Livro livro traduz a transição:

Livro livro traduz a transição da adolescência para a fase adulta: "O medo de voar está quase atrelado ao medo de cair":

crédito: Carlos Altman/EM

“O amor é uma mentira que contei a mim mesma antes de dormir”. Misto de cartas de amor e diário pessoal, o livro ‘Observador de pássaros’ da escritora estreante Júlia Alfa é um manual de sobrevivência. Em 53 páginas, a jovem autora, de 23 anos, expõe seus sentimentos mais íntimos e escancara a batalha da passagem da adolescência para a vida adulta - medos, ansiedade, depressão, escuridão, aceitação, sobrevivência e coragem. 

 


O texto impresso no prefácio traduz a transição: “O medo de voar está quase atrelado ao medo de cair. O medo esvai quando o lápis toca a folha de papel pela primeira vez e cria um mundo imaginário inundado por poesia, prosa e magia. "Observador de pássaros" é  um livro de poemas dividido entre as fases de ‘queda’ e de ‘voo’. Textos mais tristes são encontrados na primeira fase, e mais esperançosos na segunda…Neste meio tempo, as dificuldades em viver com a depressão, a ansiedade e autismo. Apesar dos desafios, a poesia não teme. Ela alça voo; ela cai. Ela explica o inexplicável, e recolhe-se na sua incompreensão… Ela baila continuamente como um pássaro que desbrava os céus, destemida”. 


Voo da alma

A jovem autora Júlia Alfa, de 23 anos, expõe no primeiro livro seus sentimentos mais íntimos

A jovem autora Júlia Alfa, de 23 anos, expõe no primeiro livro seus sentimentos mais íntimos

Arquivo Pessoal


Júlia Alfa é mineira de Nova Era, escreve, desenha e pinta desde criança. Formada em cinema pela PUC Minas, ela se sente atraída por roteiros e o modo de contar uma história na sétima arte. As questões sentimentais sempre foram emergentes o bastante para serem transformadas em palavras, numa folha de papel. Seja pela poesia, pela prosa ou por outro formato artístico, a habilidade de liberar as emoções de seu corpo está sempre presente.

“Minha relação com a depressão começou desde nova, quando eu tinha 14 anos. Tanto minha psicóloga quanto meu psiquiatra sempre me incentivaram a escrever, e eu posso dizer que é uma diferença enorme depois que você deixa as palavras te levarem como uma correnteza no rio. Nesse livro, existem poemas desde aquela época. A cronologia explora muito bem os momentos os quais eu me senti no fim do poço, sem acreditar que conseguiria me reerguer, me questionando o que fazer quando eu me sentia de tal forma. Mas então, no caminhar da minha luta com a saúde mental, eu continuei escrevendo. Acho que minha melhora fica visível nos textos, de quando eu deixei de enxergar tudo em preto e branco e comecei a ver as cores novamente", observa Júlia.


O livro ‘Observador de pássaros’, que será lançado nesta quarta-feira (3/7), no Minas Tênis Clube, em Lourdes/BH, teve o poder terapêutico na batalha de Júlia Alfa com ela mesma. Amor próprio é um sentimento que demora a ser sentido e mais ainda compreendido – o de saber lidar com uma dor que é só sua. Ao desnudar as fraquezas do corpo e da alma, a autora é capaz de mostrar para outras pessoas, que passam ou já passaram por picos de ansiedade ou depressão, que elas podem encontrar conforto por meio da arte, no caso, a poesia. Só quem viveu no quarto escuro e no vazio saberá dizer o caminho para abrir a porta e sair daquele lugar. Se for preciso, criar asas imaginárias e alcançar o voo cada vez mais rumo à felicidade. 

 

 

 

Minha maior inspiração com os poemas é e sempre fui eu mesma. Sempre fiquei fascinada com meus sentimentos, e escrever é uma forma de buscar entendê-los, tanto na queda quanto no voo. Nos meus piores momentos, no ápice da minha depressão, escrever era um refúgio. Quando estive mais feliz, escrever era um alívio. Em todo momento, eu sempre busquei a caneta - acho que é uma forma de eu compreender melhor tudo que sinto; ao vê-la no papel, se torna mais real”, emociona. 

 

 

Serviço


Observador de Pássaros

Lançamento: 3/7

Local: Minas Tênis Clube, Rua da Bahia, 2.224, Lourdes, Belo Horizonte

Horário: 19h

Editora: Caravana 


Saúde mental



O problema da depressão é global e afeta duramente a América Latina, onde, segundo as estimativas mais recentes do Unicef (braço da ONU para a infância), quase 16 milhões de jovens entre 10 e 19 anos têm algum transtorno mental. Isso equivale a 15% das pessoas dessa faixa etária. O aumento dos casos de depressão começou desde antes da pandemia. Há evidências associadas às redes sociais, de como a permanente comparação dos jovens com outros - tanto sua vida como seus corpos - aumenta problemas relacionados ao ânimo e à ansiedade.

Pesquisa divulgada no ano passado, aponta que o Brasil tem as mais altas taxas de depressão em toda a América Latina. Atualmente, é o país com o maior número de pessoas diagnosticadas com a doença na região, onde mais indivíduos receberam o diagnóstico. Esses dados são provenientes de uma revisão de estudos que mapeou a prevalência da doença no continente, conduzida por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Chile e publicada no The Lancet. Em média, cerca de 12% das pessoas na América Latina apresentarão a doença ao longo da vida, enquanto no Brasil esse número chega a 17%.



Fique atento aos sintomas da depressão

Os especialistas explicam que depressão não é sinônimo de tristeza, nem das flutuações naturais de humor. Vale prestar atenção se os sintomas costumam durar a maior parte do dia, quase diariamente e por algumas semanas. A doença afeta todos os aspectos da vida e pode ser classificada como leve, moderada ou severa.

Confira alguns dos sintomas, segundo a OMS:


- Sentimento de tristeza, irritabilidade, falta de prazer ou interesse nas atividades

- Falta de concentração

- Sentimento de culpa, falta de esperança no futuro

- Pensamentos sobre morte e suicídio

- Mudanças de peso e apetite

- Falta de energia e cansaço

- Prejuízos no sono


Onde buscar ajuda?

CVV - Centro de Valorização da Vida - 188 (ligação gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular)

www.cvv.org.br