O teste do pezinho identifica doenças raras de natureza metabólicas, genéticas e infecciosas, nos primeiros dias de vida dos bebês       -  (crédito:  Ricardo Borba/CB)

Diferentemente da triagem privada, a triagem pública (PNTN) é um programa de saúde, que realiza, além dos exames do teste do pezinho, o teste confirmatório

crédito: Ricardo Borba/CB

A Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo (SBTEIM) realizou, em abril, o II Encontro Nacional dos Serviços de Referência em Triagem Neonatal, na sede do Instituto Jô Clemente (IJC), em São Paulo, com o objetivo de se ter uma mostra do panorama atual da triagem neonatal, também conhecido como teste do pezinho, em todo o Brasil, no sentido de cooperar com o Ministério da Saúde na busca de soluções no que se refere à situação da triagem neonatal no território nacional. 

 

De acordo com a entidade, com raras exceções, os estados com bom desenvolvimento econômico, já estão ampliando o número de doenças pesquisadas na triagem neonatal pública. Diferentemente da triagem privada, a triagem pública (PNTN) é um programa de saúde, que realiza, além dos exames do teste do pezinho, o teste confirmatório, além de fornecer medicações e seguimento especializado por equipe multidisciplinar. Logo, o PNTN é tripartite, e não depende só da atuação do MS, depende também do engajamento dos gestores estaduais e municipais.

 


No relatório, há a indicação de que muitos estados iniciaram a ampliação de algumas doenças, uma vez que contam com o apoio dos governos estaduais e/ou municipais para o seguimento do paciente como um todo.


Coleta tardia


No entanto, no entendimento da presidente da SBTEIM, a endocrinologista Tânia Bachega, é preocupante o fluxo atual do PNTN nas regiões de menor desenvolvimento econômico, “em muitos estados do norte e nordeste, a cobertura não chega a 80% e a idade média da coleta da amostra neonatal também é tardia. Estes dados mostram a necessidade de um programa de educação continuada das gestantes sobre a importância de se submeter o bebê ao teste do pezinho, como também de fazê-lo na primeira semana de vida”. Na avaliação da presidente, os resultados tardios do teste do pezinho impedirão seu maior benefício que é evitar a instalação de complicações graves e irreversíveis.

 

Transporte com custo elevado 


Outro ponto apontado pelo relatório é a questão do acordo feito na pandemia com os Correios para o transporte das amostras, que determina que as amostras sejam enviadas por Sedex para os laboratórios cadastrados no MS. “Embora seja um meio de transporte eficiente e rápido, há que se lembrar o custo elevado deste transporte. Sabemos que muitos estados não conseguem arcar com este valor e tem mandado as amostras por motoristas.

 


Para estes municípios, as amostras têm demorado uma semana ou mais para chegarem ao laboratório de triagem, o que também corrobora para o diagnóstico tardio”, adverte a médica.

 

Distribuição deficitária 


O relatório ainda indica problemas frequentes de distribuição de medicamentos pelos estados de regiões carentes, haja vista que são frequentes os relatos da falta de fórmulas para pacientes com fenilcetonúria, e também falta de hidrocortisona e de fludrocortisona para pacientes com hiperplasia adrenal congênita (HAC), por exemplo.

 

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“Por fim, pedimos ao Ministério da Saúde que se publique os indicadores da triagem neonatal por estado, para que a população possa seguir. Fomos informados de que a gestão atual já se preocupa com esta ação”, conclui a presidente da SBTEIM.

 


Vale lembrar que as doenças inseridas no PNTN são frequentes e graves, e promover uma triagem neonatal adequada significa reduzir a mortalidade infantil e a incidência de deficiência intelectual grave, cujo impacto na qualidade de vida das famílias é imensurável, além da redução de custos de saúde para se tratar as sequelas no SUS.