falta de exercícios físicos. 

 


“A obesidade mórbida é resultado de uma complexa interação de fatores, incluindo também influências familiares, distúrbios alimentares como compulsão, problemas de saúde mental, alterações hormonais e metabólicas, escolhas alimentares pouco saudáveis e a falta de exercícios físicos. Todos são elementos que contribuem para o desenvolvimento dessa condição. Buscar o tratamento o quanto antes é fundamental para o controle da doença”, explica o cirurgião bariátrico.

 

Dados

 

Segundo levantamento da SBCBM, cerca de 33,4% da população brasileira é considerada obesa, com base em relatório produzido pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde. Isso equivale a aproximadamente 72,6 milhões de pessoas. A obesidade é classificada em três níveis:

  • Grau I (leve) - acomete 20,76% dos brasileiros (45 milhões de pessoas)
  • Grau II (moderada) reúne 8,31% da nação (18 milhões de pessoas)
  • Grau III (mórbida, índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m²) - que é o público mostrado no Quilos Mortais - atinge 4,41% da população nacional (9,5 milhões de pessoas)

 

Todos os pacientes grau II e III que possuam alguma comorbidade, entre outros quesitos, são elegíveis para a cirurgia bariátrica. Porém o cirurgião bariátrico José Alfredo Sadowski alerta para, apesar de bastante segura, a cirurgia fica mais complexa quanto maior o nível de obesidade.

 

“É importante que os pacientes entendam que a obesidade é uma doença crônica progressiva e que busquem ajuda e tratamento o quanto antes, não deixando chegar em estágios mais severos como os mostrados no programa da TV. Um tratamento precoce e adequado diminui bastante os riscos de complicações permitindo uma cirurgia bariátrica mais segura”, explica Sadowski.

  

Os riscos da superobesidade

 

A quantidade de gordura abdominal e o acúmulo de gordura no fígado são fatores que podem dificultar o acesso de instrumentos cirúrgicos até o estômago e intestino. O excesso de gordura também pode restringir a movimentação da respiração, gerando algum risco respiratório durante a cirurgia.

 

Por isso, para a maioria dos pacientes com níveis mais severos de obesidade, é indicado a perda de 5% a 10% do peso antes da operação. Em casos mais graves, algumas vezes são necessários outros tratamentos para se obter essa perda de peso antes da cirurgia, como o uso de medicamentos ou de balões gástricos.

 

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“Perder um pouco de peso antes da cirurgia pode fazer uma diferença significativa na segurança e na eficácia do procedimento. Por isso, a SBCBM preconiza que o tratamento pré-operatório leve em consideração mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, uso de medicamentos e até mesmo a utilização de outros recursos como os balões intragástricos, por exemplo”, comenta o cirurgião bariátrico.

 

Brasil  

Na nova versão do programa, "Quilos Mortais Brasil", é apresentado o personagem Marcelo Marques Gomes, de 43 anos, que chegou aos 202 quilos. No episódio, ele conta que era muito comum as pessoas o chamarem de “sem vergonha”, “relaxado” e que ele “comia demais”. Em seu relato, ele diz sentir o julgamento no olhar das pessoas e com isso, achou que nunca ia conseguir perder peso para a cirurgia. 

 

Já a Andrea, personagem de outro episódio, quase não percebeu que caminhava para a obesidade mórbida. Sem ânimo para muitas atividades, passou a ficar muito tempo na cama, sozinha, fazendo refeições. Passou a olhar-se pouco no espelho, até que começou a sentir as dificuldades da obesidade. Hoje precisa da ajuda do marido para atividades básicas, como lavar o cabelo e tomar banho. Quando solicita comida por um aplicativo, joga uma sacola para que o entregador coloque dentro e ela puxe com uma corda, por não conseguir mais descer as escadas do sobrado. Com um provável quadro depressivo associado, Andrea não percebeu para onde a obesidade estava chegando e sua única saída foi a cirurgia bariátrica.

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