O nariz fino, delicado e arrebitado sempre foi o sonho de consumo de muitas pessoas, principalmente nas décadas passadas, mas a geração Z iniciou um debate importante sobre o questionamento de um único padrão de beleza para o nascimento de vários – e tudo isso com base na identidade cultural de cada pessoa. Famosos deram mais peso ao tema, muitas vezes dando declarações que demonstram arrependimento. É o caso da modelo Bella Hadid, que passou pela cirurgia de rinoplastia aos 14 anos e é descendente de palestinos. “Eu gostaria de ter guardado o nariz dos meus ancestrais”, disse, em entrevista.
“A diversidade é uma das riquezas da experiência humana, e as diferentes culturas têm perspectivas únicas sobre a beleza e a identidade. Portanto, um nariz que pode ser considerado ideal em uma cultura pode não ser visto da mesma maneira em outra. É essencial que os cirurgiões plásticos considerem essas diferenças e trabalhem em estreita colaboração com seus pacientes para alcançar resultados que respeitem e celebrem sua identidade cultural”, explica o cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), Paolo Rubez. “Dito isto, temos que lembrar que a rinoplastia é um procedimento complexo e desafiador, porque é uma cirurgia que se resume a milímetros”, acrescenta o médico. Nas redes sociais, surgiu até o termo de "rinoplastia étnica".
A rinoplastia é a sexta cirurgia plástica mais realizada no mundo, com o número de 944.468 procedimentos realizados em 2022, segundo os últimos dados da ISAPS. O Brasil é o número um em rinoplastia no mundo, com 109.230 rinoplastias realizadas em 2022 – mais que o dobro dos Estados Unidos (45.166). “Sendo o Brasil um país miscigenado, é fundamental falar sobre isso”, diz o médico. “Através da rinoplastia, é possível corrigir assimetrias, reduzir ou aumentar o tamanho do nariz, afiná-lo e melhorar a proporção facial como um todo. Mas essas mudanças estéticas devem respeitar a identidade cultural do paciente, para proporcionar sensação renovada de autoconfiança”, complementa.
O médico explica que o perfil nasal ideal varia entre gerações e etnias, com a geração Z e a geração Y preferindo narizes mais longos com pontas menos rotacionadas. “Esta preferência por narizes mais fortes destaca uma mudança social e uma evolução do padrão de beleza ao longo das gerações, com foco num perfil de aparência mais natural."
Leia: Colágeno: obsessão por proteína da juventude basta para rejuvenescimento?
O debate sobre o assunto é importante, pois nada pode ser feito para corrigir o arrependimento, como no caso de Bella Hadid. “É fundamental conversar com o médico e que os cirurgiões plásticos reconheçam e respeitem a importância da identidade cultural dos pacientes que se submetem à rinoplastia. A cultura de um indivíduo influencia profundamente sua percepção de beleza, sua autoestima e até mesmo sua conexão com sua herança e comunidade”, salienta o especialista. “É importante que o médico entenda não apenas as preferências estéticas do paciente, mas também reconheça o contexto cultural que informa essas preferências.”
O médico destaca que os cirurgiões plásticos têm a responsabilidade ética de garantir que os pacientes estejam plenamente informados sobre os possíveis resultados da rinoplastia, levando em conta não apenas as considerações estéticas, mas também as implicações culturais e psicológicas do procedimento.
Leia: Fenol e morte em SP: a necessidade de apoio especializado em procedimentos
“A rinoplastia, quando realizada com sensibilidade cultural, pode ser uma ferramenta poderosa para fortalecer a autoestima e a confiança dos pacientes, permitindo-lhes sentir-se mais autênticos consigo mesmos. No entanto, quando a identidade cultural não é levada em consideração, existe o risco de que o procedimento possa resultar em desconforto e insatisfação. Portanto, é fundamental buscar um médico com histórico comprovado de resultados positivos e uma compreensão aprofundada das técnicas mais recentes”, recomenda Paolo Rubez.