No Brasil, 80% dos casos de cegueira seriam evitáveis se fossem diagnosticados precocemente, e o glaucoma é a principal causa dessa condição no país. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 2,5 milhões de brasileiros vivem com a doença, que é crônica, progressiva e silenciosa. Um dos principais desafios do glaucoma é a sua natureza assintomática nos estágios iniciais, o que pode acarretar um diagnóstico tardio. “A doença pode se desenvolver durante meses ou anos silenciosamente, sem apresentar nenhum sintoma”, comenta o médico oftalmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Emílio Suzuki. “Quando o paciente passa a ter uma perda de visão e a esbarrar em objetos pela casa, é sinal de que a doença já está em estágio avançado.”


Principais sintomas


O primeiro sintoma a ser notado por pacientes é a perda da visão periférica, o que já indica o estágio avançado da doença. Depois, o campo visual vai estreitando gradualmente, até que o paciente tenha apenas uma visão tubular. Pacientes também relatam sentir diminuição da percepção de contrastes, dificuldade e lentidão para leitura, alteração na adaptação claro/escuro, além de vermelhidão nos olhos, aumento dos cílios, olho seco, entre outros.

 




 
“Por isso a importância de fazer visitas constantes ao oftalmologista. Com consultas e exames frequentes, é possível identificar a doença em seu estágio inicial e começar um tratamento o quanto antes, evitando maiores danos à visão do paciente”, complementa Emílio Suzuki. Pesquisas mostram que 74% dos brasileiros visitam o oftalmologista apenas em casos de algum incômodo da visão, com mais de 30% revelando que nunca foram a esse especialista.

 
Impacto no dia a dia do paciente


“O glaucoma é uma doença que surge devido ao aumento da pressão intraocular, podendo atingir pessoas principalmente a partir dos 40 anos. Muitas vezes, a perda da visão é confundida com o avanço da idade. O paciente acredita que, se já não enxerga tão bem, é porque não é tão mais jovem, que é algo natural, mas isso é um mito. Todos têm o direito de enxergar plenamente, independente da idade que têm”, comenta.

 
Além dos sintomas, a doença também impacta a saúde mental de quem vive com ela. Dados mostram que 50% dos pacientes relatam sentir ansiedade em relação ao glaucoma e pelo menos 20% se preocupam em relação ao tratamento diário.

 

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Os reflexos do glaucoma também são percebidos na vida social e física do paciente: 30% relatam ter medo de quedas e 50% indicam perda na capacidade de leitura. Além disso, outros números demonstram que 25% perdem a confiança de sair de casa sozinho, com 30% alegando perda de independência por conta da patologia. Alguns pacientes (35%) também contam que deixaram de fazer atividades físicas ou praticar esportes, assim como 40% têm a habilidade de dirigir afetada.

Tratamento


“Apesar de ser crônico e não ter cura, o glaucoma pode ser controlado, desde que o paciente receba o tratamento adequado e tenha acompanhamento contínuo”, explica o médico. Dentre as opções disponíveis, o paciente pode contar com o uso de colírios, medicamentos ou uso de laser.

 

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“Existem novidades no tratamento da doença hoje, com a possibilidade de uso de colírios, medicamentos e até mesmo procedimentos micro invasivos que auxiliam no controle da pressão intraocular, em que o médico consegue ter um domínio maior da progressão da doença e o paciente sente uma rápida melhora na qualidade da visão”, indica Emílio Suzuki.

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