Dois casos de febre oropouche acabam de ser confirmados em Ipatinga, no Vale do Aço, conforme divulga a Secretaria de Saúde da cidade nessa quarta-feira (29/5). A doença, identificada no Brasil pela primeira vez na década de 1960, voltou a ser notificada em algumas regiões do país desde dezembro de 2023. É causada pelo vírus oropouche, um arbovírus (como se designa vírus transmitido por um mosquito) do gênero orthobunyavirus, e tem sintomas similares aos de outras arboviroses mais comuns, como dengue, zika e chikungunya.
Conhecido como maruim, borrachudo ou mosquito pólvora, o mosquito do gênero culicoides é o principal vetor de transmissão. O inseto se reproduz em locais alagados, como beira de córregos e cachoeiras, e onde há presença de matéria orgânica em decomposição, como madeiras podres, touceiras de bananeira e fezes de animais.
Diante das notificações, a secretaria salienta a importância de ter atenção aos sintomas e procurar atendimento especializado quando há suspeitas. A prevenção é ferramenta fundamental no enfrentamento da patologia para a qual não existem vacinas ou medicamentos antivirais específicos para o tratamento - o paciente é cuidado com analgésicos, antitérmicos, medicamentos para enjoo e reidratação, assim como há recomendação de repouso.
O secretário de saúde da cidade, Walisson Medeiros, apontou algumas medidas preventivas, como evitar lugares com muitos mosquitos, utilizar roupas que cubram a maior parte do corpo, aplicar repelentes nas áreas expostas da pele e manter a casa e arredores limpos, já que a muriçoca prefere águas sujas, indicou o secretário.
As semelhanças de sintomas com a dengue, zika e chikungunya incluem dor muscular, dor de cabeça, dor nas articulações, tontura, náusea e vômitos e diarreia. Também podem acontecer calafrios e febre de temperatura entre 38°C e 39.5°C. Geralmente, esses sintomas duram entre dois e sete dias. A similaridade entre as manifestações clínicas de outras arboviroses urbanas causa dificuldade de suspeita inicial pelo profissional de saúde e também dificulta a intervenção médica adequada para evitar a ocorrência de formas graves e, eventualmente, mortes pela doença.
Transmissão
De acordo com o Ministério da Saúde, existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença. O ciclo silvestre tem animais como hospedeiro do vírus, a exemplo de bichos-preguiça e macacos. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensise o Aedes serratus também podem carregar o vírus, sendo o mosquito culicoides paraenses o principal transmissor nesse ciclo. Já o ciclo urbano tem os humanos como mais importantes hospedeiros do vírus.
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Depois do mosquito picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece se multiplicando no inseto por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela. Mosquitos da principal espécie transmissora são comumente encontrados em ambientes urbanos e podem, ocasionalmente, transmitir o vírus oropouche aos humanos. Também acontece de o homem acabar se infectando acidentalmente ao entrar nas matas e pode levar a infecção para as cidades, mantendo o ciclo de transmissão. Não há registro de casos de transmissão de pessoa para pessoa diretamente.
O período de incubação do vírus é de quatro a oito dias, quando surgem os primeiros sinais. A manifestação dos sintomas costuma durar de cinco a sete dias, mas a recuperação total do paciente pode levar semanas.
Prevenção
De forma geral, as medidas de prevenção são as mesmas de outras doenças causadas por picadas de mosquitos: uso de repelentes, principalmente no início e no fim do dia, usar preferencialmente blusa de manga longa e calça comprida ao adentrar áreas de mata e beira de rios e usar telas e mosquiteiros em áreas rurais e silvestres.
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Quando se trata de eliminar os criadouros do mosquito, as ações envolvem evitar acúmulo de lixo, limpar terrenos, caixas d’água, cisternas, realizar vistorias para evitar água parada que propicie que os mosquitos depositem os ovos, entre outras.
O diagnóstico da doença é feito apenas por exame laboratorial através da coleta de sangue. Em alguns pacientes, não todos, o caso pode evoluir com quadro de meningite ou de encefalite (inflamação do cérebro). Quando os sintomas são tão intensos que não podem ser controlados com medicação sintomática em casa, é preciso procurar um médico.