O cirurgião vascular e membro titular da SBACV, Josualdo Euzébio Silva, explica que o diabetes é o principal motivo para esse crescimento -  (crédito: Arquivo Pessoal)

O cirurgião vascular e membro titular da SBACV, Josualdo Euzébio Silva, explica que o diabetes é o principal motivo para esse crescimento

crédito: Arquivo Pessoal

A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) divulgou dados alarmantes sobre o crescimento no número de amputações,  causado por problemas não traumáticos, ou seja, acidentes, registrando um aumento de 65%, em um período de dez anos (2012-2022).

A base do levantamento foi os dados do Ministério da Saúde, apontando que mais de 31 mil cirurgias foram feitas, apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2022, uma média de 85 amputações diárias.

Os estados do Nordeste lideram o ranking de frequência, com Alagoas ocupando a primeira posição com uma elevação de 214%, seguido do Ceará. O terceiro e quarto lugar pertencem a estados do Norte, Amazonas e Rondônia.

 

 

O cirurgião vascular e membro titular da SBACV, Josualdo Euzébio Silva, explica que o diabetes é o principal motivo para esse crescimento. A Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que mais de 13 milhões de pessoas são portadores da doença, situação longe de ser controlada no país. O tabagismo, hipertensão arterial e a insuficiência renal crônica também ampliam essas estatísticas, sendo responsáveis pela outra metade das internações.

 



O problema surge da falta de cuidado dos diabéticos em manter a glicose regulada e, a pandemia, de certa forma, influenciou esse aumento, já que muitos deixaram de se consultar periodicamente. O resultado é o avanço da patologia, que ao longo do tempo, afeta os vasos sanguíneos, deixando-os mais frágeis, por comprometer a parede das artérias.

Uma condição já conhecida, originada do diabetes, é o pé diabético, que surge após o açúcar do sangue influenciar a capacidade de cicatrização do corpo, fazendo com que feridas não desapareçam com facilidade e, aos poucos, provoca a perda da sensibilidade, formigamento, dormência, dores, queimação e fraqueza nos membros inferiores.

O especialista alerta que o problema pode ser evitado, mas os cuidados têm de ser diários e minuciosos. Os pés devem ser examinados em local bem iluminado, a limpeza deve ser feita com água morna para evitar queimaduras, mantendo os pés sempre bem secos com auxílio de uma toalha macia. As unhas devem ser cortadas com tesoura de ponta arredondada ou alicate próprio, com o corte arredondado para evitar perfurações, a cutícula não pode ser retirada e a hidratação não pode ser feita ao redor das unhas e entre os dedos.

Os pés também precisam estar aquecidos com meias de tecidos naturais e sem costura, sendo protegidos, até mesmo, na praia ou piscina, com sapatos confortáveis, completamente fechados e que não apertem.

O pé diabético pode ser tratado e necessita de acompanhamento profissional para reabilitação e restauração da extremidade afetada. No entanto, caso não seja controlado, a única solução é a amputação do membro.

As informações da SBACV indicam também uma triste informação sobre pessoas que precisam ser submetidas à amputação: a menor chance de sobrevida. A estimativa é que 10% deles não sobrevivam aos primeiros 30 dias pós cirurgia e 30% não passam do primeiro ano, pela chance de desenvolver outras condições vasculares, como a trombose, devido à iminente redução da mobilidade.