Professora Jane Carmem:

Professora Jane Carmem: "Mudanças internas"

crédito: Ed Alves/CB/DA.Press

Letícia Mouhamad

 

Paz, concentração, equilíbrio e disposição! Esse é o guia para quem deseja iniciar no yoga, "um caminho para o autoconhecimento", como definiu Jane Carmem de Souza, 41 anos, professora de yoga . "A prática, por mais que seja feita em grupo, é uma vivência individual de profunda conexão, que transcende a atividade física e envolve principalmente um exercício terapêutico", completou a também bióloga e técnica em enfermagem. Derivada do sânscrito, a palavra yoga tem em sua raiz gramatical o significado de união; não por acaso, trata-se de uma prática que trabalha tanto o corpo quanto a mente. Hoje, celebra-se o Dia Internacional do Yoga.

 

Segundo a professora Lígia Amorim, 36, o yoga nasceu na Índia há cerca de 5 mil anos. Enquanto escola filosófica do hindu, buscava explicar o sentido da existência do ser humano e do universo. "Portanto, seu estudo e prática vai muito além das posturas em cima do tapetinho que costumamos ver, especialmente aqui no Ocidente. Envolve o corpo, a mente, as emoções e, em nível mais sutil, um despertar espiritual", explicou a profissional, que também é empreendedora e terapeuta ayurveda — medicina milenar focada no equilíbrio do corpo.

Democrático, o yoga pode ser praticado por todos. Algumas metodologias, porém, são mais voltadas a públicos específicos, como gestantes, idosos e pacientes oncológicos. Certas práticas também são direcionadas à população do sistema prisional, a pessoas em situação de rua e a estudantes. A duração das aulas varia conforme a técnica, mas tende a durar de 45 minutos a uma hora e meia.

Entre os benefícios do yoga, a professora Jane Carmem cita: redução do estresse; regulação dos sistemas nervoso, cardíaco, linfático, excretor, neuromuscular, esquelético, digestivo e respiratório; equilíbrio do sono; promoção permanente da sensação de bem estar; equilíbrio da produção hormonal; fortalecimento do sistema imunológico; alongamento muscular e relaxamento das tensões; aumento da capacidade de concentração e da criatividade; e melhora do humor. "Acrescento, ainda, o benefício mais importante, segundo os ensinamentos do pioneiro do yoga no Brasil, professor Hermógenes: 'Yoga é paz com a vida'", resumiu.

 

Cura

Praticante e estudante da filosofia do yoga há 19 anos, Jane conheceu a técnica quando ainda se preparava para um Teste de Aptidão Física (TAF), em uma academia. "A princípio, e na minha ignorância, comparei aqueles movimentos às artes circenses de contorcionismo", recorda. À medida que começou a praticar regularmente, os aprendizados e a vontade de se envolver aumentaram. "Muitas mudanças internas aconteceram comigo, inclusive na minha saúde, com relação à ansiedade, à depressão e ao controle oncológico. O yoga, para mim, significa cura", ressaltou a professora das técnicas Deha Yoga e Laya Yoga.

Para Aurete Pereira, 93, o yoga também foi uma mudança de vida. "Pratico há mais de 20 anos. Comecei por influência de colegas e, hoje, sou eu quem inspira outras pessoas idosas a iniciarem. Se você me ver em aula, não vai acreditar na idade que tenho", garantiu. Isso porque, como aluna aplicada, ela não deixa de fazer nenhuma posição. "Mesmo com ajuda, ainda consigo virar de ponta-cabeça".

 

O melhor benefício, segundo Aurete, está na melhora da saúde. "O dia que eu não vou para aula, não me sinto bem. Por isso, tenho o meu tapete em casa para praticar quando não consigo comparecer a esse compromisso", disse ela, que faz aulas todos os sábados na Embaixada da índia, com a professora Jane. "Hoje, tenho mais disposição para o dia a dia. Lavo roupa, arrumo a casa e cozinho, sem problema algum. Quando estou com a pressão alta, é por conta dos exercícios de respiração que aprendi que consigo melhorar", completou.

 

Dona Aurete não perde uma aula de yoga na Embaixada da Índia
Dona Aurete não perde uma aula de yoga na Embaixada da Índia(foto: Jane Carmem)

 

 

Equilíbrio

Para a professora Lígia Amorim, o gosto pelo yoga surgiu aos poucos e durante um ano sabático na Ásia. "Confesso que, a primeira vez que pratiquei, não gostei. Minha mente estava acelerada e mantê-la no presente era desconfortável. Anos depois, dei uma segunda chance, me aproximando da cultura indiana, e nunca mais larguei. Toda força, equilíbrio e flexibilidade praticada nas posturas torna minha mente e minhas emoções também mais fortes, flexíveis e equilibradas", destacou.

Usar roupas leves e confortáveis; evitar acessórios, como brincos e colares; se possível, não beber água durante a prática; e estar em jejum por pelo menos duas horas são algumas orientações de Lígia para as aulas de yoga. Jane recomenda que se pratique os movimentos ao amanhecer ou ao entardecer. "Quando estabelecemos um horário na nossa rotina diária para praticarmos o yoga, consolidamos o respeito de ter um tempo de qualidade para nós", disse.