Focar apenas no colágeno na tentativa de combater o envelhecimento facial pode gerar frustração com os resultados, pois essa não é a única estrutura afetada pelo envelhecimento -  (crédito: Freepik)

Focar apenas no colágeno na tentativa de combater o envelhecimento facial pode gerar frustração com os resultados, pois essa não é a única estrutura afetada pelo envelhecimento

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Estímulo e poupança de colágeno são termos populares entre quem busca estratégias para combater o envelhecimento facial. Nunca se falou tanto sobre a chamada proteína da juventude. Mas essa fixação na ideia de estimular colágeno para rejuvenescer faz sentido? Simplesmente melhorar a produção e qualidade dessas fibras já basta para diminuir todos os sinais do envelhecimento?

 

“O problema de reduzir o envelhecimento facial ao colágeno é ignorar a natureza multifatorial desse processo. Essa obsessão pelo colágeno cria a impressão de que investir somente em procedimentos e estratégias para estimular a produção dessas fibras é suficiente para reverter ou impedir a progressão de envelhecimento da pele”, explica a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Ana Maria Pellegrini.

 

 

Essa ideia simplista gera uma expectativa irreal nos pacientes, que passam a crer que o estímulo de colágeno é uma fórmula mágica para o rejuvenescimento. “Não é incomum que os pacientes cheguem ao consultório com reclamações relacionadas à realização de tratamentos estéticos para estimular colágeno que não produziram os resultados esperados no combate aos sinais do envelhecimento”, diz a médica.

As fibras de colágeno desempenham, sim, uma função importantíssima na beleza e saúde da pele e são fundamentais para uma aparência jovial do tecido cutâneo. “O colágeno confere suporte estrutural para a pele, mantendo-a íntegra e firme. Mas, com o envelhecimento, há uma queda natural na produção e qualidade dessas fibras, que também são prejudicadas por fatores como exposição excessiva ao sol, poluição e tabagismo”, ressalta a dermatologista, que explica que procedimentos como o ultrassom microfocado e os bioestimuladores de colágeno melhoram a produção e a qualidade dessas fibras, assim combatendo flacidez e rugas. “Além disso, também atuam de maneira preventiva ao criarem uma poupança dessas proteínas da juventude, o que minimiza a perda relacionada ao processo de envelhecimento”, destaca.

 

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Mas, para garantir um rejuvenescimento realmente eficaz e, acima de tudo, natural, é importante, muitas vezes, ir além do estímulo de colágeno. Por exemplo, os preenchedores injetáveis de ácido hialurônico, apesar de todo o estigma que carregam devido à popularização da harmonização facial, também são grandes aliados em protocolos de rejuvenescimento, já que podem repor o volume facial perdido com o passar dos anos.

 

“O volume proporcionado pelos compartimentos de gordura presentes na face também é responsável por sustentar o tecido cutâneo. Mas, devido ao processo de envelhecimento, há uma diminuição desses compartimentos de gordura, que é ainda maior quando associada à variação significativa do peso corporal, resultando em uma queda dos tecidos do rosto”, explica Ana Maria Pellegrini.

 

Então, nesses casos, não basta apenas estimular colágeno, é preciso repor esse volume perdido, papel que os preenchedores injetáveis cumprem de maneira eficaz. “Além da gordura, outro fator que prejudica a sustentação da pele é a reabsorção óssea que ocorre com o envelhecimento, o que também faz com que algumas regiões percam projeção, como as maçãs do rosto, assim afetando o contorno e a harmonia da face. Nesses casos, o preenchimento de ácido hialurônico também pode ser usado”, acrescenta.

 

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Além do colágeno, outros componentes importantes da pele também sofrem alteração com o processo de envelhecimento, como a elastina, responsável pela elasticidade do tecido cutâneo, e o ácido hialurônico, que contribui com a sustentação e hidratação da pele. “A elastina e o ácido hialurônico também têm sua produção afetada com o passar dos anos. Mas é possível estimular a síntese dessas substâncias pelo organismo com aplicações do biorremodelador facial. Trata-se de um ácido hialurônico de alto e baixo peso molecular que não confere preenchimento, mas, sim, espalha-se pelas camadas da pele para estimular as células a atuarem de maneira mais eficaz na produção de ácido hialurônico, colágeno e elastina. Assim, promove melhora significativa da qualidade da pele, que adquire um aspecto mais hidratado, firme, elástico e com menos sinais do envelhecimento como rugas”, destaca a especialista.

 

Ana Maria Pellegrini ressalta que o mais importante é lembrar que, quando o assunto é rejuvenescimento, não existe uma receita milagrosa que pode ser replicada para todos as pessoas. “O estímulo de colágeno é, sim, extremamente benéfico e um grande aliado em protocolos de rejuvenescimento. Mas deve ser indicado caso a caso de acordo com o grau de envelhecimento e as necessidades de cada paciente, sendo muitas vezes combinado com outros procedimentos, como os preenchedores, a toxina botulínica, a radiofrequência microagulhada e os fios de sustentação, por exemplo, e sempre em associação com um estilo de vida saudável e uma rotina diária de cuidados com a pele. Então, para garantir resultados naturais e realmente satisfatórios, o mais importante é passar por uma avaliação com um dermatologista e ouvir atentamente às recomendações do médico”.