Participantes devem responder um questionário antes de realizar os exames  -  (crédito: Gen-t/ Divulgação )

Participantes devem responder questionário antes de realizar os exames

crédito: Gen-t/ Divulgação

Você sabia que com apenas uma amostra de material genético, é possível identificar a ancestralidade e os riscos genéticos para o desenvolvimento de doenças crônicas? Embora inovadores, os testes ainda não são acessíveis. Os valores podem ultrapassar R$ 1 mil, dependendo da quantidade de avaliações.


O Brasil, com sua rica herança de miscigenação, tem grande potencial para identificar as etnias que compõem sua população. No entanto, assim como no resto do mundo, onde 80% do material genético utilizado em pesquisas vêm de populações brancas e de origens europeias, a falta de iniciativas acessíveis também limita a descoberta de terapias e o rastreamento precoce de doenças.


"Até o século 14, éramos cerca de cinco milhões de indígenas de diferentes grupos linguísticos; os portugueses vieram, trouxeram outros povos europeus, além de seis milhões de africanos escravizados de diferentes regiões do continente. Assim, temos esses 500 anos de miscigenação que deram origem à população brasileira", explica a professora titular de genética humana na Universidade de São Paulo (USP), Lygia da Veiga Pereira.

 

 

Essas inquietações sobre o cenário brasileiro no mapeamento genético levaram Lygia a estudar, em 2017, artigos sobre genomas humanos e medicina de precisão — que integra dados utilizados para diagnóstico e tratamento ao perfil genético do indivíduo. As investigações resultaram na iniciativa “DNA Brasil”, em parceria com o Ministério da Saúde. Até 2023, foram sequenciados quatro mil genomas brasileiros. Hoje, o projeto segue sob a administração do órgão.


coleta de exame de sangue

'Temos 500 anos de miscigenação que deram origem à população brasileira'

Arquivo Pessoal

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Com essa experiência, a professora decidiu ‘tirar o chapéu’ de acadêmica para encarar o desafio de ser CEO da gen-t, lê-se 'gente', projeto liderado por cientistas, que está mapeando o DNA de 200 mil brasileiros para construir o maior banco genético da América Latina. O objetivo é reunir informações sobre ancestralidades indígenas, africanas e europeias para acelerar a medicina de precisão e melhorar a prevenção, o diagnóstico e a criação de tratamentos eficazes para doenças na população brasileira.

 

Para isso, a gen-t promove exames de sangue na população, incluindo hemograma completo, avaliação do colesterol e exames para diabetes, além de aferição da pressão arterial, mapeamento da frequência cardíaca e análise do índice de massa corporal (IMC) e da circunferência abdominal — tudo sem qualquer custo.


Iniciado no município de Vinhedo, interior de São Paulo, o projeto chegou a Minas Gerais, mais precisamente em Monte Sião, no Sul do estado. "No ano passado, coletamos esse material de 1.936 habitantes e, neste ano, estamos atendendo esse grupo novamente e abertos a novas inscrições. O objetivo é acompanhá-los durante cinco anos, com visitas anuais", relata Lygia. Até sexta-feira (28), interessados podem agendar a coleta no Centro da cidade. 

 

coleta de exame de sangue

A ação faz parceria com as prefeituras das cidades

Gen-t/ Divulgação

 

Os participantes devem responder um questionário antes da coleta para elaborar o banco de dados. "Estamos realizando a ação em parceria com a prefeitura de Monte Sião. Eles disponibilizam um espaço para consulta e coleta do material. Como a visita é anual, vamos entrando em contanto para ver um local", revela a CEO da gen-t. 


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"As descobertas do projeto podem se traduzir no desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes, específicos e inteligentes. E o melhor de tudo: este não é um benefício apenas para o indivíduo, mas para todos", afirma Lygia.


"O desafio deste ano é ir para outros estados. No ano que vem, já estamos programando ir a Salvador, Manaus e Manacapuru (AM)", celebra a professora, que conta que as cidades visitadas estão em um raio de dois quilômetros de São Paulo, sede da startup.


A docente explica que são aproximadamente 30 pessoas na equipe, incluindo profissionais de operações clínicas, como enfermeiros, e especialistas em tecnologia da informação (TI) para captura e análise de dados. Nesse contexto, a equipe segue todas as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) para proteger os dados dos participantes.


Serviço

Sequenciamento genético

Onde: Galeria Serra - Rua Maurício Zucato, 95 - Centro, Monte Sião

Quanto: até 28 de junho 

Site para agendamento: https://gen-t.science/agendamento/ 

* Os exames são gratuitos

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.