As doenças digestivas são condições que atingem o sistema gastrointestinal, composto pelo esôfago, estômago, intestino delgado e grosso e reto. Por essa razão, os diagnósticos podem ser bastante diversos. Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, 20% da população mundial sofre com algum tipo de problema intestinal, e 90% dessas pessoas não buscam orientação médica, optando pela automedicação ou ignorando o problema. Manter a saúde digestiva em dia é essencial para o funcionamento adequado do organismo, uma vez que é por meio desse sistema que os nutrientes são absorvidos, distribuídos e eliminados do corpo.  

“No geral, as doenças digestivas mais frequentes entre os jovens incluem o refluxo gastroesofágico, a gastrite e a síndrome do intestino irritável. Nos adultos, observa-se uma prevalência maior da doença do refluxo gastroesofágico, úlcera gástrica e constipação intestinal”, afirma a gastroenterologista do Hospital Dia M’Boi Mirim I, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Julia Vieira Kuster.





A doença do refluxo gastroesofágico é uma condição em que o conteúdo do estômago volta para o esôfago, causando sintomas como azia, tosse seca e dor no peito. Ela é comumente causada pela má alimentação, sobrepeso ou obesidade e, em alguns casos, pela presença de hérnia de hiato. Por outro lado, a gastrite e a úlcera gástrica estão mais associadas ao uso de medicamentos que agridem a mucosa gástrica, como anti-inflamatórios não esteroides, e a infecção pela bactéria Helicobacter pylori.

"Os sintomas da gastrite incluem azia, sensação de queimação, dor no estômago, náuseas, inchaço abdominal e falta de apetite. Estresse, tabagismo e consumo excessivo de álcool também podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição, que pode surgir de forma aguda ou crônica no organismo”, explica a médica.

Já a síndrome do intestino irritável está frequentemente relacionada a uma alimentação inadequada, transtornos de ansiedade e depressão, além de um desequilíbrio da microbiota intestinal. Ela é caracterizada por cólica, desconforto abdominal, diarreia, prisão de ventre e gases. A constipação intestinal, por sua vez, na maioria dos casos, está associada à ingestão insuficiente de alimentos ricos em fibras e água.

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"No que diz respeito à alimentação, para evitar doenças digestivas, o ideal é seguir uma dieta rica em frutas, verduras e alimentos com alto teor de fibras, além de manter uma hidratação adequada. É recomendável evitar o consumo de alimentos gordurosos, ultraprocessados como bolachas recheadas e macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, refrigerantes e alimentos com alto teor de açúcar", ressalta.

O cuidado com a saúde mental também é uma forma de prevenir complicações e merece atenção, pois ansiedade e estresse podem potencializar alguns quadros, segundo a especialista. "Isso ocorre porque tanto a ansiedade como o estresse estimulam a secreção de certos hormônios e neurotransmissores que alteram a secreção gástrica e aumentam a sensibilidade da mucosa gastrointestinal, podendo contribuir para a sensação de dor, desconforto e má digestão. A estratégia mais eficaz é melhorar o estilo de vida e, se possível, contar com um acompanhamento multidisciplinar, incluindo psicólogos”, afirma Julia.

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É importante estar atento aos sinais do corpo, pois, em casos mais graves, é possível, ainda, desenvolver neoplasia gástrica ou intestinal. Nesses casos, entre os primeiros sintomas que devem acender o alerta estão perda de peso não intencional, anemia sem explicação, mudança repentina do hábito intestinal e presença de sangue nas fezes.

Embora todas essas doenças digestivas sejam as mais comuns entre jovens e adultos, é importante destacar que a maioria delas pode ser prevenida através de uma dieta equilibrada, prática regular de atividade física, rotina de sono adequada e evitando o uso desnecessário de medicamentos. “Ao perceber qualquer sintoma gastrointestinal, é fundamental procurar ajuda médica para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. Para isso, recomenda-se procurar a unidade de saúde pública mais próxima", recomenda a médica.

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