A mudança vai além do aumento do volume, pois alguns pacientes relatam uma melhora nas relações sexuais -  (crédito: Pixabay)

A mudança vai além do aumento do volume, pois alguns pacientes relatam uma melhora nas relações sexuais

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O ácido hialurônico tem se tornado um dos queridinhos dos adeptos de preenchimentos faciais e tratamentos de rugas, já que a substância, também presente no corpo humano, funciona como volumizador, hidratante e anti-envelhecimento. Porém, um estudo de sete anos levantou outro uso para a substância: o engrossamento peniano.


“Cerca de 40% dos homens dizem não estar satisfeitos com o órgão”, revela o cirurgião plástico Flávio Rezende, também professor do Instituto Lapidare e um dos autores do estudo junto com o urologista André Cavalcanti. Ele explica que a insegurança em relação ao pênis, tanto ereto quanto flácido, é a principal queixa dos pacientes, sendo que o desejo de ganhar confiança vai além dos homens que trabalham com conteúdo adulto.


“Temos tido adesão tanto de heterossexuais quanto do público gay, todos na faixa etária dos 35 aos 70 anos. O preenchimento peniano é uma alternativa não invasiva à cirurgia, cujo procedimento muitos temem por não ser reversível”, conta Flávio, que também tranquiliza os interessados, já que, se o paciente não se sentir satisfeito, pode receber o “antídoto” do ácido hialurônico: a enzima hialuronidase. “Nenhum paciente retornou para reverter”, expõe bem-humorado.


 

Mas a substância é a mesma utilizada na estética facial? Não. O cirurgião lembra que o estudo, realizado junto à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), analisou a densidade mais adequada para o procedimento peniano, além de analisar qual o melhor lugar para inserir o ácido. “O pênis é composto por várias camadas, sendo que inserimos o ácido hialurônico na base do órgão”, diz.


Flávio lembra também que ele e André começaram a se interessar pelo tema quando realizaram uma cirurgia peniana reparadora em um paciente que teve o membro queimado. Após a cirurgia, o paciente relatou um engrossamento do membro. Desde então, eles começaram a pesquisar outras formas não cirúrgicas que pudessem gerar o mesmo efeito, até encontrarem o ácido hialurônico.


Dor

Genitália de estátua renascentista

A insegurança em relação ao pênis, tanto ereto quanto flácido, é a principal queixa dos pacientes que procuram pelo procedimento

Reprodução


É necessária apenas uma sessão de 15 minutos para que o resultado seja percebido. A quantidade aplicada de ácido depende da anatomia e desejo de cada paciente. Para os sensíveis à dor, Flávio tranquiliza explicando que a técnica utiliza uma cânula para progredir sem traumatizar, sendo que, em aproximadamente um ano e meio, o paciente precisa voltar ao consultório para realizar a manutenção.


E com a mesma técnica, cujo valor gira em torno de R$ 12 mil a R$ 20 mil, também é possível gerar um volume no pênis para que ele não diminua de tamanho quando estiver flácido, permitindo maior visibilidade e menor retração do pênis - outra reclamação frequente entre os homens. “A insegurança em relação ao pênis flácido chega a ser maior do que em sua forma ereta, podendo ser vista quando um homem está de sunga, por exemplo”.


Mas a mudança vai além do aumento do volume, pois alguns pacientes relatam uma melhora nas relações sexuais, derivada do aumento da autoestima, mas também do atrito entre o órgão e a vagina. Após o procedimento, o paciente pode retomar suas atividades normalmente, como trabalhar e treinar, no entanto, para experimentar as mudanças, é preciso aguardar 48 horas para ter relações sexuais.


Perigo à vista


É evidente que nenhum procedimento está isento de riscos. A faloplastia não cirúrgica, outro nome para a técnica, pode ocasionar nódulos de curto a médio prazo, comuns no uso do ácido hialurônico. Outro risco é a alergia ao produto. “Algumas pessoas já têm conhecimento da alergia, pela experiência com procedimentos faciais”.


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Mas, além dos perigos consequentes do uso da substância, cabe ao paciente procurar o profissional adequado para aplicação e orientação. Pois, ainda que não seja um procedimento invasivo e cirúrgico, hoje o Brasil é um dos primeiros no ranking de procedimentos estéticos, fomentando a expansão de clínicas e espaços estéticos nem sempre administrados por especialistas. “A primeira turma que orientei [sobre a técnica] envolvia urologistas, cirurgiões e dermatologistas”, lembra Flávio.


  1. Neste novo universo estético da genitália masculina, homens, antes condenados por realizarem tais procedimentos, têm procurado também procedimentos mais invasivos. Conheça alguns:


  • Botox de bolsa escrotal: aplicação da substância para deixar a superfície menos enrugada
  • Lipo a laser de púbis: procedimento de retirada de gordura para deixar a haste peniana mais aparente
  • Escrotoplastia: remoção do excesso de pele da bolsa escrotal


Recomenda-se sempre a consulta a um especialista experiente para garantir a avaliação e execução seguras das técnicas para cada caso.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.