Consideradas um dos maiores avanços da ciência, as vacinas são responsáveis por evitar, a cada ano, entre dois e três milhões de mortes por doenças preveníveis, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A imunização em massa é o motivo pelo qual diversas doenças graves e sem cura estão hoje sob controle ou foram extintas – sendo a varíola um dos casos mais emblemáticos. Ela foi a primeira doença para a qual foi criada uma vacina, como conhecemos hoje. Após matar quase 300 milhões de pessoas no século 20, foi oficialmente declarada extinta no mundo em 1984. Atualmente, há imunizantes contra várias doenças, como poliomielite, sarampo, caxumba, gripe, hepatite A e B, entre muitas outras.

 
Este domingo (9/6) é o Dia Nacional da Imunização, data que busca conscientizar a população brasileira sobre a importância de se vacinar, como forma de reduzir a mortalidade e as internações causadas por inúmeras doenças. “A vacinação é a melhor forma de erradicar doenças e conter a propagação de micro-organismos nocivos à saúde. Quem se vacina diminui as chances de contrair a enfermidade e ainda protege seus amigos e familiares, pois diversas doenças infecciosas são transmitidas por contato ou pelo ar”, pontua a médica infectologista, chefe do serviço de epidemiologia e controle de infecção hospitalar da Rede Mater Dei de Saúde, Silvana Barros.

 



 

Para ser criada uma vacina, em qualquer lugar do mundo, há um padrão internacional dos ensaios clínicos, que são rigorosamente seguidos, senão o fabricante não obtêm aprovação das agências reguladoras - no caso do Brasil, a responsabilidade é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essas etapas são distribuídas em fases e podem levar de 10 a 15 anos para se desenvolverem:

 

Fase um: a vacina é testada em laboratório, geralmente em animais ou células similares às de humanos, para verificar se é segura

Fase dois: testes de segurança são realizados em mais pessoas e procuram-se sinais de que a vacina está a produzir a resposta necessária no organismo

Fase três: o grande ensaio, envolvendo milhares de pessoas, para provar que realmente o imunizante protege as pessoas

 
No caso de uma epidemia da magnitude da COVID-19, por exemplo, as etapas puderam ser encurtadas porque, felizmente, já existia um estudo bem avançado para desenvolvimento de vacinas para outra doença causada por um vírus próximo ao SARS-CoV-2 (causador da COVID-19) e pelos avanços recentes no campo da biologia molecular aplicadas à produção de vacinas. Isso gerou na população mundial um grande receio sobre a segurança dos imunizantes, reacendendo movimentos antivacinação, que já existiam. Mais de 60% da população mundial – 4,2 bilhões de pessoas – recebeu pelo menos uma dose da vacina contra o coronavírus. De acordo com estimativas independentes, cerca de 6,5 milhões de vidas foram salvas apenas no primeiro ano de utilização.

 

Leia: Cinco vantagens de passar o Dia dos Namorados com sua ‘amizade colorida’



“A hesitação contra a imunização é uma prática antiga, ocorria mesmo antes da descoberta da vacina como a conhecemos hoje. No entanto, esse movimento ganhou força no fim da década de 1970, mesmo com os avanços obtidos e os resultados comprovados na redução drástica da incidência das doenças contagiosas. As redes sociais facilitam a disseminação de informações erradas sobre o tema, o que gera um prejuízo para a população”, avalia a infectologista.

 
As vacinas não causam doenças. Ao invés disso, elas ensinam o sistema imunológico a reconhecer e combater a infecção contra a qual foi projetado para proteger. Ao tomar uma vacina, algumas pessoas podem apresentar reações leves a moderadas, como estado febril ou dor muscular. Segundo explica a médica infectologista, esses sintomas não são da doença em si, mas a resposta do corpo à vacina.

 

Leia: Dentes envelhecidos antes do tempo: desgaste mais rápido que a idade

 
“As reações comuns que podem afetar mais de uma em cada dez pessoas e que normalmente melhoram em poucos dias incluem calafrios, cansaço e dores musculares. É raro descobrir que os problemas de saúde que ocorrem após uma vacina são, na verdade, causados pela própria vacina”, explica Silvana Barros.


Da infância à fase adulta

 

O calendário vacinal global geralmente começa na infância e é uma forma simples, segura e efetiva de proteger os pequenos contra doenças, antes mesmo de entrar em contato com elas. Os imunizantes agem no sistema imunológico, estimulando a produção de anticorpos e de células de defesa contra doenças específicas.


“Ao nascer, os bebês precisam ser estimulados a produzir defesas contra os microrganismos que estão no meio ambiente, para que não fiquem suscetíveis a contrair doenças que podem apresentar riscos, além de chances de complicações dessas condições, algumas gravíssimas e outras até fatais. De acordo com a OMS, atualmente existem imunizantes capazes de prevenir mais de 20 doenças extremamente perigosas, além de evitar cerca de dois a três milhões de mortes todos os anos por difteria, tétano, coqueluche, gripe, sarampo e outras”, acrescenta Silvana Barros.

Após a infância, ainda é importante seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e do Ministério da Saúde, para adolescentes, adultos e idosos (o calendário pode ser consultado no site da organização: www.sbim.org.br).

 

Entre os imunizantes recomendados estão: Influenza (gripe), HPV, COVID-19, hepatites A e B, vírus sincicial respiratório, febre amarela, pneumocócicas, herpes zoster (acima de 50 anos), tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) - dTpa -, VIP dupla adulto (difteria e tétano) – dT, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela (catapora), meningocócicas conjugadas ACWY ou C, meningocócica B e dengue.

compartilhe