Existem diferentes tipos de escoliose, porém, a mais incidente é a idiopática -  (crédito: Arquivo Pessoal)

Existem diferentes tipos de escoliose, porém, a mais incidente é a idiopática

crédito: Arquivo Pessoal

De hoje ao dia 24 deste mês, a Fundação Hospitalar São Francisco de Assis (FHSFA), em parceria com o movimento filantrópico Mude a Curva, vai organizar um mutirão de cirurgias de escoliose em pacientes que aguardam o procedimento na rede pública de saúde. A mobilização vai contar com 50 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, instrumentadores e maqueiros, que beneficiarão 25 pacientes com idades entre 15 e 25 anos.

 


Ana Luiza, a mais nova do grupo, tem 15 anos e, há três, convive com o diagnóstico da escoliose - deformidade vertebral que geralmente surge no início da puberdade e pode ser identificada por alterações no contorno das costas e coluna, além de desalinhamento dos ombros e diferenças na cintura e quadris.

 


Vaidosa, bem humorada e cheia de autoconfiança, a adolescente conta que a deformidade começou a impactar negativamente seu comportamento, como optar por roupas que disfarçavam a má-formação e o incômodo em usar biquíni. Com o crescimento, a curva ficava cada vez mais acentuada. Logo, ela e os pais, que moram em Conselheiro Lafaiete, iniciaram uma busca por acompanhamento ortopédico na cidade e em Belo Horizonte. Foi aí que a família encontrou um dos especialistas que integram a iniciativa.

 


“O Dr. Cristiano fez o pedido de exames e logo deu seu parecer: meu caso era cirúrgico. Aí ele chamou meus pais e nos informou sobre o mutirão, e que eu poderia ser uma das selecionadas”, relembra. Ainda sem ter certeza se seria escolhida, Ana Luiza ficou muito contente com a possibilidade porque para ela, sem dor, sua qualidade de vida iria melhorar.

 

                                        

Ana, de 15 anos, sofre há três anos com escoliose

Radiografia de paciente evidencia curvatura na coluna

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O diretor-técnico da unidade Santa Lúcia da FHSFA, Rodrigo Otávio Araújo explica que “após discussão dos casos, feita por uma equipe médica, os pacientes foram escolhidos”. Segundo ele, serão realizadas cerca de cinco cirurgias por dia. Ana Luiza realizará a cirurgia nesta sexta-feira (21), com entrada no hospital marcada para 10h.


Medo


Existem diferentes tipos de escoliose. Dependendo das particularidades de cada caso, recomenda-se exercícios supervisionados por um fisioterapeuta, o uso de um colete ortopédico ou ainda cirurgia: a artrodese da coluna. O procedimento promove a fusão das vértebras e é indicado quando o paciente apresenta curvas de 45 graus ou mais.

 


Na época, a mãe de Ana Luiza, Amanda Ferreira, não recebeu muito bem a notícia sobre a necessidade de um procedimento para corrigir a deformidade. “O especialista foi me explicando que, entre um raio-X e outro, havia tido um aumento na curvatura e que era melhor operar agora. Em um primeiro momento, fiquei assustada, como estou até hoje, mas a equipe me deu um suporte muito grande”, afirma.

 

Ana, de 15 anos, sofre há três anos com escoliose

Depois de pesquisar e conversar com equipe médica, Amanda entendeu a importância de tratar diagnóstico de sua filha, Ana, com cirurgia

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Mesmo que receosa, Amanda pesquisou a fundo sobre a cirurgia para entendê-la, e, hoje, comemora por terem encontrado a iniciativa, pois, do contrário, demoraria muito mais para operar a filha. “Fui trabalhando meu psicológico e estou confiante.” Segundo a equipe, a recuperação da adolescente deve ser observada com atenção durante os primeiros 15 dias. Destes, cinco serão de internação.


O que é escoliose?


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de seis milhões de brasileiros convivem com escoliose, uma doença que muitas vezes não é diagnosticada precocemente.

 

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Existem diferentes tipos de escoliose, porém, a mais incidente é a idiopática, cuja principal característica é o surgimento no início da puberdade. A escoliose idiopática não tem causas definidas, mas há forte influência genética, já que a incidência é alta em parentes diretos de pacientes com o problema, além de adolescentes do sexo feminino.


“O desafio é que muitas vezes essas adolescentes, não trazem queixa aos pais, utilizam roupas largas, o que retarda tanto a percepção do problema por parte da família como a procura por ajuda médica”, afirma Ricardo Acácio, cirurgião de coluna.

 

A ação é organizada pelo movimento filantrópico Mude a Curva, em parceria com a FHSFA e a empresa Medtronic, que atua no setor de tecnologia na saúde. . "É uma grande satisfação poder contribuir para uma ação tão importante como essa, que vai ajudar pacientes que esperam na fila do SUS pelo tratamento", destaca a vice-presidente da Medtronic no Brasil, Gisela Bellinello. O projeto é conduzido pelo Brazilian Spine Study Group (BSSG), formado por cirurgiões de coluna de diferentes regiões do Brasil, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo operar pacientes regulados pelo SUS com deformidades vertebrais. Minas Gerais é o sétimo estado a receber a ação.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.