Em função do Dia Internacional da Tireoide (25/05), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio do seu Departamento de Tireoide, lança uma campanha de esclarecimento com foco na doença ocular da tireoide, também conhecida como oftalmopatia ou orbitopatia de graves. A iniciativa visa informar a população sobre essa condição autoimune, suas causas, tratamentos e cuidados essenciais.
A orbitopatia de graves é uma complicação autoimune associada à doença de graves, caracterizada por uma inflamação e inchaço dos músculos e tecidos ao redor dos olhos. Essa inflamação resulta no deslocamento do globo ocular para frente, condição conhecida como exoftalmia, causando os conhecidos “olhos esbugalhados”. A condição pode surgir antes, durante ou após o diagnóstico de hipertireoidismo e pode variar de leve a grave.
"O que muitas pessoas desconhecem é que a doença ocular da tireoide pode se manifestar em diferentes graus de severidade e impactar significativamente a qualidade de vida do paciente", explica o endocrinologista Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM.
"A campanha deste ano tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre essa doença e incentivar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado", completa.
Os sintomas da orbitopatia de graves variam de leves à graves, incluindo:
- Exoftalmia (protusão ocular)
- Edema das pálpebras e tecidos ao redor dos olhos
- Vermelhidão e irritação ocular
- Dor nos olhos, especialmente ao mover
- Visão dupla
- Dificuldade em fechar completamente os olhos
O diagnóstico é feito com base na observação dos sintomas clínicos, histórico médico do paciente, avaliação da função tireoidiana e exames de imagem. "A identificação precoce é crucial para o manejo eficaz da doença", destaca Danilo.
Causa
A principal causa da doença ocular da tireoide é a resposta autoimune que também afeta a glândula tireoide. “Curiosamente, os anticorpos envolvidos atacam tanto as células da tireoide quanto as da órbita ocular, resultando na inflamação característica da condição”, explica o endocrinologista.
O tabagismo é um fator de risco significativo, agravando os sintomas e aumentando o risco de complicações. O especialista explica ainda que a doença possui duas fases distintas:
- A fase ativa, que pode durar de seis a 18 meses, quando ocorre a progressão da inflamação
- A fase crônica, que o ocorre quando o tratamento se torna mais complexo e os sintomas podem ser mais severos
O tratamento depende da gravidade dos sintomas. Medicações para reduzir a inflamação, controle do hipertireoidismo e, em casos graves, intervenções cirúrgicas são algumas das opções disponíveis.
"O controle adequado do hipertireoidismo é a primeira linha de defesa. Além disso, parar de fumar é fundamental para todos os pacientes, pois o tabagismo está diretamente associado à piora dos sintomas", ressalta Danilo.
A campanha da SBEM busca não apenas informar, mas também incentivar ações preventivas. Por todo o Brasil estão programadas ações de esclarecimento ao público. "Cerca de 80% dos pacientes apresentam formas leves da doença, enquanto 15% têm quadros moderados e 5% desenvolvem a forma mais severa. A conscientização é a chave para reduzir esses números e melhorar a qualidade de vida dos pacientes", destaca.