Conhecer o próprio corpo confere mais autonomia às mulheres e pode ajudar a engravidar, principalmente por ajudar a entender o momento em que ocorre a ovulação, processo no qual os ovários liberam um óvulo maduro para ser captado pela tuba uterina. “Esse processo, que ocorre mensalmente, é mais fácil de ser previsto em pessoas que têm um ciclo menstrual regular. Na teoria, a ovulação acontece no meio do seu ciclo menstrual, então, em um ciclo confiável de 28 dias, ovula-se no 14º dia. Mas nem todas as mulheres ovulam exatamente 14 dias antes da próxima menstruação. Os ciclos têm durações diferentes e podem ter variações mensais, então é melhor pensar que você provavelmente ovulará quatro dias antes ou depois do ponto médio do seu ciclo menstrual”, explica o especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, Fernando Prado. Porém, para quem não tem um ciclo regular, depender apenas do calendário pode ser frustrante. Mas a boa notícia é que existem sinais que, apesar de não serem tão óbvios quanto a menstruação, podem ajudar a saber quando o óvulo está sendo liberado. Esses sinais incluem:

- Alterações na temperatura corporal basal: a ovulação pode elevar a temperatura do corpo de meio a um grau. “Mas, para notar essa mudança, é necessário um termômetro realmente bom. Além disso, é preciso conhecer e acompanhar sua temperatura corporal normal individual (medida no início do dia, antes de sair da cama). Caso contrário, essa alteração provavelmente passará despercebida”, diz o médico.





- Alterações no muco cervical: segundo Fernando, pouco antes da ovulação, é possível notar um muco cervical mais fino e escorregadio. Já após a ovulação, ele se torna mais espesso e menos perceptível. “Se você deseja engravidar, os dias em que o muco é fino e escorregadio são sua melhor aposta”, aconselha o médico. Mas o desafio é que nem todas as mulheres têm uma quantidade considerável de muco cervical, então, se você estiver nesse grupo, é menos provável que você note essas mudanças.

- Alterações no colo do útero: à medida que a ovulação se aproxima, a consistência do colo do útero ao toque muda, tornando-se mais dilatado e um pouco macio. Depois, parece mais “rígido”. “Essa mudança é sutil e difícil de sentir, então não é a principal maneira de saber que você está ovulando. Mas, se você estiver ultra familiarizada com seu corpo, isso pode dar pistas interessantes sobre quando ocorre a ovulação”, destaca.

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- Pontada na barriga: de acordo com o médico, uma pontada (dor) na parte inferior da barriga também pode ser um indício da ovulação. “Isso ocorre quando o óvulo é liberado pelos ovários. Mas nem todas as pessoas sentem essa pontada”, diz o especialista.

Dada a sutileza dessas alterações, basear-se nesses sintomas para prever a ovulação pode ser útil para algumas mulheres e completamente inútil para outras. Além disso, nem todas as pessoas recebem os mesmos sinais. Felizmente, existem outras maneiras de prever esse processo, por exemplo, por meio de kits de ovulação, semelhantes a testes de gravidez. “Esses kits verificam os níveis de um hormônio chamado de hormônio luteinizante (LH). O aumento desse hormônio é o que causa a ovulação”, diz o médico. Além disso, é possível também prever por meio de dispositivos de monitoramento da fertilidade. “Esses dispositivos leem seus hormônios, às vezes um tipo de estrogênio ou então o LH, geralmente por meio de um bastão em que você faz xixi, para indicar sua janela mais fértil. Alguns dizem em quais dias fazer o teste e indicam se é um dia de alta, baixa ou alta fertilidade”, detalha.

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Mas, uma vez identificada a ovulação, o que fazer com essa informação? De acordo com o médico, com base nesse dado, é possível estimar quais são os dias mais férteis. “Ao contrário do que muitos pensam, ovulação e dias férteis não são sinônimos. A ovulação é um evento – a liberação do óvulo – e não demora muito, cerca de 12 a 24 horas. Já os dias férteis são uma janela”, esclarece o especialista, que afirma que os dias mais férteis são os dois dias anteriores ou posteriores à ovulação. “Isso porque o espermatozoide pode sobreviver em seu corpo por três a cinco dias, enquanto um óvulo sobrevive apenas cerca de 24 a 48 horas depois de deixar o ovário. Então, o espermatozoide pode estar esperando que o óvulo seja liberado”, diz o médico. Portanto, quando a relação sexual é realizada até cinco dias antes da ovulação, ainda há chance de concepção.

Fernando Prado reforça que, quando a mulher está estimando os ciclos de ovulação há algum tempo e não engravida, vale a pena consultar um médico especialista em reprodução humana. “Além da ovulação ser um processo extremamente complexo e, por vezes, difícil de prever, existem uma série de fatores que podem interferir na fertilidade. E alguns casos podem ser mais sérios e urgentes, já que o fator tempo é preocupante, principalmente para mulheres após os 35 anos. Então, não hesite em buscar ajuda profissional”, aconselha.

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