A apneia obstrutiva do sono (AOS) está associada a um risco 63% maior de diabetes tipo 2 e 30% maior de hipertensão -  (crédito: jcomp/freepik)

O sono exerce um papel fundamental na qualidade de vida, e a diminuição ou ausência dele, acarreta no aumento do número de doenças e maior risco de mortalidade

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72% dos brasileiros sofrem com distúrbios do sono, aponta o levantamento feito pela Fiocruz, realizado durante o ano de 2023. Dentre os problemas mais comuns: a insônia lidera o ranking, seguida da apneia do sono.

 

“O sono exerce um papel fundamental na qualidade de vida, e a diminuição ou ausência dele, acarreta, além de diversos danos ao corpo e a mente, no aumento do número de doenças e maior risco de mortalidade”, explica Cintia Felicio Rosa, otorrinolaringologista e especialista em sono do Hospital IPO de Curitiba (PR).

 

A insônia, conhecida como a manifestação em que há dificuldade em iniciar ou manter o sono, acomete 45% da população mundial. Já a insônia crônica, que ocorre mais de três vezes por semana, por um período maior do que três meses, é percebida em 15% da população. "Este é um dos problemas mais comuns que leva os pacientes a buscarem tratamento", revela a otorrinolaringologista. 

 

“A insônia também é, por estatística, mais observada em mulheres, por questões biológicas e sociais. Além das questões hormonais, que as torna mais pré-dispostas à condição, o público feminino também costuma acumular mais tarefas durante o dia, além de ansiedade e stress, que são grandes fatores causadores de insônia”, destaca.

 


Já a apneia do sono, condição caracterizada por interrupções repetitivas na respiração durante o ciclo de sono, pode ser mais facilmente observada no público masculino. “Fatores fisiológicos, hormonais e de estilo de vida fazem com que mais homens sejam diagnosticados com apneia”, comenta a especialista.

 

Mas os distúrbios do sono não param por aí: casos de sonambulismo, falar dormindo, sonolência excessiva, terror noturno ou despertar confusional também necessitam tratamento para que a qualidade do sono possa ser melhorada. “Observamos que cada distúrbio do sono acomete faixas etárias e gêneros específicos. Contudo, cada caso precisa ser avaliado individualmente para que a causa e o tratamento ideal sejam recomendados”, explica.


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A especialista também esclarece que nem todo tratamento necessita ser medicamentoso. “Antes de tudo, as pessoas precisam entender que não é normal não dormir bem. A insônia, por exemplo, pode ser tratada com terapia cognitiva comportamental (TCC), que são medidas que trabalham psico-educação, mudanças comportamentais, além da já conhecida higiene do sono. Mas claro, o diagnóstico ainda é necessário para que questões psiquiátricas possam ser descartadas”, destaca Cintia.

 

Já os distúrbios respiratórios, como a apneia do sono, necessitam avaliação para que seja entendida também a gravidade do problema. “Em alguns casos, além da mudança de estilo de vida, pode ser recomendado o uso de dispositivos que auxiliam na respiração ou até cirurgia para a desobstrução das vias aéreas”, recomenda. “Por isso é tão importante que cada caso seja avaliado individualmente, para que o plano de tratamento adequado seja recomendado”.