Obesidade é uma das consequências do confinamento social imposto pela pandemia
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Para 66% dos participantes, essa nova abordagem estimularia a procura por tratamentos e 63% se sentiriam mais incentivados a manter o tratamento

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Uma mudança na reclassificação do índice de massa corporal (IMC) pode aumentar o engajamento e a motivação de pacientes com obesidade durante o tratamento. Isso é o que revela a pesquisa inédita “Percepções sobre uma nova classificação do IMC”, que está sendo apresentada hoje (28) no Congresso Internacional de Obesidade 2024, em São Paulo. Amanhã (29), último dia de evento, haverá uma premiação e cerimônia de encerramento. 

 

A apresentação dos dados da pesquisa acontece durante o simpósio “Controlled obesity: a proposal of Abeso/SBEM based on weight trajectory”. O Congresso Internacional de Obesidade conta com mais de 122 aulas programadas, programação científica abrangente e diversificada, 56 palestrantes internacionais e 118 palestrantes brasileiros do mais alto nível científico. 

 

Segundo o levantamento realizado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), 82% dos brasileiros consideram a nova classificação útil para mudar a percepção sobre o tratamento da doença. Além disso, 74% acreditam que ela ajudaria a melhorar a autoestima, pois a perda de peso necessária para considerar a obesidade “controlada” seria mais alcançável.

 

 

A nova classificação da obesidade, sugerida pela Abeso em parceria com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), propõem que as metas de tratamento passem a ter como referência não mais o cálculo do IMC, mas a perda percentual do peso de cada paciente, aderindo aos termos "obesidade reduzida” ou “obesidade controlada", de acordo com o percentual de peso perdido, que pode variar de 5% a 15%, ou mais. Nesta classificação o enfoque passa a ser o peso máximo atingido em vida MWAL (Maximum Weight Attained in Life).

 

A proposta de reclassificação dos pacientes em tratamento para obesidade veio após os especialistas alertarem que uma perda modesta de peso, geralmente acima de 5%, já traz benefícios significativos à saúde, mesmo que o IMC final ainda indique obesidade, ou seja, superior a 30 (Kg/m2).

 

Principais resultados

 

Para 66% dos participantes, essa nova abordagem estimularia a procura por tratamentos e 63% se sentiriam mais incentivados a manter o tratamento.

 

A maioria dos entrevistados (74%) apoia a adoção da nova classificação nos tratamentos contra a obesidade, vendo-a como uma maneira de tornar as metas de perda de peso mais realistas, reduzindo o preconceito de profissionais de saúde. De fato, 77% acreditam que a nova classificação ajudaria a estabelecer metas mais realistas e 69% acham que poderia diminuir o preconceito dos profissionais de saúde contra pessoas com obesidade.

 

A maioria dos entrevistados (72%) afirma ter certeza do peso máximo que já atingiram na vida. No entanto, quase dois terços dos participantes nunca foram questionados por profissionais de saúde sobre esse peso máximo.

 

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Em termos de tentativas de perda de peso, quase a totalidade dos entrevistados já fez tentativas para emagrecer, sendo que pelo menos 60% afirmam ter tentado "muitas vezes”. O esforço contínuo é especialmente notado entre as mulheres. Apesar disso, a maioria relata que a perda de peso nas tentativas foi menor do que o esperado, com 61% considerando a quantidade perdida pequena ou insuficiente.

 

Apesar dos resultados positivos, ainda há desafios a serem enfrentados. Uma parcela significativa dos entrevistados (40%) nunca procurou ajuda médica para perder peso. Este dado ressalta a importância de campanhas de conscientização e apoio mais eficazes.

 

Para Bruno Halpern, presidente da Abeso e endocrinologista responsável pela apresentação da pesquisa no ICO 2024, a nova classificação pode mudar a forma como pacientes e profissionais de saúde encaram a obesidade. “Focar na melhoria da saúde através de perdas modestas de peso é uma estratégia mais realista e sustentável”, afirma.