Na última quarta-feira (22), Luana Piovani compartilhou nas suas redes sociais que sua filha, Liz, foi diagnosticada com parvovirose humana (ou eritema infeccioso), infecção viral causada por eritrovírus B19, depois de outros dois colegas de turma estarem com sintomas da doença. Conhecida popularmente também como a "doença da bofetada", ela apresenta sintomas parecidos com os da gripe, no entanto, sua principal característica são as manchas fortes avermelhadas nas bochechas.
O eritema infeccioso acomete principalmente crianças na faixa etária escolar, de acordo com a patologista clínica Natasha Slhessarenko, da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). A especialista complementa que a parvovirose pode infectar adultos e gestantes.
“É também chamada de quinta doença. Como ela afeta as crianças, então a transmissão é feita por gotículas do aparelho respiratório, por saliva. Essas gotículas, ricas em vírus, entram no corpo da criança, através das vias respiratórias, e ficam num período de incubação, que varia de uma, duas até três semanas”, explica.
Após o período de incubação do vírus, a pessoa infectada começa a apresentar os sintomas, geralmente entre cinco a 10 dias após o contato, segundo Natasha, que são:
- Febre
- Coriza
- Náusea
- Diarreia
- Vômitos
“O indivíduo também pode ser assintomático e estar transmitindo. Em cerca de dois a cinco dias após o início dos sintomas, surge então o exantema, que é essa vermelhidão nas bochechas. Por isso que é também chamada de ‘faces de bofetada’ porque parece que a criança tomou dois bofetes nas bochechas". Nos dias seguintes, vai evoluindo com o exantema mais reticulado, entremeado de pele normal e pele vermelhinha no tronco e nas extremidades.
Já em adultos, os sintomas se confundem com os mesmos da rubéola. “Dá muita artralgia, dor nas articulações. Em pacientes imunodeprimidos, pode haver uma dificuldade de ter uma resposta imune e eliminar estes vírus e ficar tendo reativações dessa doença”, destaca a patologista.
Essas reativações virais ocorrem com estímulos específicos como exposição à luz solar, exercício físico e estresse emocional. O hemograma desses indivíduos pode apresentar alterações também como baixa dos leucócitos e das plaquetas. A especialista ainda complementa: “Mas esse vírus tem um tropismo especial pelas células do sangue, então, por isso, ele pode dar anemia”.
Hidropsia fetal
A hidropsia fetal é uma condição de acúmulo de líquidos em dois ou mais tecidos, ou órgãos do bebê durante a gestação. Ela causa inchaço cutâneo, derrame pleural, derrame pericárdico e ascite. É uma doença muito grave, com tratamento difícil e pode levar à morte do bebê no início de vida ou levar ao aborto espontâneo. Uma das principais causas da hidropsia fetal é a infecção durante a gravidez pelo vírus da parvovirose.
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Outras complicações durante a gestação também podem levar a esse quadro, como a anemia grave da pessoa gestante. Vale ressaltar que o eritrovírus B19 causa essa doença no sangue. “Às vezes, é preciso até trocar o sangue do feto intra uterino porque ele desenvolve uma anemia e uma hidropsia fetal. Então, na gestante e no imunodeprimido, ele [vírus] pode dar um quadro um pouco mais grave”, alerta Natasha.
Diagnóstico e tratamento
“Com relação ao diagnóstico, como toda doença viral, o diagnóstico pode ser feito através da sorologia, então colhe-se sangue, e faz sorologia, IgG e IgM para a pesquisa de anticorpos contra esse vírus”, ressalta a patologista da SBPC/ML.
Ela ainda explica que a presença do anticorpo IgM garante uma infecção aguda e o IgG indica uma infecção com pouco mais de tempo de duração. “Além disso, pode ser feito também a pesquisa do DNA viral, através de técnicas moleculares de PCR. Isso é bastante importante e pode ajudar muito no diagnóstico. Mas é mais complicado.”
Já sobre o tratamento, não existe um remédio específico para a infecção, logo, os medicamentos são para melhorar os sintomas.
De acordo com a patologista clínica, é uma doença que não cura tão rápido. “Pode levar alguns dias até semanas, meses ou às vezes até anos. No paciente imunodeprimido, isso é mais característico. E lembro que na criança, ela fica boa, mas vai para o sol, tem um estresse emocional, a atividade física, e ela volta a ter essas manchinhas no corpo”.